O ano de 2025 tem se caracterizado por condições neutras em relação ao fenômeno El Niño ou La Niña. No entanto, os últimos relatórios divulgados por órgãos meteorológicos, como a OMM (Organização Meteorológica Mundial), indicam que alguns modelos climáticos começam a sinalizar a possibilidade de ocorrência de La Niña ainda no último trimestre deste ano.
Evolução da Temperatura no Pacífico (Niño 3.4): Comparação entre La Niña de 2024–2025 e grandes eventos do passado
Fonte: NOAA
O gráfico mostra a evolução da temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial, usada como principal referência para identificar os fenômenos El Niño, La Niña ou a condição de neutralidade.
A linha preta representa os valores atuais de 2024–2025, enquanto as linhas coloridas mostram alguns dos maiores eventos de La Niña já registrados desde 1950. No eixo vertical estão as anomalias de temperatura em relação à média histórica: valores positivos indicam aquecimento das águas, associados ao El Niño, valores negativos indicam resfriamento, característico da La Niña, e valores entre -0,5°C e +0,5°C correspondem à neutralidade. O eixo horizontal acompanha a variação mês a mês, de janeiro a setembro. Em agosto de 2025, a linha preta indica uma anomalia de aproximadamente -0,32°C, o que significa que as águas estavam um pouco mais frias do que o normal, mas ainda dentro da faixa de neutralidade.
Esse resultado aponta para uma situação de neutralidade com viés frio, muito mais branda do que os grandes episódios de La Niña do passado, em que as temperaturas chegaram a cair mais de -2°C.
No entanto, essas condições provavelmente darão lugar gradualmente ao surgimento de condições de La Niña nos próximos meses, potencialmente começando já neste mês.
Previsão do NOAA para El Niño, La Niña e Neutralidade (ago/2025)
JAS - Julho, Agosto e Setembro / ASO - Agosto, Setembro e Outubro / SON - Setembro, Outubro e Novembro / OND - Outubro, Novembro e Dezembro / NDJ - Novembro, Dezembro e Janeiro / DJF - Dezembro, Janeiro e Fevereiro / JFM - Janeiro, Fevereiro e Março / FMA - Fevereiro, Março e Abril/ MAM - Março, Abril e Maio
Fonte: NOAA
Segundo previsões do NOAA (Climate Prediction Center), o gráfico acima mostra as probabilidades de ocorrência dos fenômenos climáticos El Niño, La Niña e Neutralidade até meados de 2026. Entre setembro e dezembro de 2025, a chance de La Niña aumenta e se torna o cenário mais provável, com probabilidade em torno de 55% a 58%. Já a neutralidade, que domina no início (julho a setembro, com quase 80%), perde espaço ao longo da primavera. A partir do início de 2026, a influência da La Niña diminui e as condições de neutralidade voltam a ser predominantes, chegando a quase 70% no período de março a maio de 2026. O El Niño, por sua vez, permanece com baixíssima probabilidade em todo o horizonte analisado.
Fonte: Word Meteorological Organization
Outro órgão climático importante é o OMM (Word Meteorological Organization) no qual segundo as previsões mais recentes, entre setembro e novembro de 2025 há 55% de chance de ocorrer La Niña e 45% de chance de o clima permanecer neutro (sem El Niño nem La Niña). Já entre outubro e dezembro, a chance de La Niña sobe para cerca de 60%, enquanto a de neutralidade cai para 40%. A possibilidade de El Niño nesse período é praticamente nula.
Diante disso, a chance de La Niña ainda é moderada, mas real. Por isso, é importante entender quais seriam seus possíveis efeitos caso o fenômeno se confirme.
O que é La Niña e quais seus efeitos sobre o Brasil?
O fenômeno La Niña acontece quando a temperatura da parte equatorial do Oceano Pacífico cai mais de 0,5°C. Durante esse período, o Sul do Brasil tende a ter menos chuva, podendo ocorrer estiagens, enquanto o Norte e o Nordeste recebem mais chuvas. No Sudeste e no Centro-Oeste, o efeito é menos previsível, mas há maior chance de dias frios e chuvosos.
Como a La Niña poderia afetar a pecuária leiteira no final de 2025 ?
Caso o fenômeno viesse realmente a ocorrer, seu impacto sobre a produção de leite no Brasil dependerá da região, pois o fenômeno afeta o clima de formas diferentes:
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Sul do Brasil: Há tendência de redução das chuvas e maior risco de estiagem, o que pode comprometer a produção de volumosos suplementares, como a silagem de milho, geralmente plantada no final do ano. Além disso, uma eventual seca pode impactar também as lavouras de soja e milho no Sul, afetando a oferta desses grãos no mercado e elevando os custos de alimentação para o produtor de leite.
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Sudeste e Centro-Oeste: O efeito nessa região é menos previsível, mas há maior probabilidade de ocorrerem períodos frios e chuvosos. O excesso de chuva pode prejudicar a colheita de silagem e dificultar o manejo das pastagens. Embora o frio moderado possa trazer algum benefício para as vacas leiteiras, o excesso de precipitação pode atrapalhar a coleta do leite, devido às condições ruins das estradas, além de afetar o desenvolvimento das lavouras.
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Norte e Nordeste: O aumento na pluviosidade pode potencializar a oferta de pastagens e de água, mas também podem gerar problemas de manejo e doenças no rebanho devido ao excesso de umidade.
Resumo: O La Niña começando tenderia a pressionar a produção no Sul devido à seca, enquanto em outras regiões o impacto será mais variável. Para o setor, é importante acompanhar as notícias e entender as chances reais do fenômeno ocorrer, apesar de o panorama atual ainda não significar alarmismo.
As informações são da https://wmo.int/publication-series/el-ninola-nina-update-august-2025 e NOOA com adptação da equipe MILKPOINT.