Segundo dados divulgados na terça-feira (07/03) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos ficou praticamente estável, em relação ao mês anterior, fechando o mês de fevereiro em -145,0 milhões de litros em equivalente-leite.
Os números apontam um leve recuo no mês de aproximadamente 300 mil litros em equivalente-leite, ou -0,9%. Ao se comparar ao mesmo período do ano passado (fevereiro/2022), o saldo permaneceu em nível inferior, sendo que o valor em equivalente-leite nesse período foi de -20,4 milhões de litros.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações apresentaram pequeno crescimento em fevereiro, no comparativo mensal, fechando em cerca de 6,5 milhões de litros em equivalente-leite. O período apresentou um aumento de 1,2 milhão de litros no volume exportado, representando um avanço de aproximadamente 22%. Ao se comparar com janeiro de 2022, observa-se um decréscimo maior de -15 milhões de litros, representando um recuo de aproximadamente -70% no volume exportado no período.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Do lado das importações, o volume importado no mês de fevereiro se manteve estável em relação a janeiro, fechando em 151,5 milhões de litros – volume esse que é somente 0,1% abaixo do observado para janeiro. Entretanto, se comparado ao mesmo mês do ano anterior, observa-se um aumento de 109,4 milhões de litros em equivalente-leite.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Os preços internacionais se mantendo em patamares baixos, o aumento dos preços dos derivados no mercado interno (no final de 2022 e início de 2023) e a elevação do preço do leite matéria-prima nos últimos meses contribuíram para formar esse cenário.
Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em fevereiro, temos o leite em pó integral, o leite em pó desnatado, os queijos e o soro de leite, que juntos representaram 95% do volume total importado. O leite em pó integral teve um avanço de 11% em seu volume importado. Em contrapartida, o leite em pó desnatado teve uma redução de 26% em seu volume importado. Os queijos, por sua vez, avançaram 8%.
Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite condensado, o creme de leite, o leite UHT, e os queijos, que juntos, representaram 90% da pauta exportadora. O leite UHT reduziu cerca 24% o volume exportado no mês, o creme de leite reduziu 33%, enquanto o leite condensado e os queijos aumentaram 18% e 33%, respectivamente.
A tabela 1 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de janeiro deste ano.
Tabela 1. Balança comercial láctea em fevereiro de 2023.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para o próximo mês?
A expectativa para os próximos meses é que as importações apresentem pequenos recuos, mas que ainda siga nos atuais patamares. Tendo em vista que os preços dos lácteos no mercado interno têm apresentado quedas nas últimas semanas, espera-se que o mercado brasileiro demande por menor quantidade de produtos internacionais. Por outro lado, alguns compradores brasileiros já estão com negociações concretizadas para entressafra de leite no Brasil e que devem ser entregues nos próximos meses.
Entretanto, sempre é importante avaliar a questão cambial: o governo dos Estados Unidos sinalizou que pode aumentar ainda mais a taxa de juros norte-americana, o que tende a desvalorizar o real frente ao dólar – assim, diminuindo eventualmente a competitividade das importações.
Para exportações, com preços internacionais ainda em baixos patamares, não se projeta uma janela exportadora para os lácteos brasileiros no curto prazo. Assim sendo, nos próximos meses deveremos observar menor volatilidade nos resultados de importações, exportações e saldo final da balança comercial.