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O sistema silvipastoril pode aumentar a eficiência reprodutiva de bovinos leiteiros?

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/01/2021

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 01/09/2022

Os sistemas silvipastoris minimizam os efeitos do estresse térmico em vacas leiteiras, proporcionando bem-estar e, consequentemente, melhorando a eficiência reprodutiva.

O conforto térmico e bem estar animal têm sido fatores importantes e de crescente preocupação no Brasil, uma vez que a temperatura é um dos fatores ambientais que interferem de forma significativa na produtividade de bovinos.

Os animais têm sua capacidade máxima de produção dentro da zona de termoneutralidade, ou seja, uma faixa de temperatura adequada que permite o conforto térmico. Esta faixa pode variar de acordo com a idade, espécie e raça, ingestão de alimentos, composição da dieta, alojamento e sistema de climatização. 

A preocupação com a produtividade e produção do rebanho, faz com que pesquisadores e produtores busquem alternativas que possam incrementar a eficiência do rebanho. O sombreamento natural pode ser uma alternativa relevante para melhoria dos índices produtivos da pecuária leiteira. Uma das formas de combater as altas temperaturas é a integração de pastagens com espécies arbóreas em sistemas silvipastoris.

O uso destes sistemas apresenta efeitos benéficos como a incorporação de nutrientes e o incremento da atividade microbiana do solo. A presença de árvores nas pastagens, além de diminuir a incidência de radiação solar, reduz a temperatura do ar por meio da evapotranspiração. Isso ocorre através das folhas das árvores, possibilitando adequada circulação do ar sob a copa. Assim, quando a sensação térmica a céu aberto estiver entre 36 e 40 °C, sob a sombra natural, a mesma será reduzida para 26 a 32°C (PIRES et al., 2005).

Um animal submetido a uma situação estressante, como temperaturas fora da zona de termo neutralidade, conhecido como estresse térmico, responde através da ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal. Essa ativação gera uma cascata de mensagens hormonais que culmina em aumento nas contrações plasmáticas de hormônio liberador de corticotropina e, consequentemente, de catecolaminas e corticosteroides, que estão diretamente relacionados ao estresse.

Dessa forma, a maior produção de cortisol modifica a síntese ou secreção do hormônio liberador de gonadotrofinas. Assim, há redução dos níveis dos hormônios folículo estimulante e luteinizante e de estradiol. Consequentemente, as vacas têm a duração do estro reduzida de 14 a 18 horas para 8 a 10 horas. A identificação de cio fica prejudicada, comprometendo o intervalo entre partos e a produção de leite.

A elevada produção de cortisol também reduz o consumo de alimentos, o que pode provocar balanço energético negativo mais acentuado. Este fato aumenta a utilização de glicose pelas células, reduzindo a taxa de clivagem e o desenvolvimento dos embriões, uma vez que o ovócito, o embrião e o feto utilizam a glicose como fonte de energia. 

Associado a estes eventos de estresse térmico, os ovócitos têm menor capacidade de fertilização e o desenvolvimento embrionário é anormal, podendo ocorrer má formação. A placenta é afetada, o que prejudica o desenvolvimento fetal, já que o feto é sensível à oscilação térmica. Tanto que, bezerros filhos de vacas em estresse térmico durante o período seco possuem menor peso ao nascimento. Assim, a temperatura ideal é importante para o bom desenvolvimento do feto. 

A redução de glicose também reduz a energia para manutenção da produção de leite. Ademais, o estresse térmico no pré-parto afeta a transcrição de genes da glândula mamaria, causando impactos profundos na produtividade da vaca e também sobre a progênie.

Portanto, o conforto das vacas no período de gestação, principalmente nos dois últimos meses, maximiza as chances do crescimento e desenvolvimento normais dos sistemas mamário e placentário com funções imunológicas eficientes.

Vacas Gir leiteiro com acesso à sombra de eucalipto tiveram aumento de 22% na produção de leite, 16% no número de folículos, e 75% a mais de ovócitos totais que foram recuperados pela aspiração folicular e uma maior produção de embriões no período mais quente do ano (MARTINS et al., 2020).

Nos machos, quando a temperatura corpórea sobe, a temperatura interna também tende a aumentar, fazendo com que a qualidade do sêmen diminua.

Assim, os sistemas silvipastoris tem grande impacto no desempenho bovino, pois combatem o estresse térmico ao proporcionar o bem estar e auxiliar no desempenho dos animais. O sombreamento natural age como um bloqueio na radiação solar, reduzindo a temperatura e aumentando a umidade do ar.  Dessa forma, a implantação dos sistemas integrados auxilia de forma significativa na melhora dos índices produtivos e reprodutivos de vacas leiteiras.

 

Leia também: 

Autores: 
Larissa de Souza Reis1,
Renata Brandão de Gois1,
Thaisa Campos Marques1,
Karen Martins Leão1

1Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde

Referências:

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THAISA CAMPOS MARQUES

Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde - GO

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MARISA HELENA

RIO VERDE - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 07/01/2021

Parabéns ??.
EVILSON JOSE JÚLIO

PAULA CÂNDIDO - MINAS GERAIS

EM 07/01/2021

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