Segundo dados divulgados nessa segunda-feira (07/06) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos foi de -41 milhões de litros em equivalente leite no mês de maio, uma queda de 58% quando comparada a abri/21. Quando olhamos para o mesmo período do ano passado, este valor foi 6% ‘menos negativo’. Confira a evolução no saldo da balança comercial láctea no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos. Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
No mês de maio observamos a instabilidade do dólar frente ao real e os preços internacionais do evento GDT ‘andando de lado’, ou seja, ainda se mantendo acima dos US$ 4.000/ton. Considerando os resultados do último leilão (US$ 4.062/ton — leite em pó integral) e a média do dólar no mês de maio/21 (R$ 5,29) chegamos ao preço equivalente a um leite importado pago no Brasil de R$ 2,62.
Apesar do valor seguir acima do leite pago ao produtor em maio — fechado na média de R$ 2,03/litro (CEPEA/ESALQ) — o valor é inferior ao spot da primeira quinzena de junho (R$ 2,71 — média Brasil), o que volta nossa atenção a balança de importação e exportação de lácteos para o mês. Ou seja, com os preços internos superiores aos externos, temos uma mudança de cenário para o leite importado.
As importações brasileiras de lácteos aumentaram 14% em maio em relação a abr/21, com 58 milhões de litros em equivalente leite internalizados. No acumulado do ano (jan/mai) de 2021 em relação a 2020, internalizamos 470 milhões de litros em equivalente leite, 47% acima do mesmo período de 2020.
Os leites em pó seguem sendo os derivados mais importados, representando 50% do total das importações brasileiras. Os queijos também tiveram destaque nas importações, representando 23% do total. O leite modificado e o doce de leite foram os produtos que apresentaram maior aumento nas importações – um incremento de 1.492% e 509%, respectivamente.
Voltando aos valores do último leilão GDT e o valor médio do dólar no mês de maio, chegamos a um preço interno máximo de R$ 2,39/litro para que as exportações continuem competitivas. Ao compararmos esse valor com a média do preço spot no mesmo mês (R$ 2,40/litro), conclui-se que a venda do leite brasileiro no exterior está deixando de ser viável.
Este fator se comprovou a partir da desaceleração das exportações brasileiras de lácteos neste mês, com um decréscimo de 31% do volume exportado em relação ao mês passado. No total foram 17,4 milhões de litros em equivalente-leite exportados, que representaram um aumento de 210% em relação a mai/20. Já no acumulado do ano (jan/mai), no ano vigente foram exportados 68 milhões de litros em equivalente leite contra apenas 37 milhões de litros em equivalente leite no mesmo período de 2020.
O leite condensado (17%), o leite modificado (13%) e o leite UHT (12%) foram os produtos de maior relevância nas exportações. O leite em pó desnatado teve suas exportações aumentadas em 671% em relação a abr/21, totalizando 239 mil litros equivalentes em mai/21. Em compensação, as exportações do leite em pó integral caíram 42%, indo de 1.996.853 mil litros equivalentes em abr/21, para 1.148.225 mil litros equivalentes em mai/21.
Na tabela 2, é possível observar as movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de maio desse ano.
Tabela 2. Balança comercial láctea em maio de 2021.
Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
Vale destacar que com o dólar se aproximando dos R$ 5,00 (R$ 5,03 — cotação 08/06/21), o valor do leite importado que chega no Brasil cai para R$ 2,38/litro e o preço interno máximo para que as exportações continuem viáveis vai para R$ 2,26. Assim, como a oferta de leite interna é, em algum grau, influenciada pelo mercado externo, devemos nos manter atentos para as próximas movimentações. Por isso fique ligado no MilkPoint.