Os resultados definitivos da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE para o primeiro trimestre de 2023, divulgados nesta terça-feira (06/06), confirmaram a queda sinalizada pelos dados preliminares.
O primeiro trimestre do ano encerrou com uma captação de 5,88 bilhões de litros, ficando 1,2% abaixo do total obtido no primeiro trimestre de 2022, quando foram captados 5,95 bilhões de litros, como mostra o gráfico 1.
Tabela 1. Captação mensal de leite no Brasil
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Gráfico 1. Captação formal: Variação em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Em relação aos principais estados produtores, somente Santa Catarina apresentou variação positiva no período (+4,5%). Por outro lado, Minas Gerais, que é o maior estado produtor de leite do país, apresentou uma expressiva redução anual no volume total de leite para o trimestre (-5,3%).
Gráfico 2. Variação na captação formal dos principais estados produtores entre o primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2022
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Ao analisar as grandes regiões, o Sul do país, que atualmente é a maior região produtora de leite do Brasil, mostrou maior resiliência e obteve um pequeno crescimento de 0,8%. Além do Sul, a região Nordeste segue em ritmo de crescimento e teve um aumento no trimestre de 2,1%. Por outro lado, o Sudeste apresenta a maior queda entre as regiões – bastante influenciado pelo resultado de Minas Gerais.
Gráfico 3. Variação na captação formal de leite das regiões brasileiras entre o primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2022.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Os resultados para este 1º trimestre reforçam a mudança geográfica que a produção de leite no Brasil vem passando, com a região Sul se consolidando como a principal região produtora de leite no país – posição anteriormente ocupada pelo Sudeste.
Além da mudança geográfica, outra transformação estrutural importante é em relação à base produtiva (nº de produtores e nº de vacas em produção). Mesmo em um cenário de melhor rentabilidade para o produtor de leite, desde o 2º semestre do ano passado, a produção ainda segue em queda, evidenciando que a base produtividade segue diminuindo.
Abaixo, podemos observar o indicador de rentabilidade Receita Menos Custo da Alimentação (RMCA), que tem obtido resultados bem mais favoráveis do que os mesmos meses dos anos anteriores, em consequência do aumento do preço do leite e da forte queda nos preços dos grãos.
Gráfico 4. Receita Menos Custo da Alimentação (RMCA).
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado.
Apesar do novo resultado negativo para a captação do 1º trimestre, espera-se que esse cenário mais favorável para a produção nos últimos meses reflita em recuperação do volume de captação ao longo do restante do ano de 2023.