Entre os dias 12/09 e 14/09, na cidade de Tours, na França, aconteceu a 5ª edição da Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, importante concurso voltado aos apaixonados por queijos.
Com 46 países participantes e 940 queijos concorrentes, os queijos brasileiros se destacaram, conquistando 57 medalhas, sendo cinco super ouro; 11 de ouro; 24 de prata e 17 de bronze, ficando no segundo lugar geral do concurso, atrás apenas da própria França.
Com a organização da associação SerTãoBras, que trabalha em prol da valorização do queijo artesanal brasileiro, foram enviados ao concurso 183 queijos de 57 produtores. Participaram queijeiros dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Entre os queijos premiados, a empresa Laticínios Cruzília, localizada em Minas Gerais e pertencente à plataforma Ultra Cheese, ganhou 4 medalhas no concurso francês. Com os Queijos Santo Casamenteiro, A Lenda, Manto da Serra e Serra da Mantiqueira, conquistou as medalhas super ouro, ouro, prata e bronze, respectivamente.
Para Leandro Mesquita Furtado, Gerente Industrial da Cruzília, os principais diferenciais dos queijos premiados no concurso são seu modo de produção. “São produtos elaborados de forma única, cada um com sua formulação, utilizando fermentos especiais e buscando a otimização de sabores dentro das suas características individuais."
"São produtos artesanais, mesmo elaborados por uma indústria de laticínios. Todos são observados diariamente, com um controle da temperatura e umidade, respeitando o tempo de maturação para aprimorar suas características e peculiaridades," complementou.
Sobre o Queijo Santo Casamenteiro, medalha super ouro, Furtado relatou como surgiu a ideia de produzir um queijo diferenciado e exclusivo: "Esse produto surgiu da ideia do nosso Gerente do Empório Cruzília, Edson Leite, em incrementar o queijo Azul de Minas – que é outra exclusividade, para chamar a atenção dos compradores da loja de fábrica."
"Então, um dos sócios anteriores resolveu levar para dentro da indústria, fazendo adaptações e aprimorando o produto, tornando-o um queijo elaborado de forma artesanal, porém em escala industrial, conquistando vários prêmios nacionais e internacionais, de sabor inconfundível," finalizou.
Queijo Santo Casamenteiro, Fonte: Assessoria de Imprensa Laticínios Cruzília
O Queijo Maná ConCafé 30 Dias, dos produtores Marisa Alexandre Martins e Leomar Melo Martins, produzido no Sítio Aliança, pequena propriedade localizada no município de Santana do Itararé/PR também foi premiado com medalha de prata na 5ª edição da Mondial du Fromage et des Produits Laitiers.
Queijo Maná ConCafé 30 Dias, Fonte: Leomar Melo Martins
Leomar explicou que na produção do queijo Maná ConCafé utiliza-se o café gourmet oitenta e cinco pontos da Fazenda Três Meninas, de Abatiá/PR. Segundo o produtor, foram elaboradas três peças do queijo: duas com 60 dias de maturação e outra com 30 dias de maturação, sendo esta última a premiada no concurso francês.
Medalha de prata do Queijo Maná ConCafé, Fonte: Leomar Melo Martins
Segundo Leomar, o Maná ConCafé 30 dias é um queijo de leite de vaca Jersey com altos teores de gordura e proteína. “Ele é bem macio, a casca tem aquele gostinho de café, muito suave e por dentro a maciez do queijo. É um queijo bem saboroso, que derrete muito bem.”
Certificado Queijo Maná Com Café 30 dias, Fonte: Leomar Melo Martins
Os Queijo D’Alagoa-MG também foram premiados na França com os queijos Fumacê e Araucária, ambos com medalha de prata. O Queijo D’Alagoa-MG é um projeto idealizado por Osvaldo Filho em parceria com pequenos produtores de queijos artesanais do estado de Minas Gerais.
De acordo com Osvaldo, o Queijo Alagoa Fumacê, do produtor parceiro Mario Martins de Barros, apresenta como diferencial a defumação a lenha: “É um queijo extremamente aromático, ideal para ser servido como aperitivo ou com cervejas e/ou vinhos artesanais, para ocasiões especiais.”
Queijo Alagoa Fumacê e medalha de prata, Fonte: Osvaldo Filho
Já o Queijo Alagoa Araucária, do produtor parceiro Sô Bastinha, é uma novidade, desenvolvido este ano, sendo maturado por 30 dias na Morge de Pinhão. “Um queijo totalmente diferente do que já provamos: gosto intenso, derrete na boca e no final tem um leve amendoado,” destacou Filho. “O Queijo Alagoa Araucária será desenvolvido somente uma vez por ano, na época de Pinhão,” complementou.
Queijo Alagoa Araucária, Fonte: Osvaldo Filho
A Fazenda Santa Luzia, localizada em Itapetininga, no estado de São Paulo, que tem a marca "Queijos com Arte" também conquistou medalhas no concurso francês. Os Queijos Gregório, Fernão e Tropeirinho, conquistaram, respectivamente, as medalhas de ouro e duas de prata.
Para Martin Breuer, um dos responsáveis pelo projeto juntamente a Maristela Nicolellis, o grande diferencial dos queijos da Fazenda Santa Luzia são os queijos autorais. "A maioria dos nossos queijos são autorais e não seguem receitas tradicionais. Os três queijos que levamos à França se inserem neste perfil."
"Nosso trabalho se baseia no estudo dos processos bioquímicos e microbiológicos, sendo o conhecimento técnico a nossa linha-mestre. Assim, buscamos o equilíbrio entre processos naturais e controle de parâmetros para obtermos os melhores resultados," acrescentou.
Martin destacou que os queijos da Fazenda são elaborados com o leite da raça bovina Simental, originária dos Alpes Europeus, consagrada como uma das mais propícias para a produção de queijos artesanais, devido suas características.
De acordo com ele, o leite de Simental tem teores imbatíveis de sólidos totais, especialmente gordura e proteína, além das propriedades organolépticas reforçadas por uma alimentação rica em beta-carotenos. "Tudo isso tem uma importância enorme, uma vez que maximiza a economicidade, já que essa raça tem uma taxa naturalmente mais baixa de células somáticas, alta persistência leiteira e boa ordenhabilidade. Afinal, a rentabilidade é condição sine qua non [essencial] para que o nosso negócio seja rentável," finalizou.
Sobre as características dos queijos premiados, Breuer explicou que o Fernão é um queijo semiduro com maturação de 12 meses nas câmaras subterrâneas, intenso e picante, porém amanteigado.
Queijo Fernão e medalha de prata, Fonte: Martin Breuer
O Tropeirinho é queijo semiduro com maturação de 50 dias, amanteigado, sabor e odor suaves. Feito com leite de vacas Simental, tem casca coberta com cinzas selecionadas e é “vestido" com uma folha de capim-elefante presa com uma cinta fina de couro.
Queijo Tropeirinho e medalha de prata, Fonte: Martin Breuer
Martin explicou que o Gregório é feito com leite pasteurizado de vacas Simental, tem consistência macia e untuosa e o feno grego (Trigonella foenum-graecum) se faz presente tanto no odor quanto no sabor. A maturação é de um mês. "A mâitre fromager [mestre queijeiro] Maristela Nicolellis já havia experimentado queijos com feno grego anteriormente na França e se inspirou nessa experiência para a criação de mais este queijo autoral, um dos vários outros que fazemos."
Queijo Gregório e medalha de ouro, Fonte: Martin Breuer
"A casca do Gregório é formada por mofos naturais, refletindo a mágica inerente às nossas câmaras subterrâneas e cada peça vem decorada com um colar com um pequeno olho grego, dando um toque de personalização, característica presente em vários outros queijos de nossa criação," finalizou.
Como podemos observar, a tradicional e forte vertente queijeira do Brasil faz sucesso no país e no exterior. A Equipe do MilkPoint parabeniza todos os demais queijos brasileiros premiados na 5ª edição da Mondial du Fromage et des Produits Laitiers! Para conferir a lista completa dos queijos medalhistas, clique aqui.
E vocês, pessoal? Já provaram algum dos queijos premiados no concurso francês? Conta aqui nos comentários!
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