Nos laticínios, assim como em tantos outros setores, muito se fala em números, melhoria contínua de processos, filosofias de produção (Lean e Six Sigma), uso de novas tecnologias, indicadores de produtividade, redução de desperdícios e alcance de metas. No final do mês, os relatórios e apresentações giram em torno de resultados, os quais são analisados por indicadores numéricos.
Contudo, tais indicadores são o resultado de ações conjuntas de diferentes equipes que compõem cada setor da fábrica. Por isso, os números, na verdade, são pessoas! E, neste ponto, chegamos a uma questão importante: você seria o seu gestor?
Sabemos que o trabalho no chão de fábrica de um laticínio não é fácil, a começar pela peculiaridade da matéria-prima. O uso de novas tecnologias que permitem a automatização de processos, a adesão de filosofias de produção com pensamento enxuto e utilização de ferramentas de gestão para melhoria contínua, sem dúvidas é primordial para obtermos êxito em nossa linha de produção.
Mas, arrisco a dizer que a chave do sucesso ainda é — e sempre será — uma boa gestão de pessoas, que seja capaz de engajar a equipe na busca constante de melhores resultados. Aqui, o papel do gestor é o pilar e reflexo de todo seu time. Os insights de autogestão, análise crítica e capacidade analítica de todas as pessoas envolvidas no processo é fundamental.
Por exemplo, muitas indústrias utilizam a Análise de Modo e Efeitos de Falhas (FMEA) para maximizar a eficiência, minimizar ou reduzir falhas, entre outras vantagens. Porém, a última etapa de implantação da FMEA é a de “continuidade”. Então, é oportuno levantarmos o questionamento: uma equipe mal gerenciada dará continuidade ao plano de ação? Talvez sim, mas acho difícil.
Pensando no Ciclo PDCA, também muito recorrente na rotina dos laticínios. Ele é composto por quatro fases: plan (plano de ação), do (execução do plan), check (checagem da execução) e act (agir – correção de não conformidades ou estabelecimento do plano de ação proposto). Após o “act”, o ciclo é reiniciado.
No PDCA, é interessante ressaltarmos o “agir” e o reinício do ciclo. São os colaboradores que irão que dar continuidade ao plano de ação satisfatório para a melhoria contínua dos processos produtivos. Se tivermos uma equipe desmotivada, provavelmente, o ciclo será interrompido.
Pensando nas filosofias de gestão da produção: Lean e Six Sigma. Basicamente, o Lean visa a eliminação de desperdícios e o alcance da simplicidade. O Six Sigma tem como objetivo eliminar variações e gerenciar a complexidade.
Ou seja, ambos dependem de uma eficiente gestão de pessoas para cumprirem com o seu propósito. Afinal, não é à toa que o oitavo desperdício do Lean é o intelectual dos colaboradores, correto?
Agora, vamos além da fábrica. A boa gestão de uma equipe também reflete na competitividade de uma empresa. Se tivermos pessoas desalinhadas com a entrega de metas com qualidade, e não apenas de números, a imagem da marca pode ser prejudicada, quando chega ao mercado consumidor um produto não conforme, fora do padrão de qualidade.
E, sabemos, que o mercado lácteo é altamente competitivo, com produtos com pouca ou nenhuma diferenciação. Dessa forma, o consumidor pode facilmente substituir os produtos pelos das empresas concorrentes.
Por fim, comunicação! A empresa só ganha como um todo quando todas as equipes estão engajadas e alinhadas em prol de um objetivo comum. Para isso, uma comunicação clara, objetiva e não violenta entre gestores e suas equipes é fundamental. O óbvio também precisa ser dito! E aí, você tem sido um bom gestor?
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