*Por Raquel Maria Cury Rodrigues, Coordenadora de Conteúdo do MilkPoint
Há 25 anos crescendo junto com o setor leiteiro, o Interleite Brasil, que ocorre nos dias 07 e 08 de agosto em Uberlândia/MG, é o evento que reúne toda a cadeia produtiva para falar de mercado, gestão, inovação e futuro. E como de costume, iniciou ‘os trabalhos’ hoje de casa cheia.
A mesa de abertura contou com Ronaldo Scucato, da OCEMG; João Cruz Reis Filho, do SEBRAE-MG; Paulo do Carmo Martins, Embrapa Gado de Leite; Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da AgriPoint; Marcelo Costa Martins, da Viva Lácteos; Marcelo Candiotto, da CCPR; Alexandre Almeida, da Itambé; Gustavo Rossi, Sindicato Rural de Uberlândia e Luiz Carlos Rodrigues, da Girolando.
Prêmio Vidal Pedroso Faria para iniciar o evento com tudo!
Neste ano, a ganhadora do Prêmio Vidal Pedroso Faria foi Carla Maris Machado Bittar, engenheira Agrônoma pela ESALQ/USP (1994). Carla obteve seu Master of Science pela University of Arizona em 1997 e concluiu o doutorado em Ciência Animal e Pastagens na ESALQ/USP. Ela é professora do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP, em Piracicaba, SP, conduzindo trabalhos de pesquisa na área de Nutrição, Manejo e Metabolismo de animais de reposição, orientando alunos de graduação e pós-graduação. Também, Carla é uma das colunistas do MilkPoint.
Carla Bittar
Como melhorar o ambiente de negócios na cadeia do leite?
O primeiro painel, ‘Coordenação da cadeia e gestão’, deu start com uma discussão inusitada e que gerou um rico debate entre plateia e público: Como melhorar o ambiente de negócios na cadeia do leite?
O primeiro a falar foi Yago Sartori, Gerente de Captação da Embaré. Segundo ele, para que o relacionamento entre indústria e produtor seja sadio, o principal é a transparência. “Esse é o nosso foco. Para isso, utilizamos como ferramenta o Educampo, do Sebrae, como base para os nossos programas de fomento. Os resultados mostram que os produtores que estão ganhando mais dinheiro na atividade apresentam mais de 60% de margem, aumento da escala de produção e menor custo com os concentrados. Por isso, buscamos aumentar a produtividade e comprar alimentos mais baratos (Projeto Repasse de Insumo).
Na sequência, Juliano Silveira, da Gerente Geral de Suprimento de Leite da CCPR/Itambé comentou que a empresa se encontra com os produtores com frequência para entender as dúvidas e demandas dos mesmos. “Isso faz parte do nosso compromisso. Inclusive, estamos trabalhando com um app chamado Mais CCPR que encurta a distância entre a cooperativa e os produtores. Nosso Programa Fazenda Nota 10 visa a excelência dos nossos fornecedores e a comunicação direta com os mesmos. Relacionamento é a base de tudo e entendemos que se o produtor ganha, todo mundo ganha junto”.
Juliano Silveira
Para Fábio Philomeno, Gerente de Captação de Leite na Vigor, não adianta a gente querer ir contra o que o mercado está falando, sendo que um dos principais atores que dita as regras, é o consumidor. “Dentro da porteira, trabalhamos focados no relacionamento e damos condições de custo de produção para eles. Também, financiamos insumos, inclusive, com a possibilidade de parcelamento das cargas, disponibilização de assistência técnica com ênfase na eficiência produtiva, qualidade e gestão. Nosso programa de fomento oferece educação continuada, revistas técnicas, treinamentos e visitas pontuais nas propriedades focadas nas boas práticas. Construir um relacionamento de confiança com os produtores é o maior desafio nosso hoje”.
Segundo ele, há ainda uma desigualdade muito grande dentro da porteira, com diferentes níveis técnicos, abertura ou não para novas informações e qualificação da mão de obra. “A agroindústria é o elo responsável por apontar a direção e catalisar as transformações necessárias ao setor produtivo. O caminho é a mentalidade de fazer gestão. Investir em pessoas e conhecimento é o que precisamos para fazer isso acontecer de forma rápida”.
Na mesma linha, Sávio Santiago, Gerente de Matérias-Primas da Verde Campo, elucidou que hoje a empresa oferece um técnico para cada 18 produtores.
“Trabalhamos sempre com uma gestão voltada para a análise de mercado e um pool de insumos e financiamentos. A qualidade do leite é um dos itens que participam do resultado de todo o trabalho que realizamos. É legal destacar que 8% das nossas fazendas fornecedoras estão crescendo mais de 10% ao ano”.
Finalizando as apresentações, David Girão, Gerente da Betânia Lácteos, destacou que a empresa é a maior na área de lácteos do Nordeste e, recentemente, uma das inovações a fim de estreitar os laços com os produtores, foi o lançamento de um aplicativo que hoje conta com mais de 750 fazendas. “Pelo aplicativo fazemos o faturamento e a monitoramos a produção, ele pode ser utilizado para a compra de ração e insumos, oferece informações importantes, antecipa o saldo e limite de crédito e acompanha a qualidade do leite”.
David Girão
O projeto de assistência técnica da Betânia também contempla o incentivo do cultivo da palma forrageira.
Debate
As palestras geraram várias questões do público referentes a vários temas. Com relação a uma delas que abordou possíveis fraudes e problemas no leite, Yago disse que um dos motivos é que alguns produtores não aferem o tanque com frequência. Sávio comentou que na Verde Campo há um assistente que roda as fazendas com esse objetivo e que muitos problemas encontrados não são intencionais. Já Fábio, frisou que quando a fraude é intencional, a tolerância da Vigor é zero.
Questionados sobre a possibilidade de anunciarem os preços do leite logo no início do mês, David apontou que a Betânia já vem trabalhando dessa maneira. De acordo com Yago, há muita imprevisibilidade no mercado lácteo e a indústria também sofre com isso. Já para Sávio, isso envolve riscos, pois é uma ação que exige um estudo constante de mercado e é difícil por conta da maneira como o leite é negociado.
Sobre o pagamento por qualidade, David ponderou que até há um mês, a Betânia não trabalhava dessa maneira, mas, com a aprovação das normativas, passaram a trabalhar. Para Fábio, a qualidade vem melhorando espantosamente, pois o produtor entendeu que não tem mais escapatória. E Juliano, acrescentou que essa é uma oportunidade boa para qualificar os produtores da CCPR/Itambé.
Educampo
Ainda pela manhã, João Cruz Reis Filho, Diretor Técnico do Sebrae/MG, contou ao público detalhes sobre o novo reposicionamento do Educampo.
Em mais de duas décadas, o Educampo, iniciativa do Sebrae Minas, transformou o conceito de assistência técnica e gerencial no estado e contribuiu efetivamente para o desenvolvimento dos pequenos negócios rurais e de toda a cadeia produtiva. Neste período, mais de 7 mil produtores foram beneficiados em Minas Gerais. Entre os principais resultados estão a disseminação de tecnologias, a integração da cadeia produtiva e o aumento do lucro das propriedades rurais participantes.
E para continuar na vanguarda dos modelos de gestão no campo, o Sebrae Minas reposicionou o Educampo, criando uma nova estratégia que vai orientar a gestão dos pequenos negócios rurais. Além da geração de informações exclusivas e estratégicas, o Educampo disponibiliza projeções, cenários e análises integradas, que apoiam o planejamento e as decisões dos produtores e da cadeira produtiva do leite e do café.
Se você estiver no evento, poste suas fotos e vídeos nas redes sociais por meio da #interleitebrasil2019
REALIZAÇÃO
PATROCINADOR MASTER
PATROCINADOR OURO
PATROCINADOR PRATA
PATROCINADOR BRONZE
APOIO