O MilkPoint recebeu vários e-mails e mensagens de produtores de leite, laticínios e informantes sobre como a greve dos caminhoneiros está interferindo na cadeia leiteira. Ao longo da semana, atualizaremos essa matéria em tempo real com novas informações:
23/05
Declaração do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, sobre a paralisação:
Nota de Imprensa do Sindileite/SC, escrita por Valter Antônio Brandalise, presidente do Sindileite/SC (Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Santa Catarina), no dia 23 maio.
"Com o agravamento dos bloqueios nas rodovias tanto Federais quanto Estadual, que impedem a livre circulação de veículos para transporte de leite cru das propriedades rurais, dos entrepostos, escoamento da produção para o mercado, e também a chegada de insumos para produção, diversas empresas associadas ao SINDILEITE – SC estão sem alternativas para manter a operação, e podem paralisar as coletas de leite no campo, e das plantas industriais. Já têm empresas que anunciaram a paralisação das operações a partir de hoje. Entendemos o pleito dos caminhoneiros, entretanto não temos nenhuma ação sobre o movimento, e cabe ao Governo Federal agir o mais rápido possível no sentido de negociar o fim da greve e restabelecer a normalidade no país. Pedimos sinceras desculpas aos produtores de leite e aos consumidores, mas temos a convicção de que fizemos tudo o que foi possível para não chegarmos neste extremo. Tão logo o impasse seja resolvido serão retomadas as operações normalmente".
Vídeo enviado por um leitor de Santa Catarina:
Comunicado do Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Goiás – SINDILEITE GO, por Joaquim Guilherme Barbosa de Souza - Presidente.
"Somos sabedores do direito constitucional à greve e o respeitamos, porém devemos também respeitar o direito de quem não quer participar por motivos óbvios; dentre quais, os transportadores de leite. Sabemos que o leite é produzido e extraído diariamente: sem dias de greve, feriados e fins de semana, e se o mesmo não for extraído da glândula mamária, acarretará a saúde do animal lactante. O leite é um negócio praticado em todos os municípios goianos - para a alimentação e também, negócios com as indústrias processadoras. Diante da greve dos caminhoneiros - que dura mais de 48 horas - o leite não está sendo recolhido nas fazendas produtoras, causando assim um imensurável prejuízo aos produtores e às indústrias que estão impotentes, já que não podem captar o leite in natura, bem como colocá-lo após à industrialização no mercado. Assim sendo, apelamos as autoridades competentes que nos ajude a desenrolar este estado de coisa no sentido do convencimento da liberação dos veículos transportadores de leite, bem como, informamos aos produtores de leite que seu produto - o leite - não será captado enquanto não houver uma liberação das rodovias para a circulação dos caminhões transportadores de leite".
Vídeo gravado em Nova Prata do Iguaçu/PR:
Comunicado da Aproleite, no Sudoeste de Minas Gerais, sobre a paralisação dos transportes, por Marcelo Maldonado Cassoli – Presidente da Aproleite Sudoeste de Minas, no dia 22 de maio.
"A Aproleite vem comunicar seus sentimentos de tristeza, indignação e revolta com nossos governantes, por conta da situação causada pelo aumento abusivo dos preços e tributação dos combustíveis, especialmente do diesel, do qual também somos diretamente dependentes, assim como nossos parceiros caminhoneiros. A partir de hoje, nossos produtores associados, com muito ressentimento e dor no coração, serão obrigados a descartar mais de 150 mil litros de leite por dia, devido à paralisação dos transportes. Leite esse que centenas de pessoas envolvidas labutaram desde a madrugada até a noite para produzir, com todo o cuidado sanitário e qualidade. Esse alimento nobre será descartado como chorume nas fazendas, enquanto tantas pessoas necessitam dele, pois somos proibidos de doá-lo sem que seja pasteurizado. Não bastasse o desperdício e o prejuízo, ainda corremos o risco de não termos alimentos suficientes para saciar a fome dos nossos animais, milhares deles. Nós, do agronegócio brasileiro, que há tempos trabalhamos carregando o Brasil nas costas, salvando sua economia da incompetência e roubalheira governamental, não podemos aceitar mais tamanho descaso e cinismo do Governo. Temos também que protestar. Solicitamos que nossos representantes legais, em nosso caso a FAEMG e CNA, se mobilizem junto ao Governo em nossa defesa. E que nossos Sindicatos de Produtores Rurais também o façam. Que providenciem logo uma negociação com os caminhoneiros e evitem um mal maior, e que façam da nossa pátria uma nação mais digna para se trabalhar, produzir e viver!"
Vídeo de um produtor de leite jogando o seu leite fora. O vídeo foi enviado pelo Whatsapp:
"Quanto maior a extensão da greve dos caminhoneiros, maior o impacto no preço dos alimentos", por Michele Nunes, professora de Economia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio:
"A greve dos caminhoneiros já começou a apresentar impacto direto na falta de produtos do setor alimentício e na alta dos preços dessas mercadorias. Como os alimentos não conseguem chegar aos centros de abastecimentos por estarem presos nas estradas que estão parcialmente interditadas, os que estão à venda nos supermercados estão com preços superfaturados.Os comerciantes tendem a aumentar o processo do produto escasso e dos que ainda não estão disponíveis. Além disso, a entrega mais cara vai recair também sobre o preço. Trata-se da lei da demanda e da oferta. Quanto maior a extensão da greve, maior o impacto nos preços. Isso vai pesar bastante no bolso dos consumidores".
22/05
Região Sul
Segundo um informante do MilkPoint de Santa Catarina, se a greve continuar como está, muitas empresas não conseguirão coletar a matéria-prima. "Em algumas regiões do estado, algumas indústrias hoje já não conseguiram coletar. Sem falar que não chega insumos e embalagens nas fábricas, é questão de tempo para estrangular e fábricas vão parar por diversos motivos: armazéns cheios, falta de insumos e embalagem ou, até por não conseguirem chegar com os caminhões de coleta nos produtores. Estão prendendo os veículos nas diversas barreiras".
Uma indústria láctea gaúcha enviou o seguinte comentário: "O negócio está ficando feio, são muitos caminhões retidos. Talvez os laticínios tenham mesmo que suspender as coletas se não houver negociação para liberarem os alimentos perecíveis".
Indústria do Norte do Paraná: "A coisa está feia e a princípio, cortamos o transporte de leite spot. De ontem para hoje, a greve se fortaleceu. Caminhões vazios não conseguem chegar no destino das cargas e os caminhões cheios estão presos nas barreiras, que vão desde o RS até SP. As grandes empresas já cogitam parar de captar de produtores pois não conseguem escoar o produto também. Logo também, haverá falta de embalagens".
Uma outra indústria paranaense comentou que o abate de suínos caiu 50% hoje e - que amanhã - provavelmente não terá caminhões para recolher os animais, ficando a atividade totalmente comprometida. "Os caminhões chegam cheios mas os vazios param no bloqueio. Estamos conseguindo 40% de desvio por outras estradas, mas os grevistas estão ameaçando colocar fogo nos caminhões, fato que está gerando medo nos motoristas. Acredito que até amanhã o negócio ficará insustentável".
O Sindicato da Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat) solicitou publicamente uma rápida resposta do governo ao pleito dos caminhoneiros que realizam manifestação nas estradas gaúchas e de todo o Brasil pela redução do preço do óleo diesel. O ato está represando cargas de produtos perecíveis da cadeia produtiva nas vias gaúchas e já compromete a atividade fabril nesta terça-feira (22/5). "Sem a liberação dos veículos, os laticínios gaúchos ficam impossibilitados de realizar a captação de 12,6 milhões de litros de cru em 65 mil propriedades rurais do Rio Grande do Sul. O leite é um produto vivo e sujeito a rígidas normas de captação. Se os veículos não chegarem às propriedades dentro do prazo, os produtores terão sua produção descartada, um prejuízo gigantesco para um setor que vive momento de dificuldade ímpar em sua história. O Sindilat compreende a legitimidade da manifestação e se solidarizam com o movimento dos caminhoneiros, mas, em caráter emergencial, solicita que o governo do Estado e as autoridades competentes negociem com os manifestantes a flexibilização para o livre trânsito de caminhões de leite carregados ou não, até porque estes estão devidamente identificados para essa finalidade conforme prevê a Lei do Leite".
Esta foto abaixo foi enviada para o Whatsapp do MilkPoint e mostra a paralisação no trevo de Bom Retiro do Sul, RS:
Nota de Imprensa do Sindileite/SC, escrita por Valter Antônio Brandalise, presidente do Sindileite/SC (Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Santa Catarina):
"A greve dos caminhoneiros está trazendo grandes prejuízos para a cadeia láctea do Estado de Santa Catarina. Os bloqueios estão impossibilitando que caminhões cheguem às propriedades e as indústrias, comprometendo a operação tanto de recebimento de leite, como de recebimento de insumos para a produção e escoamento da produção para o mercado consumidor. O prejuízo pode atingir mais de 45 mil famílias de produtores que produzem 7 milhões de litros de leite todos os dias. Também deve afetar a grande maioria das plantas de laticínios do estado, que correm o risco de paralisar as operações até o término da greve. Entendemos e nos solidarizamos com o pleito do movimento dos caminhoneiros, porém é imprescindível que o Governo Federal abra as negociações o mais rápido possível e restabeleça o estado de normalidade no país".
Região Sudeste
Produtor de leite de Lavras, MG: "Estou com 5 mil litros de leite estocado e o laticínio para qual eu forneço não tem como coletar. Não sei o que fazer, pois se eu descartar, posso ser multado. O preço que recebemos já é baixo e ainda terei que jogar fora. Já não tenho onde colocar o leite da ordenha desta tarde. Nós produtores entendemos a situação e dependemos de frete para insumos, mas, os laticínios não vão indenizar todo esse leite perdido. E se vendermos, é quebra de contrato". Veja a foto abaixo que este produtor enviou junto ao seu comentário:
Corroborando com o depoimento acima, uma outra produtora de leite da região de Três Corações/MG, enviou a seguinte reclamação: "Hoje o caminhão não coletou o meu leite. Não sei o que fazer". Ainda em Minas Gerais, segundo um informante de uma indústria no Sul do estado, "a empresa conseguiu captar 65% do leite hoje, mas, está com estoques crescentes".
Segundo um Gestor da Associação dos Produtores de Leite do Sudoeste de Minas - APROLEITE, infelizmente a região na qual ela está inserida, está sendo atingida diretamente pela ação da greve. "Entendemos o objetivo, pois também sofremos os impactos dos reajustes nos combustíveis, contudo como produzimos um alimento perecível fica complicado administrarmos a situação sem termos tido previsibilidade. Grande parte do leite da região de Passos/MG não foi coletado ontem e hoje, os estoques dos laticínios/queijarias da região estão cheios e não conseguimos escoar. As embalagens também não chegam para industrializar, produtores estão ficando sem alternativa e sem saber qual providência tomar, pois sem capacidade de estocagem e sem coleta, o que teria de ser feito era tentar aproveitar ao máximo a matéria-prima para consumo e descartar o restante, mas como fazer o descarte? Sabemos do problema que gera o descarte de leite se não tiver controle. No geral, também reflete na área da alimentação dos animais (ração não chega para animais confinados), confecção de silagens estão parando (pois já está faltando diesel). Então particularmente fico numa saia justa pois o problema nos reajustes dos combustíveis está virando falta de respeito com o cidadão trabalhador. Por outro lado, como estou intimamente ligado a cadeia do leite, também vejo o transtorno que está gerando o tipo de ação tomada pelo formato da greve. O ideal no momento seria ao menos liberarem a passarem dos transportes para alimento perecível e transporte de cargas vivas, contudo, nem isso estamos conseguindo".
Nota de imprensa do Silemg (Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais): “O Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais reconhece a legitimidade da paralisação dos caminhoneiros contra os constantes aumentos no preço dos combustíveis e se solidariza com a classe. Porém, tal ato provoca perdas inevitáveis para toda a cadeia leiteira, como o consequente risco de descarte de mercadorias in natura, a demora no transporte e entrega das cargas, a não captação do leite nas propriedades, gerando prejuízos aos produtores rurais, indústria, transportadores e consumidores. Há risco de desabastecimento de leite e seus derivados".
Este vídeo abaixo foi enviado para o Whatsapp do MilkPoint e mostra um caminhão sendo apedrejado ao passar pela barreira imposta pelos grevistas na região de Itapetininga, SP:
Região Centro-Oeste
"Está muito complicado...Já temos várias cargas bloqueando a passagem". Esta foi a informação recebida de uma indústria de Goiás.
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