A Dermatofitose é a principal infecção causada por fungos em bovinos. Os principais agentes envolvidos são Trichophyton verrucosum, T. mentagrophytes e Microsporum canis (esses dois últimos em menor escala).
Com a intensificação dos sistemas de produção, os rebanhos aumentaram de tamanho e um número maior de animais foi concentrado em áreas menores, ocasionando uma maior possibilidade da disseminação de doenças tais como a Tinea. Esta micose é considerada uma doença de rebanho.
A doença ataca principalmente bezerros abaixo de um ano de vida, estabulados em grupo. Animais imunodeprimidos, animais debilitados e magros podem também atuar como focos da infecção. Não há diferenciação da prevalência entre as raças e nem entre os sexos. Além disso, a dermatofitose é uma zoonose, podendo contaminar as pessoas que têm maior contato com os animais acometidos.
Instalações úmidas e escuras constituem um ambiente favorável para o crescimento do fungo. Por isso, os animais confinados têm uma maior predisposição a contrair, e disseminar a doença. Os esporos estão presentes não só na lesão, mas também em todo o pêlo do animal, nas ferramentas utilizadas no manejo, paredes da instalação, cercas, ou seja, em todos os lugares!
A principal fonte de contaminação é o animal infectado, mas os insetos (moscas) e a cama dos animais também disseminam a doença. O fato dos animais lamberem a si próprios e lamberem também outros animais, auxilia na disseminação. A doença pode entrar no rebanho através da compra de animais, durante o transporte de animais, em leilões e exposições.
Os esporos do Trichophyton verrucosum permanecem viáveis na pele por até quatro anos. Seu longo período de sobrevivência e as facilidades de contágio favorecem a proliferação da micose.
Geralmente, as lesões possuem uma distribuição irregular, as áreas mais afetadas são ao redor dos olhos, na fronte, orelhas, no pescoço, região lombar e cauda.
Na maioria das vezes, a lesão se caracteriza por áreas ovaladas de alopecia, com presença de crostas, podendo também ser encontradas pápulas, nódulos e úlceras. As lesões variam de 0,5 cm a 10 cm. Após a infecção da pele o fungo penetra nos folículos pilosos formando os esporos. A doença evolui em quatro estágios, sendo eles:
Estágio 01: Período de incubação, ocorre entre os dias 7 e 17 após a infecção. Neste período, há uma rápida multiplicação dos fungos.
Estágio 02: Ocorre entre os dias 14 e 28 após a infecção, nesta fase há uma reação da pele, os pelos sofrem autólise e caem.
Estágio 03: Ocorre entre os dias 28 e 49 após a infecção. Nesta fase ocorre o pico da inflamação, surgem lesões vermelhas e úmidas, e finalmente as crostas. Ocorre ainda a paraqueratose e acantose.
Estágio 04: Ocorre entre os dias 49 e 63 após a infecção. Nesta fase ocorre a regressão do quadro, as crostas caem e surgem os novos pelos.
Muitas vezes, a Tinea apresenta uma recuperação espontânea, mas o processo de cicatrização varia muito, podendo ocorrer em 3 semanas, e em outros casos, levar até 9 meses. Animais que se recuperam da infecção podem ganhar resistência à doença durante o período de um ano ou mais.
As lesões causadas pela Tinea são típicas e facilmente identificadas, mas a confirmação do fator etiológico só é possível através do exame microscópico e da cultura.
O material a ser enviado para análise:
- amostras de pêlos
- escamas da pele
* No caso de cultura, a área lesada deverá ser lavada com água e sabão antes da coleta.
O tratamento consiste na aplicação tópica de pomada à base de Tiabendazole (5 à 10%). Uma alternativa mais prática é aspergir os animais afetados com uma solução de Água Sanitária a 10% (o produto adquirido como Água Sanitária deve ser diluído em água, no intuito de se obter uma concentração de 10%). As lesões devem ser tratadas até a recuperação do quadro.
Para controlar esta micose nos rebanhos afetados, deve-se minimizar a densidade animal por lote, enfatizar a limpeza das instalações, a drenagem dos malhadouros e a sanidade dos animais (procurando dar maior atenção aos animais mais debilitados de cada lote)
Fonte:
Cutsem, J. V. et al., Mycoses in Domestic Animals, Saunders: Janssen Research Foundation, 1991. Cap.3, p.47-54.
Onde saber mais:
< a href=https://persephone.agcom.purdue.edu/AgCom/Pubs/VY/VY-56.html>< https://persephone.agcom.purdue.edu/AgCom/Pubs/VY/VY-56.html