Nas últimas semanas, as indústrias de laticínios têm enfrentado um mercado frio, com demanda fraca, pressão por baixa nos preços e grandes dificuldades para escoamento da produção — especialmente, no mercado de queijos.
Para tentar dar vazão a essa produção, os preços da indústria ao varejo têm cedido. Conforme levantamento semanal no MilkPoint Mercado, os preços do quilo da muçarela saíram de R$ 28,00 na 1° semana de junho para R$ 26,20 na última semana. Então, abaixando os preços, as indústrias estão conseguindo dar vazão a sua produção, certo? Errado!
O MilkPoint Mercado acompanha um grupo de indústrias, que representam cerca de 16,3% de toda muçarela produzida no país para avaliar os níveis de produção e estoque do produto. Ao analisarmos a produção de muçarela de junho (gráfico 1), percebe-se uma produção 11,9% inferior a do mesmo mês de 2020. Concomitantemente, vimos o estoque do produto (gráfico 2) iniciar julho com o equivalente a 21,6 dias de produção, frente a 8,5 dias de estoque no início de julho de 2020.
Como aumentar esse fluxo de vendas? Diminuir ainda mais os preços seria a solução do problema?
Em um cenário de inflação industrial altíssima (IGP-DI acumulado de 36,5%, nos últimos 12 meses), preço da matéria-prima valorizada (CEPEA: R$2,20 - média BR de junho – cerca de 45% mais alta que em junho do ano passado) e margens apertadas, diminuir ainda mais os preços não parece ser a melhor “solução”.
Dessa forma, ao buscar saídas, inevitavelmente esbarramos na face que dita o ritmo do mercado: a demanda. Somente um aquecimento da demanda — o que não temos visto até agora — poderá dar sustentação aos preços, aumentar o volume de vendas e aliviar os estoques.
O crescimento do PIB, e seus respectivos reajustes, para cima, trouxe certo otimismo de reaquecimento ao mercado. Entretanto, esse otimismo ainda não teve um resultado prático no consumo de lácteos. Por outro lado, a taxa de desocupados e desempregados bateu recorde no 1° trimestre deste ano, com a taxa de desemprego de 14,7% (IBGE).
O que poderia virar o jogo?
Segunda-feira, 05/07, o governo anunciou a prorrogação do auxílio emergencial — mantidos os valores — por mais 3 meses, estendendo o pagamento até outubro. Boa notícia! Mas será só isso o suficiente? Pouco provável. Enquanto isso, esperamos a melhora dos outros fatores que podem colaborar, como:
- Ritmo de vacinação;
- Retomada plena da mobilidade urbana;
- Melhora do desemprego e aumento da renda média das famílias.
Nessas últimas semanas frias — tanto no clima como no mercado — a saída das queijarias têm sido o estoque. Será que teremos um clima mais quente nas próximas semanas? Só o tempo vai nos dizer.