O período seco de uma vaca corresponde em média aos 60 dias que antecedem ao parto. Esse é caracterizado como o descanso e renovação das células que compõem as glândulas mamárias. Uma vaca que não possui o tempo de descanso suficiente antes do parto tende a apresentar problemas e perdas de produção na próxima lactação.
O período seco compreende duas etapas:
Etapa 1: de 60 a 21 dias antes do parto, conhecido pelos produtores de leite como a fase em que a vaca é esgotada e administrado as bisnagas de vaca seca e selante, posteriormente o animal é destinado para um “piquete de maternidade”.
Etapa 2: de 21 dias até o momento do parto, é denominado como pré-parto, sendo essa etapa a mais complicada para a vaca devido a redução do consumo de matéria seca ocasionado pela redução do espaço ruminal causado pelo tamanho da bezerra.
A duração do período seco pode variar segundo a literatura, porém algumas observações devem ser levadas em consideração;
- Utilizar períodos menores que 40 dias pode prejudicar no desenvolvimento das glândulas mamárias, porque é necessário no mínimo 15 dias para a vaca secar (parar de produzir leite) e mais 15 dias para o úbere se desenvolver (renovar as glândulas). Caso ocorra esse intervalo reduzido é esperado uma perda de até 5% na próxima lactação (Gulay et al.,2003).
- Se a duração do período exceder 70 dias também é prejudicial para a vaca, principalmente devido aos distúrbios metabólicos que podem acontecer e além das perdas de venda de leite, pois teria um período de serviço menor na próxima lactação.
Diante dessas observações mencionadas, existe uma preocupação significativa do produtor de leite sobre a dieta ofertadas aos animais de pré-parto e sobre os melhores manejos a serem realizados.
Em relação a dieta ofertada nesse período é muito mencionado a utilização de dietas aniônicas no período de pré-parto, porque ela causa uma acidose metabólica subclínica crônica que reduz o pH do intestino delgado e aumenta a absorção de cálcio dietético, fazendo com que haja mais cálcio circulante no sangue prevenindo a hipocalcemia nas vacas.
Tornar a dieta aniônica seria a adição de um sal mineral específico que contém na sua composição os componentes acidogênicos que auxiliam na baixa do pH do sangue que irá gerar algumas ações responsáveis pela desmineralização dos ossos e aumento da absorção intestinal, além de reduzir a excreção de cálcio (Ca) na urina.
A utilização de dietas com a inclusão desses sais favorece a não recorrência da hipocalcemia, que são responsáveis por problemas como redução do consumo de alimento, de retenção de placenta, deslocamento do abomaso entre outras doenças que são frequentes ocasionados pelo baixo cálcio disponível antes do parto.
Quando se trata de manejos durante o período seco são listadas algumas ações que devemos levar em consideração:
- Não realizar mudança de local durante o pré-parto: ocorre um estresse grande ao animal para se adaptar;
- Manter as vacas em um ambiente que contenha sombra, fácil acesso à água, espaço de cocho suficiente (aproximado 0,80 cm/animal);
- Se possível separar novilhas de vacas mais velhas para evitar brigas por competição;
Sobre o manejo nutricional, aspectos devem ser avaliados antes de ofertar volumoso:
- Avaliar o escore corporal dos animais observando se existem vacas magras ou vacas gordas, porque cada situação merece uma atenção diferente;
Vacas gordas: devem ser colocadas em pastagens de baixa qualidade e quantidade de forragem, porém, com fibra suficiente para garantir a funcionalidade do rúmen evitando problemas metabólicos ocorridos por perda de peso (Santos; Vasconcelos, 2007).
Vacas magras: devem ser mantidas em pastagem de alta qualidade e de maior massa de forragem, para que possam ganhar peso e atingir a condição corporal desejável.
- A dieta deve ser dividida de acordo com a etapa que o animal se encontra:
Etapa 1: de 60 a 21 dias antes do parto, a dieta deve ser menos energética.
Etapa 2: de 21 dias até o momento do parto, a dieta deve ser adicionada gradativa de maneira que o animal já comece a consumir de fato a dieta que será ofertada no início da lactação, respeitando o período de adaptação.
E muito importante assegurar que as vacas estejam recebendo a quantidade de proteína (nessa fase recomenda-se aproximadamente 12% de proteína bruta na dieta), energia, minerais e vitaminas adequadas.
Portanto, é muito necessário ressaltar para o produtor de leite a importância dos manejos durante o período seco, porque é ele que impacta na produtividade durante toda lactação e principalmente na rentabilidade que será gerado ao longo da vida do animal.
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Referências:
CAMARGOS, T. Período seco em vacas leiteiras: por que ele é tão importante? Disponível em: < https://blog.prodap.com.br/periodo-seco-por-que-e-importante/>. Acesso em 18 de outubro de 2023.
DOMINGUES, F. N.; SIGNORETTI, R. D.; PFEIFER, L. F. M. Manejo da vaca seca. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/217362/1/cpafro-18463.pdf. Acesso em 05 de outubro de 2023.
GULAY, M. S., M. J. HAYEN, K. C. BACHMAN, T. BELLOSO, M. LIBONI, AND H. H. HEAD. 2003.Milk production and feed intake of Holstein cows given short (30 d) or normal (60 d) dry periods. J. Dairy Sci. 86:2030–2038.
SANTOS, R. M.; VASCONCELOS, J. L. M. Escore de condição corporal em vacas de leite. 2007.Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/reproducao/escore-da-condicao-corporal-em-vacas-de-leite-33876n.aspx>. Acesso em 30 de setembro de 2023.