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Práticas sustentáveis para incrementar a produção de ovinos de corte no semiárido

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2011

6 MIN DE LEITURA

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A exploração agropecuária da região Nordeste do Brasil é amplamente afetada por fatores climáticos, dentre os quais, a precipitação pluviométrica e sua distribuição ao longo do ano destacam-se por serem determinantes na disponibilidade e qualidade da pastagem, com consequências marcantes na produção animal, especialmente de caprinos e ovinos (DANTAS et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2005).

A zona semiárida nordestina, que corresponde a 74,30% da superfície do Nordeste, apresenta um clima tropical seco, com uma estação úmida ou chuvosa anual de 4 a 6 meses, seguida por uma estação seca de 6 a 8 meses. A precipitação média anual gira em torno de 700 mm, no município de Soledade-PB a média observada no período de 1931 a 1990, ou seja um período de 60 anos, foi de 414 mm anual, conforme a Figura 1.

Figura 1 - Médias das precipitações mensais ao longo de trinta anos (1961 -1990) no município de Soledade - PB (Banco de dados do CPTEC/INPE).

Clique na imagem para ampliá-la.

A produção e disponibilidade constante de alimentos é um dos principais entraves a ser enfrentado para maximização da eficiência nos sistemas de produção animal inseridos em regiões áridas ou semiáridas. Dessa maneira, o uso racional da caatinga, bioma predominante no Nordeste do Brasil é uma estratégia viável (COSTA et al., 2009). Outra forma utilizada visando aumentar a produtividade dos rebanhos ovinos, no semiárido, tem sido a introdução de raças sul-africanas, como a Dorper e a Damara (Figuras 2 e 3), para serem utilizadas em cruzamentos com raças nativas.

Figura 2 - Ovinos da Raça Dorper (Fonte: Arquivo particular).



A raça Dorper é originária da África do Sul, através do cruzamento do Dorset Horn com o Cabeça Negra da Pérsia (Blackhead Persian). O cordeiro Dorper cresce rapidamente e alcança um peso elevado ao desmame, chegando a aproximadamente 36 kg na idade de 3-4 meses. Esta notável velocidade de crescimento só é possível devido à habilidade de pastar precocemente. Esta raça foi desenvolvida originalmente para as regiões mais áridas contudo, atualmente, está sendo criada em diversas regiões.

Figura 3 - Reprodutor da Raça Damara (Fonte: Arquivo Particular).



A raça Damara é uma variação da raça Africânder com as raças Namaqua e Ronderib. O Africânder, por sua vez, descende da raça deslanada Hotentote, que herdou a cauda gorda das ovelhas de rabo-largo do leste asiático e a cauda longa das ovelhas egípcias. A raça Damara, portanto, descende de ovelhas de pernas longas na região dos Hamitas no leste da Ásia e Egito, descendo depois para a Namíbia e Angola, onde ficou isolada por cerca de 3.000 anos sem receber qualquer influência exterior. O nome da raça é derivado da região onde originalmente foi encontrada (Gross Damaraland). Esses animais conseguem sobreviver em regiões de condições muito pobres, com carência de água e forragem, mas quando colocados em regiões melhores apresentam um elevado desempenho.

Oficialmente, chegou no Brasil apenas no final da década de 1990, por meio de importações comandadas pela EMEPA (PB). Atualmente, a raça já vem sendo distribuída pela EMEPA (PB) e alguns criadores já começaram a apresentar bons produtos nas exposições.

Embora as raças Dorper e Damara sejam originárias de regiões de clima quente, os programas de melhoramento devem levar em consideração seu comportamento às condições ambientais do Brasil. Em estudos realizados na Paraíba os autores concluíram que a raça Dorper pode ser utilizada em programas de cruzamentos com o rebanho Santa Inês, desde que medidas de manejo sejam adotadas para minimizar o estresse calórico do turno vespertino (CEZAR et al., 2004).

As principais vantagens do cruzamento de raças especializadas na produção de carne com as raças deslanadas podem ser observadas nos aspectos da adaptação obtida através das deslanadas e na melhoria e qualidade da carcaça que se espera das raças melhoradas. Na condição corporal gorda, cordeiros F1 (Dorper x Satunta Inês) apresentam, em relação ao Santa Inês, maior espessura de gordura subcutânea e carcaças mais bem acabadas (CARTAXO et al., 2009).
Bezerra e colaboradores (2011) avaliaram o comportamento fisiológico de ovinos, mestiços ½Dorper + ½SRD e ½Damara + ½SRD em relação às raças deslanadas Santa Inês, Cariri e SRD, em sistema extensivo, nas épocas seca e chuvosa no semiárido paraibano. O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Pendência, pertencente à Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA), localizada no município de Soledade - PB (Figuras 4 e 5).

Figura 4 - Os ovinos do experimento no sistema extensivo na época chuvosa, na caatinga.



Figura 5 - Avaliação das respostas fisiológicas dos animais ao estresse térmico.



Figura 6 - Ganho de peso médio diário (GPMD) dos ovinos Santa Inês, mestiços ½Dorper + ½SRD e ½Damara + ½SRD, Cariri e SRD, nas épocas seca (E1) e chuvosa (E2).



Os autores concluíram que todos os grupos genéticos estudados apresentam elevado grau de tolerância ao calor, demonstrando que os produtos de cruzamentos das raças Dorper e Damara com ovinos sem padrão racial definido (SRD), podem ser criados em sistema extensivo no semiárido.
O desempenho de todos os animais na época seca foi muito baixo, conforme pode ser observado na Figura 6. No geral, o ½ Dorper apresentou o maior ganho de peso em relação aos demais. Todavia, houve um aumento considerável do ganho de peso médio diário no período chuvoso para todos.

A disponibilidade quantitativa e qualitativa da fitomassa forrageira da caatinga na época seca foi fator limitante para a exteriorização do maior desempenho dos mestiços Dorper e Damara com SRD, contudo, durante o período chuvoso, com maior disponibilidade e melhor qualidade da forragem, os animais SRD apresentaram menor GPMD em relação aos demais. Tal fato sugere que quando o fator nutricional não é limitante, os demais genótipos apresentaram maior potencial genético para ganho de peso do que os animais SRD.

Assim, compreende-se que o cruzamento das raças Dorper e Damara com ovinos SRD pode ser uma alternativa viável para aumentar a produção de carne ovina com carcaças de melhor qualidade, no semiárido, utilizando o sistema extensivo na época chuvosa e o confinado na época seca, de forma sustentável.

Referências bibliográficas

BEZERRA, W. M. A. X. Comportamento fisiológico e características de carcaça de diferentes grupos genéticos de ovinos criados no semi-árido paraibano. 2008.58 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária de Pequenos Ruminantes) - Universidade Federal de Campina Grande, 2008.

BEZERRA, W. M. A. X. et al. Comportamento fisiológico de diferentes grupos genéticos de ovinos criados no semiárido paraibano. Revista Caatinga, Mossoró, v. 24, n. 1, p. 130-136, 2011.

CARTAXO, F. Q. et al. Características quantitativas da carcaça de cordeiros terminados em confinamento e abatidos em diferentes condições corporais. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 38, n. 4, p. 697-704, 2009.

CEZAR, M. F. et al. Avaliação de parâmetros fisiológicos de ovinos dorper, Santa Inês e seus mestiços perante condições climáticas do trópico semiárido nordestino. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 28, n. 3, p. 614-620, 2004.

COSTA, R. G. et al. Perspectivas de utilização da flor-de-seda (Calotropis procera) na produção animal. Revista Caatinga, Mossoró, v. 22, n. 1, p. 01-09, 2009.

DANTAS, A. F. et al. Características da carcaça de ovinos santa inês terminados em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação. Ciências e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 4, p. 1280-1286, 2008.

OLIVEIRA, M. M. F. et al. Parâmetros de conforto térmico e fisiológico de ovinos Santa Inês, sob diferentes sistemas de acondicionamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 9, n. 4, p. 631-635, 2005.

SANTOS, J. R. S. et al. Respostas fisiológicas e gradientes térmicos de ovinos das Santa Inês, Morada Nova e de seus cruzamentos com a raça Dorper as condições do semiárido nordestino. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 30, n.5, p. 1-6, 2006.

BONIFÁCIO BENICIO DE SOUZA

Professor Associado - UAMV/CSTR/UFCG, Bolsista de Produtividade do CNPq

WANDA MARIA DE ALENCAR XAVIER BEZERRA

TALÍCIA MARIA ALVES BENICIO

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RAFAELLE

MANAUS - AMAZONAS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/08/2011

eu quero saber os nomes da raça ovina exóticas que produz pele
BONIFÁCIO BENICIO DE SOUZA

PATOS - PARAIBA - PESQUISA/ENSINO

EM 27/02/2011

Prezada Cecília José Veríssimo,

Com relação ao estudo da resistência à verminose, tem um grupo aqui no nosso centro liderado pela Professora Ana Célia da UAMV/UFCG, provavelmente já tenha algum trabalho.

Muito obrigado por sua participação no FarmPoint. Aproveito para me colocar a sua disposição para o que precisar.

Att.

Bonifácio Benicio de Souza

CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

NOVA ODESSA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/02/2011

Olá Professor Bonifácio, tudo bom?
Alguém está estudando a resistência à verminose desses animais mestiços?
Abraços,
Cecília José Veríssimo

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