Sendo um dos maiores mercados da gigante de alimentos e bebidas Nestlé, o Brasil passa a ter metas próprias para ajudar a operação global a alcançar compromissos sociais e ambientais.
A companhia vai estimular no país a agricultura regenerativa, que adota práticas de conservação e reabilitação, com foco em leite, café e cacau - além de proteger o ambiente, a ideia é aumentar a produtividade.
A empresa suíça está anunciando a iniciativa “Generation Regeneration”, que marca o compromisso, com metas e ações para incentivar e acelerar a transição a sistemas alimentares regenerativos em suas principais cadeias fornecedoras.
A Nestlé pretende reduzir pela metade suas emissões de carbono até 2030 e atingir emissões líquidas zero em 2050. A subsidiária tem três pilares com objetivos a serem alcançados em quatro anos: agricultura regenerativa, circularidade e bioeconomia. “Temos a responsabilidade de liderar a agenda de sustentabilidade no setor de alimentação e ser exemplo”, diz Marcelo Melchior, presidente da Nestlé Brasil.
A empresa quer, até 2025, que 30% de sua matéria-prima tenham como origem a agricultura regenerativa, além de reciclar todo o plástico colocado no mercado brasileiro e conservar 300 mil hectares, gerando renda e promovendo educação para 4 mil pessoas na Amazônia. “Não temos as respostas para tudo, mas estamos constantemente trabalhando para encontrar soluções”, argumenta Melchior. No caso das metas de circularidade, a Nestlé já tem cerca de 95% das embalagens no país desenhadas para serem recicladas ou reutilizadas e, em alguns casos, já contém material reciclado. É o caso das embalagens PET (poli etileno tereftalato) da linha de iogurtes, que são 100% recicladas.
A empresa não detalha quanto vai investir para alcançar os objetivos no país. Globalmente, 1,2 bilhão de francos suíços serão aplicados somente em medidas de agricultura regenerativa, que, por aqui, deve concentrar-se em três principais ingredientes: leite, café e cacau. O tema é importante para a companhia globalmente, uma vez que a agricultura é responsável por quase dois terços das emissões totais de gases de efeito estufa da Nestlé, com laticínios e pecuária respondendo por cerca de 50%.
No Brasil, são mais de 13,5 mil produtores que têm alguma forma de relacionamento com os programas de qualidade da empresa.
A marca Nescafé tem a meta de ser, até 2022, a primeira de café torrado e moído carbono neutro do país. Já no cacau, criou uma certificação para produção em áreas livres de desmatamento e uso de sistemas agroflorestais, sem utilização de defensivos agrícolas. Hoje, são 1093 produtores certificados e o objetivo é chegar a 100% da cadeia certificada até 2025.
Insumo importante para as marcas da Nestlé no país, a empresa firmou uma parceria com a Embrapa para pesquisa e desenvolvimento das primeiras fazendas de produção de leite de emissão líquida zero ou de baixo carbono. Entre os pontos a serem observados estão o manejo do solo, transporte, bem-estar animal e descarte de resíduos.
Por meio de geomonitoramento, a Nestlé consegue ter indicadores da produção, criando planos personalizados para os produtores e dando prêmios em caso de alcance de metas. Em 2020, por exemplo, pagou bônus a boas práticas hídricas. Em um ano, as 60 fazendas leiteiras participantes de programa economizaram mais de 19 milhões de litros de água, o equivalente a uma redução de 8% na comparação com 2019.
“Criação de valor compartilhado”, diz Melchior, é o modelo de sustentabilidade que a companhia quer criar. “Sustentabilidade não pode ser caridade. Por mais que haja o investimento inicial, ao longo do tempo se paga e gera uma eficiência bastante grande”, diz Fábio Spinelli, diretor de planejamento estratégico, que também vai comandar as ações de sustentabilidade da empresa. “Quando a gente olha para frente, nosso ritmo é aumentar a eficiência de produção de leite entre 40% e 60% dentro da mesma área de produção”, exemplifica o diretor.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.
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