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Silagem de colostro: vantagens econômicas em seu uso

POR LIBOVIS - UFRRJ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/06/2020

5 MIN DE LEITURA

3
10

Fernanda Vieira Galvão1
Nicole Luise Ribeiro Silva1
Ana Paula Lopes Marques2

1 Discentes e 2 Orientadora, Grupo de Estudos Liga de Bovinos - LiBovis

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ

A fase de cria das bezerras sempre foi considerada um desafio dentro do sistema de produção da bovinocultura de leite, devido seu alto custo sem apresentar retorno de curto prazo ao produtor. Um dos custos a ser considerado é o aleitamento dos animais que tendem a consumir uma grande quantidade de leite que poderia ser comercializado. Pensando nisso, profissionais e produtores começaram a buscar substitutos do leite que fossem baratos, de fácil manuseio e que apresentassem características nutritivas garantindo o desenvolvimento adequado das bezerras. Um destes tem sido a silagem de colostro e de leite de transição.

Colostro

O colostro bovino é a secreção da glândula mamária produzido desde as primeiras horas após o parto e por até cinco dias, apresentando diferenças importantes em relação à aparência e composição do leite, principalmente nas propriedades físico-químicas. Posteriormente, essa secreção passa por um período de transição em que gradualmente vai perdendo as características de colostro e se assemelhando ao leite integral.

O consumo do colostro é essencial para o desenvolvimento dos bezerros, tanto por ser um alimento rico em nutrientes, como pela transferência de anticorpos responsáveis por promover a imunidade passiva do neonato. A ingestão de colostro recomendada para bezerros neonatos é de 10% do seu peso vivo, ou seja, se um animal nasce com 30kg ele deve consumir cerca de 3 litros de colostro.

Armazenamento, o processo de formação da silagem de colostro

Foi observado que a maioria das vacas saudáveis produz quantidades de colostro acima da capacidade de consumo dos seus bezerros, resultando em desprezo do excedente pelos produtores, quando poderiam ser utilizados para outros fins. O colostro não tem importância comercial, mas pode ser utilizado na fase de aleitamento das bezerras e, para isso, deve ser armazenado de forma correta, para não gerar alterações físico-químicas e nutricionais ao produto.

Existem algumas formas de conservação do colostro como resfriamento, congelamento ou fermentação, sendo que para as duas primeiras é necessário maquinário como freezers ou geladeiras para conservar o produto, o que gera custo tanto na aquisição e manutenção dos equipamentos, como também pelo gasto de energia. A fermentação por outro lado, ocorre de forma anaeróbica à temperatura ambiente, podendo ser feita em garrafas de plástico de politereftalato de etilenotipo (garrafas pets), uma forma de armazenamento eficiente e de baixo custo.

Uma das várias preocupações em relação à silagem de colostro é com o risco de contaminação microbiana. Para evitar esse tipo de contaminação, deve-se armazenar colostro produzido por vacas sem histórico de mastite ou tratadas previamente com antibióticos, pois o processo de fermentação depende da formação de ácido lático por bactérias ácido-láticas e os resíduos de antibióticos têm impacto negativo sobre tais microrganismos. A utilização de material inadequado na armazenagem do colostro associada às práticas de ordenha não adequadas, impactam desfavoravelmente no processo, podendo resultar em contaminação com população bacteriana indesejável e consequente silagem de colostro inadequada para o consumo das bezerras.

Fornecimento da silagem de colostro

Em desequilíbrio ou com a presença de microrganismos não desejáveis, a silagem de colostro pode deteriorar e ainda, diminuir seu período de armazenamento, além de representar risco de distúrbios gastrointestinais nas bezerras.

Com intuito de evitar tais distúrbios, mais do que garantir uma silagem de colostro com as características adequadas, é necessário adaptar a bezerra a consumir o produto, ou seja, inserir o alimento de forma gradativa junto a dieta líquida da rotina, em vez de mudar drasticamente a alimentação do animal.

Assim como qualquer outro produto a silagem de colostro possui características físico-químicas ideais, como o pH, cujo ideal varia de 3,55 a 4,39. Nessa faixa, ocorre fermentação adequada, permitindo boa conservação com redução do crescimento de microrganismos indesejáveis (SAALFELD, 2008). Saafeld et al. (2012), observaram valores ótimos de matéria seca (17,91 a 23,32%), proteína (6,36 a 14,45%) e gordura (2,7 a 4,9%), constatando que após o processo de fermentação, os nutrientes presentes no colostro fresco foram mantidos.

É importante observar se houve alguma alteração durante o processo de fermentação, como dilatação da garrafa, alta produção de gases e odor pútrido. Essas alterações podem indicar a presença de enterobactérias, Staphylococcus spp. e fungos, além de concentrações inferiores de Lactobacillus spp., que são bactérias responsáveis pela produção de ácido lático e correta fermentação do produto final (GERASEEV et al., 2011).

Conclusão

A silagem de colostro pode ser considerada um alimento rico e de baixo custo, se apresentando como um bom sucedâneo a ser utilizado na alimentação de bezerras, proporcionando um desenvolvimento adequado das mesmas o que influenciará satisfatoriamente na reposição eficiente e com menor custo do rebanho. Contudo, é necessário ficar atento às práticas de manejo dentro da propriedade, aos animais ordenhados, à condição de saúde da bezerra e as características físicas e organolépticas da silagem de colostro quando pronta, tudo isso para evitar um resultado contrário ao esperado.

Fontes para consulta

ALBUQUERQUE, L. G. et al. Produção de leite e desempenho do bezerro na fase de aleitamento em três raças bovinas de corte. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 22, n.5, p. 745-754, 1993.

DE AZEVEDO, R. A. et al. Silagem de colostro: riscos microbiológicos e caracterização do pH em função do dia de coleta. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, v. 3, n.3, p. 271-276, 2014.

DORIA, A. P. et al. Silagem de colostro e leite de transição para alimentação de bezerras: revisão de literatura. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v.13, n.24, p.924-934, 2016.

FONTES, F. A. P. V., et al. Desempenho de bezerros alimentados com dietas líquidas à base de leite integral ou soro de leite. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n. 2, p.212-219, 2006.

GOMES, V. et al. Colostro bovino: muito além das imunoglobulinas. Revista Acadêmica Ciência Animal, v.15, n. 2, p. 99-108, 2017.

GOMIDE, I. F. et al. Viabilidade da silagem de colostro para bezerros leiteiros. 88f. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias), Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, UFU, 2017.

SAALFELD, M. H., et al. Silagem de colostro: alternativa sustentável para minimizar a fome no mundo. Anais... 4º Simpósio de segurança alimentar, 2012.

SAALFELD, M. H., et al. Uso da silagem de colostro como substituto do leite na alimentação de terneiras leiteiras. Hora Veterinária, v.162, p. 59-62, 2008.

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LIBOVIS - UFRRJ

A Liga de Bovinos, LiBovis, é um grupo de estudos constituído por alunos de graduação em Medicina Veterinária e áreas afins da UFRRJ. Tem como objetivos estudar, compreender e defender os interesses da bovinocultura contribuindo para sua valorização.

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RAFAEL

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 20/08/2020

Bom dia pessoal! Gostaria somente de reforçar que os trabalhos feitos pela UFMG e pela Esalq não confirmaram que a silagem de colostro deva ser utilizada como um substituto na dieta líquida de bezerras. Foram observados problemas de aceitação, problemas digestivos e redução de ganho de peso dos animais. Indico buscarem mais informações na literatura científica publicada, antes de tomarem alguma decisão sobre a utilização ou não dessa tecnologia.
MILTON CESTARI

TOLEDO - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 30/06/2020

Para uma vaca de boa produção ( Por exemplo 40l/dia no pico de produção ) qual a quantidade total esperada de colostro e leite de transição produzida até o quinto dia pós-parto ?
ANA PAULA LOPES MARQUES

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/07/2020

Uma vaca de alta produção pode produzir, em média 15 litros de colostro por dia. Mas é difícil estimar, a quantidade de colostro irá variar de acordo com a idade da vaca, vacas mais velhas produzem mais do que as mais novas; varia também de acordo com a quantidade e qualidade de alimento ingerido no período pré parto; se foi respeitado o mínimo de dois meses de secagem e etc. Mas sempre será uma boa alternativa o armazenamento do colostro excedente. Pense que cada litro de silagem de colostro deve ser acrescido de um litro de água morna antes do fornecimento as bezerras e, observe como pode ser lucrativo o aproveitamento de um composto que seria desprezado. Abraços.

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