O professor Hamish Gow, da Massey University, na Nova Zelândia, ofereceu ao público do Interleite Brasil 2019, que ocorreu nos dias 07 e 08 de agosto em Uberlândia/MG e reuniu cerca de 1000 pessoas, uma apresentação sobre a “Situação atual, os desafios e as oportunidades da Nova Zelândia”. Hamish é bacharel em Comércio Agrícola pela Lincoln University em 1991 e mestre e doutor em ciências pela Cornell University.
Ele mostrou o impacto da formação da Fonterra no ano de 2001 no negócio leite e frisou que um dos principais objetivos da cooperativa foi se tornar um dos maiores negócios lácteos do mundo. A criação da Fonterra fundiu todas as cooperativas de laticínios do país, exceto a Westland e a Tatua.
Gráfico 1 – Com a entrada da Fonterra, a produção de leite na Nova Zelândia continuou se expandindo.
Em meados de 2007, a China passou a ser o principal mercado da Nova Zelândia e até hoje, é o maior importador de lácteos do país. O forte crescimento das importações chinesas deu fôlego para o negócio leite na Nova Zelândia, mantendo o crescimento verificado nos últimos 30 anos. Veja imagem abaixo:
Figura 1 – Os 10 principais destinos de exportações lácteas da Nova Zelândia.
“Basicamente, nós surfamos na onda chinesa e assim, a atividade cresceu muito, porém, ao mesmo tempo, houve um endividamento em função do valor crescente da terra, tanto que em 2014 e 2015, o setor sofreu uma crise e, de lá para cá, o crescimento tem sido errático”, disse ele.
Hamish explicou que para tentar resolver essa questão e trazer liquidez aos produtores, a Fonterra criou o programa Trade Among Farmers, que permitiu que os produtores vendessem as suas cotas, mas continuar com o direito de vender leite para a cooperativa.
Gráfico 3: Crescimento parado e financiado pela dívida.
“Os produtores aumentaram a liquidez e se expandiram principalmente na Ilha Sul, que apresentava melhores condições para o crescimento. Porém, esse leite adicional em grande parte foi destinado aos concorrentes da Fonterra, que não exigiam investimentos para fornecer leite”. Vale destacar que a Fonterra exigia NZ$ 5,5/kg de sólidos entregue para o produtor ter direito de fornecer o leite à empresa.
Por esse fator e outros, o especialista acredita que o leite crescerá muito pouco daqui para frente no país. Além disso, na opinião dele, a Fonterra vem pagando consistentemente mais aos produtores do que poderia e criando um endividamento para si. Não é à toa que as dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa, contribuíram para a decisão da cooperativa e da sócia Nestlé de vender a Dairy Partners Americas (DPA) no Brasil.
Além do negócio no Brasil, operações na China também estão à venda. Nesta semana, inclusive, a empresa anunciou a sua intenção de vender uma parte da sua participação (de 18,8%) na fabricante chinesa de fórmulas para bebês, a Beingmate.
As dificuldades reportadas pela gigante neozelandesa podem ser vistas em recente matéria reproduzida pelo MilkPoint. Veja aqui.
De acordo com Gow, a situação da empresa vem se deteriorando, com perda do valor de mercado, fazendo com que o endividamento fique elevado para o tamanho da empresa, algo que provavelmente não terminará bem. Ele ainda reforçou que acredita que essas circunstâncias podem implicar em oportunidades muito positivas para o leite brasileiro.
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