O rótulo de comércio justo e solidário foi criado há dezenas de anos para ajudar os artesãos de países em desenvolvimento. Agora, há comércio justo e solidário de bolas de futebol e de sopas. Em breve, teremos um movimento semelhante na indústria de laticínios dos Estados Unidos.
A fabricante de iogurtes Chobani está colaborando com a Fair Trade USA, organização sem fins lucrativos da Califórnia, na criação de um rótulo que indique que o leite usado nos seus produtos veio de fazendas que tratam de maneira humanitária seus trabalhadores e também as vacas.
A Chobani pagará um prêmio pelo leite fornecido pelas fazendas que aceitarem o processo de avaliação da Fair Trade USA, no qual auditores inspecionam periodicamente os rebanhos, entrevistam os trabalhadores e avaliam questões ambientais como a contenção dos dejetos líquidos.
E a empresa acredita que o prêmio destacará as boas práticas de um setor que vem sendo bastante visado. Os ambientalistas estão preocupados com as emissões de carbono das vacas, os críticos questionam os benefícios do leite para a saúde, e muitos pequenos produtores estão profundamente endividados. “Quando foi que a fazenda se tornou um lugar tão problemático?”, perguntou Hamdi Ulukaya, diretor executivo e um dos fundadores da Chobani. “A fazenda é um lugar mágico. É a espinha dorsal deste país”.
A importância dos comentários de Ulukaya foi enfatizada em junho por um vídeo clandestino em que trabalhadores abusavam brutalmente de novilhas em uma grande fazenda fornecedora de leite para a marca de produtos especiais da Fairlife. A Fairlife e a Coca-Cola, que distribui leite de alto teor proteico e investe na marca, anunciaram que aumentaram as inspeções e o treinamento dos trabalhadores a fim de melhorar o bem-estar dos animais nas fornecedoras.
Depois de anos de rápido crescimento, graças em grande parte à popularização do iogurte grego da Chobani, o mercado esfriou. As vendas de iogurte da companhia continuaram crescendo, mas as vendas globais de iogurte grego declinaram. O rótulo de comércio équo e solidário poderá melhorar a marca da Chobani entre os consumidores que preferem produtos saudáveis e são socialmente conscientes de uma costa à outra dos EUA.
Há alguns anos, a companhia provocou estardalhaço ao contratar um grande número de refugiados, e suscitando apelos dos críticos para que a marca fosse boicotada. A Fair Trade USA, criada em 1998 para ajudar os cafeicultores do mundo todo, recentemente começou trabalhar com uma variedade de fazendas nos Estados Unidos. Os rótulos cobrem 40 categorias e no ano passado geraram cerca de US$ 105 milhões de prêmios para os produtores, informou Paul Rice, fundador do grupo.
A Fair Trade USA ganha anualmente cerca de US$ 15 milhões em taxas que as marcas pagam pela certificação e pelo direito de usar o rótulo. Jeremy Brown, produtor de Nova York, disse que apoia todas as iniciativas para ajudar os consumidores a apreciarem os esforços exigidos na administração de uma fazenda como a sua, que tem cerca de 2.900 vacas.
Mas Brown, que fornece leite à Chobani por meio de uma cooperativa, disse que provavelmente isto não será suficiente para melhorar os negócios dos produtores. “Cada pequena coisa ajuda”, afirmou. “As pessoas estão vivendo um momento difícil”.
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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.