Assim como ontem (22/11), o segundo dia da 8ª edição do Dairy Vision 2022 começou a todo vapor! Com um olhar atento para as inovações e tendências, o terceiro painel trouxe casos de sucesso de startups lácteas. Enrico Leta, Co-fundador da Vitalatte & Yorgus contou que o propósito é fazer alimentos com rótulo simples e produtos naturais. “O que colocamos no potinho é tão importante quanto o que está fora.”
Leta pontuou que as ações da empresa são guiadas por três pilares: produto, propósito e canal. Ao contrário do habitual das indústrias tradicionais, o Co-fundador disse que os principais pontos de comunicação da marca foi o Instagram, com a participação de influenciadores, nutricionistas, aliado à gastronomia. Paralelamente, para Enrico, também existem pontos focais que as startups devem se espelhar nas indústrias tradicionais, como a visão a longo prazo o foco na rentabilidade.
Contudo, apesar de todo o planejamento, Leta relembrou o protagonismo do consumidor. “Ter o consumidor sempre nos centro de nossas estratégias. Quando tivemos as inovações em produto, propósito e canal, nós não fizemos porque achávamos legal, porque os concorrentes estavam fazendo ou porque era moda. Nós fizemos por ser soluções e produtos que melhorariam a vida dos nossos consumidores. É uma estratégia simples que muitas vezes estava se perdendo.”
Rafaela Gontijo Lenz, CEO da NUU Alimentos, também reforçou o propósito na produção de alimentos, atendendo às tendências de consumo, como produtos clean label e sustentabilidade. Nesta perspectiva, então, a NUU apostou na agricultura regenerativa, comunicada aos consumidores por meio de selos estampados nas embalagens dos produtos. “Nós neutralizamos as emissões nos três escopos, desde a ração que vai para o animal até o forno do consumidor.”
Inclusive, em termos de produtos, a CEO mostrou as inovações de portfólio aliadas à proposta de valor. Como exemplo, citou o pão de queijo colorido voltado ao público infantil, o qual utilizada ingredientes naturais, como beterraba e cenoura. Recentemente, a Nuu lançou uma pizza sem glúten de pão de queijo.
Para além das startups, Ricardo Martin, Marketing Manager Tetra Pak Brasil, trouxe como a Tetra incorporou o mindset da startup. “As grandes corporações têm uma tendência de fazer melhor o que já fazem hoje ao invés de fazer melhor, transformar, pensar. Nós evitamos risco a qualquer custo. As startups amam risco e são ágeis para tomar decisões.”
“Nós precisamos ter um mindset de startup, porque o mundo está transformando muito rápido. Ou a gente se transforma com o mundo ou perdemos relevância. Por isso, esse mindset tem muito valor para nós — Tetra Pak Brasil — e estamos trabalhando com ele.” Ricardo explicou que na Tetra Pak Brasil, a estrutura da mentalidade desse modelo de negócio é bem definida, de modo a proteger os clientes e criar possibilidades.
O mindset de inovação pode estar incorporado em todos os processos da cadeia. Vinícius Pimenta D. R. Nardy, Gerente de Negócios do MilkPoint Mercado e Product Owner do Milki, apresentou o Milki, uma plataforma de negociação de matérias-primas lácteas. "Queremos entregar um ambiente de negócio mais eficiente," disse Nardy.
Ao fim do painel ocorreu o debate entre os participantes da sessão. Mediado por Marcelo Pereira de Carvalho, uma das questões levantadas foi a importância de gerar rentabilidade tendo o cliente como foco em um mercado com gostos e desejos tão diversos.
Enrico ressaltou a relevância do entendimento dos desejos do cliente. "Está tudo ligado com a questão de entender o consumidor: quem é o público-alvo, quanto esse consumidor está disposto a pagar e quanto ele já paga em produtos similares, isso é um caminho para precificar o produto."
Em relação ao nicho de mercado, Rafaela comentou que em uma pesquisa realizada em 2015 apontou que os consumidores desejam aderir alimentos mais sustentáveis, entretanto não estão disponíveis a pagar mais sobre isso. Uma das estratégias adotadas pela NUU Alimentos foi reduzir a quantidade da porção, de modo parear com o preço dos produtos tradicionais.
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