Segundo dados divulgados na última quarta-feira (08/02) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos recuou, fechando o mês de janeiro em -146,3 milhões de litros em equivalente-leite.
Os números apontam um leve recuo de aproximadamente -6,3 milhões de litros em equivalente-leite, ou -4,4%. Ao se comparar ao mesmo período do ano passado (janeiro/2022), o saldo permaneceu em nível inferior, sendo que o valor em equivalente-leite nesse período foi de -50,8 milhões de litros, representando uma diferença de aproximadamente -187,9%. Esse cenário se formou em meio as importações se elevando, bem como as exportações em queda.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações passaram por uma variação negativa em janeiro, no comparativo mensal. O período apresentou um recuo de 2,2 milhões de litros no volume exportado, representando um decréscimo de aproximadamente 29,3%. Ao se comparar com janeiro de 2022, observa-se um decréscimo de 9,4 milhões de litros, representando um recuo de aproximadamente 63,9% no volume exportado no período.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Do lado das importações, o ritmo das negociações continuou se elevando ao longo do mês de janeiro. Após apresentar se manter estável entre novembro e dezembro, o primeiro mês do ano apresentou um avanço de 2,7% nas importações, em relação ao mês anterior, com um acréscimo no volume de importações de 4,0 milhões de litros em equivalente-leite.
Analisando o mesmo período do ano passado, nota-se as importações estão bem próximas do observado, porém seguem em um patamar elevado. Em janeiro de 2022, 149,1 milhões de litros em equivalente-leite foram importados; já em 2023 esse valor teve uma leve variação positiva de aproximadamente 1,7%, configurando um aumento de 2,5 milhões de litros em equivalente-leite comparando-se os anos, o que pode ser observado no gráfico a seguir.
Este resultado foi o terceiro maior para o volume de importações no mês de janeiro, ficando atrás apenas de 2017 e 2000.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Os preços internacionais se mantendo em patamares baixos, as quedas que o dólar sofreu ao longo de dezembro e início de janeiro, e o ciclo de altas dos preços no mercado interno contribuíram para formar esse cenário.
Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em janeiro, temos o leite em pó integral, o leite em pó desnatado, os queijos e o soro de leite, que juntos representaram 95% do volume total importado. O leite em pó integral teve um avanço de 15% em seu volume importado. Em contrapartida, o leite em pó desnatado teve uma redução de 19% em seu volume importado. Os queijos, por sua vez, avançaram 24%.
Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite condensado, o creme de leite, o leite UHT, e os queijos, que juntos, representaram 85% da pauta exportadora. O leite UHT avançou cerca de 72%, enquanto o leite condensado e o creme de leite recuaram 37% e 17%, respectivamente.
A tabela 1 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de janeiro deste ano.
Tabela 1. Balança comercial láctea em janeiro de 2023.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para o próximo mês?
O ano de 2023 iniciou com as importações ainda estimuladas, e consequentemente, em patamares elevados. Após se manter estável no último mês do ano, o volume de importações voltou a avançar, mantendo-se em valores elevados neste início de ano. Já as exportações seguiram desestimuladas, apresentando recuos.
Após o ciclo de altas que os derivados lácteos passaram, o início de fevereiro apresentou recuo do Índice MilkPoint Mercado, devido a demanda desestabilizada e afetadas pelos patamares elevados que os preços atingiram. Para as próximas semanas, o cenário baixista deve prevalecer.
Do lado cambial, o dólar vem ganhando força nos últimos dias, frente a dados econômicos norte-americanos e falas do novo governo, com possível intervenção no Banco Central. Além disso, os preços no mercado internacional do Global Dairy Trade, bem como os preços praticados no Mercosul (segundo levantamento do MilkPoint Mercado) passaram por elevações nos últimos relatórios.
Todos esses fatores contribuem para desestimular as importações. Entretanto, aos atuais níveis de preços (no mercado internacional, no mercado brasileiro e da taxa de câmbio) as importações ainda seguem competitivas frente ao produto nacional – o que ainda deve manter as importações em patamares elevados para os próximos meses. Já do lado das exportações as negociações devem seguir desestimuladas no curto prazo, sem grandes alterações.