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Efeito da pasteurização do leite e colostro na saúde de bezerros recém-nascidos

VÁRIOS AUTORES

FAMÍLIA DO LEITE

EM 30/11/2020

3 MIN DE LEITURA

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Embora uma boa colostragem em bezerros leiteiros já seja de conhecimento de muitos, são constantes os estudos acerca dos benefícios do primeiro aleitamento. Diferentemente de outros mamíferos, a transferência de imunidade passiva da mãe para o feto não ocorre via placentária, sendo assim, o animal ao terminar sua vida uterina está completamente dependente da imunidade adquirida pelo colostro até que consiga desenvolver a sua imunidade ativa.

Para garantir uma boa imunidade, a colostragem deve ocorrer até 6 horas após o nascimento com o fornecimento de, no mínimo, 10% do peso corporal do bezerro. Este protocolo permite altos níveis de imunoglobulinas no sangue do animal até 48 horas após o parto, protegendo-o até 4 a 6 semanas, quando então ele consegue desenvolver sua própria imunidade. Caso isso não ocorra, pode haver maior incidência de doenças respiratórias bovinas (DRB), diarreia neonatal (DN) e outras doenças, o que aumenta a taxa de mortalidade durante os primeiros 21 dias de vida. 

A colostragem deve ser feita de tal forma a evitar a contaminação bacteriana, por meio de protocolo higiênico, uma vez que a contaminação pode interferir na absorção passiva de imunidade. Além disso, uma série de estudos apontam a presença de patógenos no colostro, como Mycobacterium avium ssp paratuberculose, Mycoplasma spp, causadores da tuberculose e micoplasmose, Escherichia coli e Salmonella spp, causadores de diarreia. Uma boa forma de evitar a contaminação é a pasteurização, contudo deve-se tomar cuidado com a desnaturação das proteínas presentes no colostro. Alguns estudos mostram que o aquecimento a 60 ºC por 30 a 60 minutos mantém as características do colostro e reduz de forma significativa os patógenos.

Pesquisas mostram que animais colostrados e alimentados com leite descarte pasteurizado tiveram menor prevalência de diarréia e menor taxa de mortalidade quando comparados com animais que receberam colostro e leite descarte, porém não pasteurizados. Em um trabalho realizado por Armengol e Fraile em 2016, com bezerros Holandeses bem colostrados no norte da Espanha, concluiu que a pasteurização do colostro e do leite resultou numa expressiva diminuição dos índices de mortalidade e morbidade durante os 21 primeiros dias de vida. Nele foi avaliado um total de 587 bezerros que foram divididos em 2 grupos: recebendo leite e colostro pasteurizados (P) ou não pasteurizados (NP). Todos os animais foram colostrados nas primeiras 12 horas de vida. Para que o animal estivesse apto a participar do estudo, ele deveria ter nascido de parto normal e apresentado proteína sérica total de, no mínimo, 5,8 g/dL. Além disso, também foi avaliado o efeito da pasteurização na população microbiana do leite e colostro, por meio da Contagem Total em Placa e Contagem de Coliformes Fecais Totais 

Para avaliar a eficiência da colostragem, amostras sanguíneas foram retiradas do 2º ao 5º dia de vida e avaliadas com refratômetro. Os animais foram avaliados diariamente e caso apresentassem alguma doença eram divididos em DRB, ND ou grupo de outras doenças. Essa divisão ocorreu baseado na sintomatologia respiratória, digestiva ou outra.

Tabela 1: Efeito da pasteurização do colostro e leite, nos níveis de Proteína sérica total, prevalência de mortalidade e morbidade, doenças e causa de morte em bezerros Holandeses de até 21 dias de vida


1Não pasteurizado; 2Pasteurizado; 3Proteína Sérica Total; 4Doença respiratória bovina; 5Diarreia neonatal. Adaptado de Journal of Dairy Science (2016)

Tabela 2: Efeito da pasteurização na Contagem Total em Placa e Contagem Total de Coliformes no colostro e leite


1Contagem total em placa; 2Contagem de Coliformes Fecais Totais
Adaptado de Journal of Dairy Science (2016)

A pasteurização do colostro não afetou a Proteína sérica: 7,27 g/dL (NP) e 7,34 (P). Houve redução na mortalidade com a pasteurização do leite e colostro: 6,5% (NP) e 2,8% (P), e na morbidade: 15% (NP) e 5,2% (P). Pela avaliação da cultura microbiológica do colostro, observou-se uma população microbiana maior em relação ao leite, porém com a pasteurização esses valores foram reduzidos (Tabela 2). O colostro e leite submetidos a tratamento térmico tiveram menor contagem de colônias e menor contagem de coliformes fecais.

Esses resultados mostram que mesmo uma colostragem bem feita, como no estudo em que se garantiu altos níveis de imunoglobulinas no sangue, é possível a transmissão de patógenos aos bezerros, provocando maior prevalência de mortalidade e morbidades entre os animais, contudo isso pode ser melhorado com a pasteurização, desde que esteja dentro da temperatura correta, diminuindo a quantidade de patógenos presentes no leite e assim, melhorando o status de saúde das bezerras nos primeiros 21 dias.

Referência

Armengol, R. and Fraile, L. 2016. Colostrum and milk pasteurization improve health status and decrease mortality in neonatal calves receiving appropriate colostrum ingestion. J. Dairy Sci. 99: 1-8

POLYANA PIZZI ROTTA

Professora de Produção e Nutrição de Bovinos de Leite da UFV e coordenadora do Programa Família do Leite

BERNARDO MAGALHÃES MARTINS

Zootecnista da UFV e técnico do Programa Família do Leite

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FRANCISCO DE ASSIS LAMAR

SÃO LUÍS - MARANHÃO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/12/2020

Profa. Polyana, mesmo o primeiro colostro, aquele que é fornecido até 6 horas após o nascimento, tem que ser preferencialmente pausterizado?
POLYANA PIZZI ROTTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/12/2020

Isso mesmo Francisco. A sugestão desse estudo é essa. Mas isso vai depender da higiene na qual você ordenha a vaca recem parida. Se as condições forem boas e o CBT do colostro estiver abaixo de 50 não haveria necessidade. Mas para condições inapropriadas e CBT elevado a recomendação seria pasteurizar o colostro, pois essa carga bacteriana elevada prejudica a absorção das imunoglobulinas que servirão de defesa para os bezerros.

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