Uma comitiva de produtores e representantes do setor lácteo irá a Brasília na próxima semana para pedir mudanças na legislação de modo a frear as importações de produtos lácteos.
A comitiva que vai se reunir com a Câmara dos Deputados contará com representantes da Frente Parlamentar de Apoio ao Produtor de Leite, Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Federação das Cooperativas Agropecuárias de Leite de Minas Gerais (Fecoagro Leite Minas) e da CCPR, maior cooperativa captadora de leite no Brasil.
O setor pede o estabelecimento de critérios para análise das licenças de importação de lácteos e análises mais rigorosas da qualidade dos produtos importados.
O setor defende a verificação dos lotes, para saber se eles se enquadram nos requisitos físico-químicos e microbiológicos do Mercosul, já que os produtos importados seguem regras diferentes de produção, rotulagem e exigências referentes à presença de alergênicos, lactose, entre outros.
O país registra neste ano volume recorde de importação de leite, o que tem afetado a cadeia produtiva nacional. Em junho, as importações dos principais derivados, como leite em pó, manteiga e creme de leite, triplicaram, chegando a 205,5 milhões de litros - o que equivale a 9,5% da produção nacional. O volume corresponde a 2,5 vezes a captação mensal da CCPR, informou a cooperativa.
O aumento da oferta derrubou os preços. "Os pequenos e médios produtores sofrem muito porque o preço atual não traz viabilidade econômica à atividade. Muitos estão desistindo da atividade", disse em nota o presidente da CCPR, Marcelo Candiotto.
De acordo com o Censo Agropecuário, existem no país 1,17 milhão de propriedades produtoras de leite. No primeiro trimestre deste ano, a produção de lácteos recuou 1,5% em relação ao mesmo período de 2022. No ano passado, a produção caiu 4,8% em relação a 2021.
No dia 04/08, o setor já se reuniu com a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, para cobrar medidas de proteção aos produtores nacionais. Antes disso, no dia 19 de julho, foi enviado ao vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), um ofício pedindo medidas imediatas em defesa da pecuária leiteira nacional.
Ontem, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, confirmou que o governo federal vai comprar leite em pó de cooperativas e de produtores brasileiros, como parte dos esforços para garantir competitividade aos produtores nacionais.
O ministro também disse que o governo vai verificar se todo o leite importado da Argentina e do Uruguai é mesmo produzido nesses países ou se há triangulação para venda de leite produzido na Europa.
As informações são do Globo Rural, adaptadas pela equipe MilkPoint.