Os produtores de leite em todo o sul da Europa estão sentindo uma pressão intensa, pois o conflito entre a Rússia e a Ucrânia provoca uma crescente escassez de ração para seus rebanhos.
A Ucrânia, que é um grande fornecedor global de ração animal, não conseguiu exportar milho e trigo, dois principais ingredientes para rações, nas últimas semanas.
De acordo com a Reuters, a indústria agrícola da Itália está sentindo especificamente os efeitos do conflito Rússia-Ucrânia. A Assalzoo, uma organização italiana de pecuaristas, alertou que centenas de vacas leiteiras correm o risco de abate prematuro, pois os estoques de matérias-primas usadas para produzir ração podem durar apenas mais um mês.
Se as vacas leiteiras forem abatidas devido à falta de ração, Michele Liverini, presidente interina da Assalzoo, disse que levaria anos para se produzir leite novamente. “No caso de vacas leiteiras, se pararmos e as enviarmos para o abate, levará de sete a oito anos para reconstruir uma fazenda para produzir leite novamente”, disse Liverini. “O problema é muito sério; tem que ser analisado por todos nós da cadeia. Do grande comércio varejista, a produtores de cereais e importadores, temos de ter um papel de responsabilidade neste momento, e temos de levar um aumento ao cliente final, à dona de casa, à família, mas pelo menos, garantir comida a eles. Não podemos fazer de outra maneira”.
Pietro Fusco, executivo-chefe da produtora de leite Cirio Agricola, localizada no sul da Itália, disse que o conflito na Ucrânia exacerbou um momento já difícil. “O conflito ucraniano-russo substituiu um período já estressante para nós, após dois longos anos de pandemia, que já sobrecarregavam a gestão dos negócios”, diz Fusco. “Atualmente temos problemas com a compra de ração para os animais. Acima de tudo, também há um problema com o transporte e, portanto, a impossibilidade de ter suprimentos a tempo, então é isso que estamos sofrendo e pagando muito hoje.”
Hungria, Sérvia e Moldávia também estão contribuindo para o dilema da escassez de ração, informa a Reuters. Esses países proibiram as exportações enquanto buscam proteger seus próprios produtos agrícolas. Na Espanha, os suprimentos de ração também se esgotaram. O país era anteriormente um sério comprador de produtos de milho ucranianos, mas foi cortado logo após a invasão russa.
Agustin de Prada, supervisor da associação de pecuaristas da Espanha, Asoprovac, em Castela e Leão, afirma que o aumento dos preços foi brutal e levanta questões sobre a viabilidade das fazendas.
As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.