O queijo é um alimento milenar, com pelo menos 6 mil anos de existência. Sua origem é uma incógnita. Conta a lenda que o primeiro queijo foi obtido acidentalmente por um árabe, que saiu para cavalgar com uma bolsa cheia de leite de cabra. Ao final do dia, ele se deparou com uma grande surpresa, o leite havia se separado em duas partes: uma líquida, o soro e uma sólida, o queijo.
Desde então, o queijo caiu no gosto da população mundial e ganhou diversas versões e consumidores ao redor do mundo. Algo até em simples — coagular o leite — criou uma gama de oportunidades e diferenciação entre os produtos. Se a matéria-prima que deu origem ao queijo foi o leite de cabra, hoje é possível encontrar queijos elaborados a partir do leite de ovelha, búfala e de vaca, sendo este último predominante.
O processamento também passou por mudanças, garantindo as variadas opções do produto. Por exemplo, queijos com diferentes tempos de maturação; com adição de fermentos que promovem o desenvolvimento de aroma, sabor e textura; adição de fungos, como os queijos azuis e com mofo branco, e adição de especiarias. Tais características, entre outros aspectos, diferenciam os queijos finos dos tradicionais.
Os queijos tradicionais são mais comuns. Entre os exemplos mais conhecidos podemos citar a muçarela, queijo minas frescal e o prato. Já os finos são aqueles com maior agregação de valor, como os queijos maturados (parmesão, por exemplo) e os com adição de fungos (gorgonzola, brie etc).
É importante ressaltar que essa diferenciação não se limita apenas ao produto, mas reflete também em diferentes formas e hábitos de consumo, bem como na percepção dos consumidores. Esses fatores resultam em oportunidades e desafios distintos quando pensamos no mercado de queijos finos e tradicionais.
Para Maikel Grasel, Conselheiro da UltraCheese — plataforma de queijos e creme, detentora das marcas Cruzília, Lac Lélo, Búfalo Dourado e Itacolomy — primeiramente é preciso que as empresas entendam “que é o consumo que define o que você vai ter que fazer na sua cadeia,” para uma melhor leitura do mercado de queijos.
Sobre os queijos finos, Grasel destacou que “são mercados totalmente diferentes.” Para ele, o maior desafio é “tentar mostrar para o consumidor que o queijo fino não é um produto que deve ser consumido somente poucas vezes no mês ou ao ano.”
“O queijo fino tem essa pegada de ser algo mais nobre.” Então, a grande questão é “como você vai transformar o queijo fino mais consumível no dia a dia das pessoas? Atualmente, existem queijos finos que podem ser consumidos diariamente, até porque a questão dos custos também melhorou bastante nos últimos tempos com as tecnologias de produção,” permitindo um maior acesso a essa categoria de produto.
Em relação ao mercado de queijos tradicionais, Maikel destacou a muçarela, queijo mais consumido no Brasil, absorvendo o maior volume de leite produzido pelo país. Com uma ampla versatilidade de consumo, a muçarela é pulverizada tanto no canal de food service quanto para o consumo direto. Isso acarreta diferentes versões do produto.
“Marcas regionalizadas às vezes não produzem dentro das normas da inspeção federal, mas competem no ponto de venda (PDV). Então, isso é uma questão bastante complexa,” apontou o conselheiro.
Além disso, a muçarela é considerada uma commodity, sendo produzida por laticínios em todo país — de pequeno, médio e grande porte. Ou seja, seu mercado é marcado por uma enorme competitividade e concorrência, com nenhuma ou pouca diferenciação entre os produtos.
Neste ponto, Maikel destaca que a diferenciação é justamente o maior desafio e oportunidade. “Na minha visão uma forma de você se diferenciar na muçarela é entregar mais qualidade e conseguir comunicar isso para os clientes e consumidores.”
O custo é outro fator relevante apontado por Grasel, e em muitos casos produtos com preços mais baixos apresentam uma qualidade inferior. “O custo é muito importante sempre, e onde há oportunidade elas precisam ser capturadas.” Contudo, Maikel ponderou que “cada vez mais percebemos que empresas que optam somente por custo, aos poucos estão sendo retiradas do mercado.”
“Chega um momento que não é mais possível melhorar operacionalmente, porque a indústria já tem um nível de automação interessante e um grau de rendimento de produção, por exemplo. Então, o custo acaba sendo um círculo vicioso.”
“Então, na minha concepção, todas as empresas do nosso grupo se diferenciam pela qualidade.” Deste modo, Maikel ressaltou que “a nossa visão é diferente. Vamos tentar entregar mais valor para o consumidor, para justificar um preço mais alto que a concorrência.”
Neste contexto, Grasel pontuou demais fatores que auxiliam a competitividade da empresa neste mercado, considerando um produto de qualidade. “Aqui, eu diria que o que cada marca construiu, desde qual a sua história e os seus princípios. Se a intenção sempre foi levar qualidade para a mesa do consumidor, esse é um ponto que deve continuar sendo latente e muito forte.”
Podemos perceber que, além das questões relacionados aos custos e processamento, é preciso uma comunicação direta e objetiva com o consumidor para uma diferenciação e consolidação da marca no mercado de queijos, sobretudo no de muçarela. No caso dos queijos finos, o desafio não é menor. Construir uma outra narrativa e perfil de consumo sem dúvidas requer trabalho, estratégia e planejamento dos laticínios.
E você? Como se diferencia no mercado de queijos? A sua marca é consolidada e competitiva? Os consumidores optam em consumir os seus queijos mesmo frente a outras marcas com menor preço? E no food service, você entrega um produto com as características desejados por esse mercado? Quais são os desafios e onde você pode explorar oportunidades?
Para discutirmos mais sobre essas questões, bem como os desafios e oportunidades do mercado de queijos, Maikel Grasel será um dos palestrantes do Dairy Vision 2021, evento que há 7 anos reúne profissionais da cadeia láctea de toda a parte do mundo.
O Dairy Vision chega a sua sétima edição consolidado como o evento referência sobre tendências, comportamentos, oportunidades, desafios, mercado, tecnologia e novos negócios do setor lácteo global.
Este ano nos dias 17,18, 23 e 24 de novembro com um time de palestrantes de 11 países, distribuídos em 5 painéis, totalizando 30 palestras, vamos proporcionar aos participantes uma visão sobre o futuro da cadeia do leite do Brasil e do mundo.
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