GDT: preços seguem pressionados

Nesta semana foi realizado o 329º evento do leilão Global Dairy Trade (04/04) e o foi constatado que o início de abril manteve o viés de queda no cenário global já observado anteriormente. Com um recuo de 4,7%, o primeiro evento do mês da plataforma GDT apresentou uma média de US$ 3.227/tonelada.

Gráfico 1. Preço médio leilão GDT.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
 

Nesta primeira quinzena, o volume negociado passou por recuo em relação à quinzena anterior. Ao todo, foram negociadas 23.828 toneladas de lácteos, volume 11% inferior ao negociado no último leilão, sendo esse o menor volume registrado desde agosto de 2022.

Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
 

Dentre os produtos lácteos, somente os queijos passaram por uma variação positiva, de 3,8%, sendo comercializados na média de US$ 4.167/tonelada.

Já os demais produtos continuaram apresentando desvalorizações. O leite em pó integral foi negociado em média por US$ 3.053/tonelada, uma queda de 5,0%, a maior queda observada no último evento, seguida pelo recuo de 3,3% observado na manteiga, que foi comercializada na média de US$ 4.595/tonelada, e pela queda de 2,5% no leite em pó desnatado, que fechou na média de US$ 2.579/tonelada

Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.

Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 04/04/2023.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
 

Com um cenário global econômico mais pessimista em 2023, a perspectiva de uma menor demanda por lácteos segue sendo o principal fator relacionado a persistente queda. Além disso, a diminuição das importações chinesas também continua a pressionar os preços.

Desta vez, o fator China também foi responsável pela queda nos contratos futuros de leite em pó integral da Nova Zelândia, que pode ser observada no gráfico 4. Com a diminuição das compras chinesas, a principal cooperativa neozelandesa e uma das proprietárias do GDT, a Fonterra, reduziu novamente sua previsão de preços pagos ao produtor, desvalorizando também os contratos futuros do próprio GDT e da NZX (Bolsa de Valores da Nova Zelândia). O contrato futuro com vencimento mais próximo, para abr/23 chegou a desvalorizar 3,1% frente a última quinzena.

Gráfico 4. Contratos futuros de leite em pó integral.

Fonte: GDT X NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2023.
 

Entretanto, além da demanda da China, o crescimento da produção de leite no hemisfério norte, que se aproxima do seu pico, também auxiliou a impulsionar essa queda observada.
 

E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?

Para entendermos o impacto das negociações do evento GDT no mercado nacional, podemos considerar o câmbio desta terça-feira (04/04/2023) — R$ 5,07 — e o valor do leite em pó integral internacional (US$ 3.053 /tonelada), para chegarmos ao preço equivalente de um leite importado colocado no Brasil, que seria de R$ 1,62 /litro.

Esse valor está abaixo se comparado com o leite pago ao produtor no mês de março – fechado na média de R$ 2,73 /litro (CEPEA/ESALQ) – e também inferior se comparado ao preço do leite spot da segunda quinzena de março (R$ 3,03 /litro – média Brasil).

Bom destacar que, apesar de o GDT ser o principal balizador de preços de lácteos do mundo, nos últimos meses os nossos principais fornecedores de lácteos para importações (Argentina e Uruguai) têm praticados preços bem superiores aos do GDT.

De acordo com o levantamento do MilkPoint Mercado, os preços praticados no Mercosul na segunda quinzena de março para o leite em pó integral fecharam na média em US$ 4.136 /tonelada. Considerando o dólar a R$5,07, chegamos ao preço equivalente de um leite importado colocado no Brasil, que seria de R$ 2,32 /litro – valor ainda abaixo dos preços do leite brasileiro.

Dessa forma, com preços internacionais ainda competitivos frente aos preços brasileiros, as importações de lácteos do Brasil devem seguir estimuladas nos próximos meses.