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Produtos lácteos: benefícios para a saúde humana

ADRIANO GOMES DA CRUZ

EM 24/04/2020

6 MIN DE LEITURA

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Matheus R. S. Carmo1, Ramon S. Rocha1,2, Hugo Scudino2, Jonas T. Guimarães2, Celso F. Balthazar2, Erick A. Esmerino1,2, Jose Ricardo H. Lopes1, Marcia Cristina Silva1, Adriano G. Cruz1

1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Departamento de Alimentos
2 Universidade Federal Fluminense (UFF), Faculdade de Medicina Veterinária

Diversas evidências científicas, baseadas principalmente em estudos epidemiológicos, auxiliaram a esclarecer o papel da dieta na prevenção e controle da morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Além disso, a indústria alimentícia também contribui para o consumo de alimentos saudáveis, por meio da fortificação e produção de alimentos nutritivos e funcionais.

Os produtos lácteos representam uma importante fonte de proteínas, gorduras, micronutrientes, como vitamina D e cálcio, e podem ser adicionados de prebióticos e probióticos. Recomendações nutricionais de diversos países sugerem o consumo diário de três porções de produtos lácteos, como, por exemplo, um copo de leite, uma porção de queijo ou uma porção de iogurte, para a obtenção da ingestão diária recomendada de cálcio.

Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2), resistência insulínica e obesidade

Entende-se que um estilo de vida que inclua dieta e atividade física é crucial para a prevenção e tratamento da obesidade e do Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2). Contudo, produtos lácteos também podem ajudar a prevenir o desenvolvimento da doença, pois possuem alguns componentes que conferem efeito protetor, como cálcio, magnésio, vitamina D e as proteínas do soro do leite. O potencial efeito dos lácteos na prevenção de DM2 foi reconhecido em 2010 pelo Dietary Guidelines for Americans (DGA), no qual se recomenda o consumo de leite reduzido em gordura e produtos lácteos para indivíduos com idade acima de 9 anos.

A resistência insulínica e o DM2 são caracterizados por um baixo desempenho da função mitocondrial das células musculares e de outros tecidos metabolicamente importantes, como o fígado. Estudos recentes mostram que aminoácidos das proteínas lácteas, como as leucinas, podem combater a disfunção mitocondrial. Um estudo sugeriu que a fração proteica do leite, rica em leucina, possui propriedades anti-obesidade e promove melhorias nas consequências metabólicas. A suplementação deste aminoácido em um estudo conduzido com camundongos submetidos a uma dieta rica em gordura foi capaz de prevenir uma disfunção mitocondrial e desordens metabólicas nos animais.

O consumo das proteínas do soro do leite aumenta a liberação de hormônios como a colecistocinina (CCK), o hormônio peptídico intestinal (PYY), o peptídeo insulinotrópico (GIP), o peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) e a insulina que, por sua vez, promovem aumento da saciedade e redução da ingestão de alimentos. Um possível mecanismo para essa liberação é a produção de peptídeos bioativos que atuam como inibidores endógenos da DPP-4, prevenindo a degradação de GLP-1 e GIP. Além disso, os aminoácidos de cadeia ramificada presentes nessas proteínas, mais especificamente as leucinas, ativam a via de sinalização de mTOR, levando à expressão e secreção hormonal mais elevada.

Doenças Cardiovasculares

Algumas proteínas lácteas possuem sequências de peptídeos capazes de inibir a enzima conversora de angiotensina (ECA), auxiliando no controle da pressão arterial. Outro mecanismo pode ser explicado pela presença de cálcio nos produtos lácteos. De fato, o elevado teor de cálcio e lipídios nos produtos lácteos pode causar uma alteração positiva no perfil lipídico, pois estes constituintes promovem ligações químicas no intestino, resultando em compostos insolúveis que são excretados nas fezes. Outro mecanismo é a ligação do cálcio aos ácidos biliares, interrompendo a circulação e permitindo a remoção do colesterol circulante por meio da regulação dos receptores hepáticos de LDL.

Saúde renal

Estudos prévios mostram que existe uma relação inversa entre o consumo de produtos lácteos reduzidos em gordura e a probabilidade de desenvolvimento de albuminúria em indivíduos de diferentes etnias. Este dado elucida o efeito protetor destes alimentos na saúde renal, visto que a presença de albuminúria está relacionada à doença renal crônica. O papel protetor conferido pela vitamina D e a supressão do estresse oxidativo e do processo inflamatório sistêmico conferida por dietas ricas em cálcio, também podem explicar a contribuição dos produtos lácteos na proteção contra a doença renal crônica.  O maior consumo de cálcio de origem láctea está relacionado com um menor risco de incidência de cálculo renal, independente de idade, peso corporal e outros fatores de risco. Por outro lado, produtos lácteos ricos em probióticos podem contribuir ainda mais para a prevenção de cálculos, uma vez que esses microrganismos podem ser capazes de inibir o crescimento dos mesmos. Estes dados sugerem que a ingestão regular de produtos lácteos, funcionais ou não, pode contribuir para a redução da incidência de urolitíase.

Saúde óssea

A saúde óssea envolve uma complexa interação entre fatores genéticos, mecânicos, hormonais e nutricionais e o cálcio é considerado um importante nutriente para sua manutenção. Mais de 99% das reservas de cálcio encontram-se nos dentes e ossos. Dessa forma, um balanço positivo de cálcio é necessário para aumentar a densidade mineral óssea. Uma das formas biologicamente ativas da vitamina D é o colecalciferol (vitamina D3) que, por sua vez, pode ser sintetizada pelo corpo humano por meio da exposição solar, tendo recomendações diferentes de acordo com a idade, gênero, estado de saúde e condições climáticas. Considerando que os lácteos representam uma importante fonte dos nutrientes mencionados, seu consumo pode beneficiar o balanço da densidade óssea.

Saúde mental

A alfa-lactoalbumina é uma proteína presente no soro do leite e que possui alguns benefícios já conhecidos, sendo considerada uma boa fonte do aminoácido triptofano. Existe um relato da atuação da alfa-lactoalbumina na acentuação da síntese do neurotransmissor serotonina, possuindo efeito protetor contra doenças psiquiátricas como a depressão.

De forma geral, existem muitas evidências de que o consumo de produtos lácteos promove uma série de benefícios para a saúde humana, prevenindo doenças cardiovasculares, renais e metabólicas e promovendo a manutenção da saúde óssea e mental. Dessa forma, recomenda-se o consumo de produtos lácteos associado a uma alimentação adequada e um estilo de vida saudável.

Referencias

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