A NotCo, startup chilena que faz versões veganas de alimentos com o uso de inteligência artificial, vai ampliar sua linha de produtos no Brasil em 2020. Meses após trazer ao país a 'maionese' sem ovos, feita à base de plantas, a foodtech adicionará ao seu cardápio o NotMilk e o NotIceCream, em parceria com varejistas como Pão de Açúcar, Carrefour e St. Marché. Presente no Chile, Argentina e Brasil, a empresa planeja acelerar sua expansão internacional.
A companhia acaba de inaugurar um escritório em São Francisco, na Califórnia. Além de captar tendências, o plano é lançar os produtos nos Estados Unidos também no ano que vem. “O mercado americano está adiantado uns dois anos, quando comparado ao latino. É necessário olhar de perto. A NotCo está preparando uma grande entrada no país”, diz o CEO e fundador, Matias Muchnick.
O mercado de proteína à base de vegetais pode atingir US$ 85 bilhões até 2030, ante US$ 4,6 bilhões de 2018, segundo o banco suíço UBS. O potencial de crescimento atrai frigoríficos, redes de fast-food e investidores.
A americana Impossible Foods, por exemplo, produz por mês 226 toneladas de carne à base de vegetais, e em agosto fechou contrato com o Burger King. Desde a fundação, em 2011, levantou mais de US$ 750 milhões de investidores como Google Ventures e Temasek, além do próprio UBS.
O McDonald’s lançou em setembro parceria similar com a Beyond Meat, empresa listada na Nasdaq e com valor de mercado superior a US$ 4 bilhões. No Brasil, Marfrig e Fazenda Futuro lançaram hambúrgueres similares. Com outra proposta - criar carne de boi e frango em laboratório, por multiplicação celular -, a foodtech Memphis Meats levantou cerca de US$ 20 milhões da Tyson Foods e dos bilionários Bill Gates e Richard Branson.
Fundada em 2015 no Chile por Matias Muchnick, Karim Pichara e Pablo Zamora, a NotCo recebeu investimento do Kaszek Ventures, fundo dos criadores do Mercado Livre. Jeff Bezos, fundador da Amazon, colocou outros US$ 30 milhões no projeto.
Muchnick tem a ambição de transformar a NotCo na “Nestlé das novas gerações”. O empresário diz que 2019 foi importante nesse sentido, já que conseguiu contratar executivos de marcas como Danone, Sprite e Pepsico. “Encontrar esses profissionais foi o primeiro passo para transformar a NotCo numa empresa de relevância global”, afirma. “A empresa quer operar como uma multinacional, e tomar decisões rápidas como uma startup.”
Para estruturar a expansão, a startup se prepara para uma nova rodada de investimentos. Também constrói em Santiago, no Chile, um centro de pesquisas de 3 mil m2, onde trabalharão especialistas em áreas como inteligência artificial e biotecnologia. A empresa prevê entrar no mercado de carne vegetal, com opções de frango e peixe.
No Brasil, a NotCo espera superar desafios regulatórios e crescer. Segundo Luiz Augusto Silva, presidente da empresa no país, a startup tem dois anos para ser reconhecida nacionalmente, estar em pelo menos sete diferentes categorias de produtos e alcançar um faturamento na casa das centenas de milhões de reais.
Luiz será um dos palestrantes do Dairy Vision 2019, evento que ocorrerá nos dias 26 e 27 de novembro em Campinas, SP, na Expo Dom Pedro. O tema da sua palestra será "Reinventando o alimento através da tecnologia". Para mais informações sobre o evento acesse https://www.dairyvision.com.br/
“Bebidas feitas à base de vegetais são mais taxadas que as produzidas com leite de de vaca. Isso se reflete no preço e transforma o nosso produto em algo mais ‘premium’ do que gostaríamos”, diz Muchnick. Além de se consolidar em São Paulo, a empresa pretende avançar para Rio de Janeiro e Belo Horizonte no ano que vem.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas pela Equipe MilkPoint.