ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Curva de lactação de vacas leiteiras: 3 Pontos-chave na alimentação!

POR GUILHERME FERNANDO MATTOS LEÃO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/01/2022

5 MIN DE LEITURA

0
8

Atualizado em 24/10/2022

"Pensando em estratégia nutricional, como podemos buscar vacas mais produtivas? Como podemos garantir uma otimização da curva de lactação?"

No texto anterior, buscamos a conceituar a curva de lactação das vacas especializadas, reforçando as principais características.

Com o avanço genético, além das melhorias em conforto e da nutrição, cada vez mais as curvas tendem a ser mais persistentes, gerando, cada vez mais, campeãs de produtividade. Obviamente, genética e conforto são fundamentais, além, é claro, do bom manejo alimentar.

Mas do ponto de vista de estratégia nutricional, como podemos buscar vacas mais produtivas? Como podemos garantir uma otimização da curva de lactação?

Basicamente, o primeiro ponto-chave é realizar um bom período de transição. O período de transição pode ser definido como sendo o intervalo entre as três semanas anteriores e as três semanas posteriores em relação ao momento do parto (DRACKLEY, 1999). Ou seja, é uma fase curta, porém fundamental na vida da vaca. Afinal, é onde as principais mudanças metabólicas e imunológicas ocorrem, gerando impacto inclusive na exigência nutricional, uma vez que a vaca está passando de uma fase não lactante para uma lactante.

Vale ressaltar que vários fatores impactam no sucesso período de transição e dentre estes é possível destacar:

  • Uso de dietas aniônicas (Em multíparas);
  • Evitar fatores que possam levar a redução no consumo de matéria seca (CMS; estresse térmico, superlotação, misturar primíparas com multíparas, manejo alimentar ineficiente, entre outros);
  • Gerar conforto ambiental;
  • Cuidados com os teores de amido e fibra (Dieta pré-parto deve ser coerente com a dieta do pós-parto, principalmente em fazendas que não tem lote específico de pós-parto).

O objetivo nesta fase é proporcionar para a vaca um início de lactação tranquilo, para que busque aumentar o consumo o mais rápido possível e evite as temidas doenças metabólicas, as quais são muito prevalentes neste período.

Somente para ilustrar, do ponto de vista de exigência nutricional, a lactação cobra caro na exigência energética como se pode observar no gráfico 1. Ao passar da fase lactante, a vaca multípara praticamente dobra sua necessidade energética para manter a produção e isto é normal para se manter a lactação.

Em contraponto, o CMS está reduzido e somente alcançará a sua plenitude entre a 10 e 14ª semana de lactação. Com este déficit, a vaca encara o famoso balanço energético negativo (BEN), e este se for de grande magnitude (vaca emagrecer muito após o parto), pode gerar implicações produtivas (vaca não aumenta produção), sanitárias (desencadeamento de doenças metabólicas, a exemplo da cetose, deslocamento de abomaso, mastite) e também reprodutivas (pode se tornar uma vaca “atrasada” na reprodução).

Portanto, embora saibamos que todas as vacas encarem o BEN, temos que buscar que nossas vacas evitem de perder grandes quantidades de escore corporal (ECC) ao parto, ou em outras palavras, devemos minimizar o BEN.

Este trabalho inicia-se ainda na lactação anterior, evitando de secar animais gordos (ECC >3,5) além de somar com os fatores supracitados. Uma ferramenta bastante útil neste sentido seria o monitoramento do ECC durante a lactação, para que possamos fazer ajustes de acordo com o ano.

O segundo ponto seria potencializar o pico de produção. Aquela máxima que para cada litro que se aumenta no pico gera de 200 a 250 litros numa lactação, é verdadeira. Sendo assim, devemos buscar em nossas propriedades estratégias para aumentar este pico, uma vez que a vaca tende a ser mais responsiva a nutrição nesta fase.

Lembrando também que nesta fase o consumo se limita fácil, principalmente por enchimento. Portanto, devemos ter um olhar especial ao nível de fibra e de amido que devemos utilizar na dieta. Com relação a teores, existem pontos que podemos trabalhar (FDN, FDNfe, amido, amido degradável, etc.), mas a priori, o nível utilizado depende da qualidade do material disponível e do manejo alimentar/operacional da fazenda.

Ou seja, se temos uma dieta com silagem de milho finamente moída como volumoso único teremos um teor de fibra/amido limite, se temos uma condição com silagem e pré-secado de tifton passado, teremos outros teores a serem utilizados. Todavia, o importante nesta fase é não limitar o consumo por enchimento (mais comum de se ocorrer) e cuidar com o desenvolvimento de acidose que podem minar a produção nesta fase.

Um detalhe importante, que cada fazenda tem suas oportunidades e limitações, por isto devemos sempre discutir as situações para se otimizar o pico produtivo de maneira caso a caso.

O terceiro ponto-chave seria o cuidado com vacas de fim de lactação. É notório que estes animais têm uma responsividade menor a nutrição neste período quando visamos produção de leite. A dinâmica metabólica é outra nesta fase e, portanto, os animais tendem a usar a quantidade “extra” que tem de nutrientes para gerar acúmulo no próprio organismo, ganhando ECC.

Se o animal está ganhando ECC de forma excessiva nesta fase, o produtor está perdendo dinheiro por dois motivos:

  1. Ou este animal poderia estar usando uma dieta mais barata, uma vez que não está respondendo em produção;
  2. Ou vai ter dificuldade no próximo parto do animal, uma vez que vai secar este animal acima do ECC ideal e com isto, as chances do animal desenvolver problemas metabólicos aumenta.

Para minimizarmos o impacto nesta fase, uma das alternativas seria o agrupamento dos animais (quando possível, pois depende do operacional das fazendas). Com o agrupamento, animais de baixa poderiam ser alocados para receber uma dieta mais barata e com menor teor energético (Geralmente mais fibra, menos amido, menos gordura, menos aditivos, etc.) e com isto potencializar a eficiência produtiva, e principalmente econômica do rebanho.

Uma revisão recente do JDS (Barrientos-Blanco et al., 2022) ressalta os benefícios das técnicas de agrupamento, além dos fatores acima citados, a sua importância na sustentabilidade da pecuária de leite, uma vez que existe potencial grande de se otimizar o uso de nutrientes e reduzir desperdício. A sustentabilidade cada vez mais tende a ser um assunto mais presente nos próximos anos. Fica como sugestão de leitura.

 

Leia também: 

 

Referências

BARRIENTOS-BLANCO, J.A.; WHITE, H.; SHAVER, R.D.; CABRERA, V.E. Literature Review: Considerations for nutritional grouping in Dairy farms. Journal of Dairy Science, v.105, n.3, 2022.

DRACKLEY, J.K. Biology of dairy cows during the transition period: the final

frontier? Journal of Dairy Science, v.82, p.2259-2273, 1999.

DRACKLEY, J.K. Physiological adaptations in transition dairy cows.

Minnesota Dairy Herd Health Conference, St. Paul, MN. University of Minnesota,

St. Paul. 74-8, 2004.

 

GUILHERME FERNANDO MATTOS LEÃO

Médico Veterinário e Dr. em Zootecnia (UFPR). Contato: (42) 9 9928-5109 dairy.innovationbrazil@gmail.com @dairy_innovation

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures