A sustentabilidade será o principal fator que moldará a produção da União Europeia (UE) nos próximos 10 anos, de acordo com as últimas previsões de médio prazo divulgadas.
Espera-se que a produção geral de leite da UE-27 diminua 0,2% ao ano nos 10 anos até 2032. Isso se deve principalmente a reduções no rebanho leiteiro, pois as preocupações ambientais levam à contração no tamanho e na intensidade da pecuária leiteira.
Durante o período de previsão, a redução do rebanho pode chegar a 10% em comparação com 2020-2022. Sistemas alternativos, como orgânicos e baseados em pastagem, devem crescer, e espera-se que um maior foco no bem-estar permita algum crescimento de rendimento, embora não em níveis altos o suficiente para compensar a redução no rebanho leiteiro.
Gráfico 1.Taxas de crescimento anual da produção de leite da UE, rendimento de leite e número de vacas leiteiras em períodos selecionados
Fonte: Comissão Europeia, DG-Agri.
Globalmente, a produção de leite deve aumentar em torno de 2% ao ano, com os países asiáticos e africanos se tornando cada vez mais autossuficientes. Embora os principais mercados importadores continuem deficitários, espera-se que as importações de lácteos sejam menores.
A UE continuará sendo um dos maiores exportadores de produtos lácteos, respondendo por 24% das exportações globais, embora os volumes possam ser até 3% menores em comparação com os níveis de 2020-2022.
Espera-se que o aumento da renda disponível global e uma maior conscientização sobre sustentabilidade, saúde e nutrição impulsionem a demanda por produtos de alta qualidade, que a UE está bem posicionada para fornecer. Isso significa que a carteira de exportação da UE provavelmente mudará, focando na qualidade e agregando valor aos produtos comercializados.
Também é provável que haja uma redução na produção e nas exportações de leite em pó desnatado e integral devido à diminuição da demanda global e aos altos níveis de crescimento alcançados de 2012-2022. Como os produtos em pó são usados principalmente como insumo para manufatura, com o aumento da produção global de leite, haverá menos demanda de importação.
As exportações de queijo e soro de leite também devem ter um crescimento menor do que na década anterior, embora em menor grau do que o observado para o leite em pó. O mercado de exportação de manteiga deve permanecer estável.
Gráfico 2. Mudança na produção da UE de produtos lácteos selecionados (milhões de t de equivalente leite) e crescimento anual (%) em 2022-2032
Nota: Os tamanhos dos círculos correspondem ao volume de leite (em equivalente leite) utilizado para a sua produção em 2020-2022. Fonte: Comissão Europeia, DG-Agri.
Espera-se que o mercado doméstico continue sendo o maior mercado de lácteos da UE, respondendo por 83% da produção até 2032. No entanto, mudanças nos gostos e preferências dos consumidores no mercado doméstico também podem afetar a divisão de produtos da UE.
A demanda por leite fluido provavelmente continuará diminuindo. Prevê-se que a demanda por manteiga permaneça estável, no entanto, pode enfrentar uma concorrência crescente com outras gorduras, como o azeite, devido aos seus atributos de saúde. O queijo continuará sendo um dos principais produtos lácteos da UE, com um maior crescimento da demanda doméstica previsto além do aumento observado durante o COVID.
As informações são do Agriculture and Horticulture Development Board (AHDB), traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.