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Nordeste, a principal região de crescimento do leite brasileiro?

POR MATHEUS NAPOLITANO

PANORAMA DE MERCADO

EM 15/12/2023

6 MIN DE LEITURA

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As regiões de maior destaque e representatividade na produção de leite no Brasil são as regiões Sul e Sudeste. Entretanto, outras regiões, como o Nordeste, vêm passando por transformações que evidenciam novos caminhos e oportunidades de crescimento para o leite brasileiro.

Abaixo, podemos observar a representatividade de cada região na captação formal de leite no Brasil em 2022 – com o Nordeste representando cerca de 7,8% do volume total.

Gráfico 1. Proporção por região da captação formal de leite no Brasil em 2022

Proporção por região da captação formal de leite no Brasil em 2022
Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral do Leite) - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Entretanto, ao analisar os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal, contabilizando a produção total (leite formal e informal) observamos uma maior representatividade do Nordeste no leite brasileiro - superando a região centro-oeste.

Gráfico 2. Proporção por região da produção total de leite no Brasil em 2022

produção nordeste

Fonte: IBGE (Pesquisa da Pecuária Municipal) - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Avaliando os gráficos acima, percebe-se a importância do Nordeste na oferta de leite do Brasil (com cerca de 17% da produção). Além disso, os dados nos indicam a alta representatividade do “leite informal” na região. Enquanto na média brasileira a captação formal representa cerca 69% da produção total, no Nordeste somente 33% têm um destino formal – o que evidencia um grande volume de leite, que já é produzido, e que pode ter o caminho de processamento formal na indústria.

Gráfico 3. Proporção da captação formal em relação a produção total de leite

Proporção da captação formal em relação a produção total de leite
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Um dos fatores que colaboram para a grande representatividade do leite informal é o aspecto cultural do consumo de lácteos na região. Parte do leite da região, por exemplo, é destinado para o consumo de queijo coalho - que é produzido com o leite cru (conforme discutido neste artigo da Kennya Siqueira, da Embrapa) . Além disso, o produto é tradicionalmente vendido em feiras livres, fugindo do “caminho formal”.

Além do aspecto cultural, agentes do mercado lácteo citam as dificuldades logísticas, tanto para captação de leite como para distribuição dos derivados, como sendo outros entraves que dificultam os trabalhos na região.

Somados a esses fatores, aspectos econômicos - como renda e emprego - também são desafios para o mercado lácteo da região. Abaixo, podemos ver que o Nordeste é a região com menor rendimento médio dos trabalhadores e maior taxa de desemprego.

Gráfico 4. Taxa de desemprego por região - 3º trimestre de 2023

Taxa de desemprego por região - 3º trimestre de 2023
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Gráfico 5. Rendimento Médio do Trabalho - 3º trimestre de 2023

Rendimento Médio do Trabalho - 3º trimestre de 2023
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Entretanto, apesar dos desafios mencionados, a região Nordeste vem apresentando um consistente crescimento na produção de leite, conforme discutiremos a seguir.

 

O crescimento da produção de leite no Nordeste

Os 2 últimos anos foram de diminuição da produção de leite em todas as regiões do país, certo? Errado. Pelo menos, não para a produção Nordestina.

No gráfico abaixo, podemos observar a variação anual de produção total de leite em todas as regiões do país. Enquanto as demais regiões apresentaram variações negativas, o Nordeste vem apresentando crescimento.

Gráfico 6. Variação Anual da Produção de Leite

Variação Anual da Produção de Leite
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Se dermos um “zoom out”, vemos que essa tendência não foi pontual somente em 2021 e 2022. Nos anos anteriores, o Nordeste já vinha com uma crescente consistente.

Gráfico 7. Índice de Crescimento da Produção de Leite (2010 = 100)

Índice de Crescimento da Produção de Leite (2010 = 100)
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Portanto, vemos que além de ter uma importante representatividade na produção total de leite (17% - conforme o gráfico 1), o Nordeste vem apresentando um crescimento nos últimos anos acima da média de todas as demais regiões do país.

A geografia do leite Nordestino

Dentre as principais regiões produtoras de leite no Nordeste, o estado da Bahia destaca-se como sendo o de maior volume de produção (com cerca de 1,3 bilhão de litros), conforme mostra o gráfico 8.

Gráfico 8. Produção de leite nos estados do Nordeste em 2022- litros.

Produção de leite nos estados do Nordeste em 2022- litros.
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Dentre as mesorregiões, destaca-se a produção no Agreste Pernambucano, que é mais que o dobro da 2º colocada.

Gráfico 9. Produção de leite nas mesorregiões do Nordeste em 2021 - litros.

Produção de leite nas mesorregiões do Nordeste em 2021 - litros
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Gráfico 10. Densidade de produção de leite por município em 2022

Densidade de produção de leite por município em 2022
Fonte: IBGE - elaborado pelo MilkPoint Mercado

Além de ser a mesorregião com maior produção, o Agreste Pernambucano também foi a região que mais cresceu, em volume de leite, de 2010 a 2022. Junto ao Agreste Pernambucano, destacam-se também as regiões de Jaguaribe-CE e Sertão Sergipano-SE, com crescimento anual acima de 200 milhões de litros na produção de leite dos últimos 12 anos.

Tabela 1 - Crescimento da produção de leite das 10 principais mesorregiões do Nordeste (2022 vs 2010)

Crescimento da produção de leite das 10 principais mesorregiões do Nordeste (2022 vs 2010)

Mesmo ainda sendo um “importador” de leite de outras regiões do país, vimos que o Nordeste vem tendo um forte crescimento na produção de leite. Não é por acaso que muito se fala no mercado lácteo sobre a criação de novos projetos, de fazendas e indústrias de leite na região – como o recente investimento do IFC no grupo Alvoar Lácteos.

Desafios à frente

Apesar do forte crescimento da produção de leite, a região nordeste deve sofrer maiores adversidades à frente para continuar ampliando sua produção, principalmente em decorrência do fenômeno climático El Niño, que provoca maior escassez de chuvas na região. Abaixo, podemos observar a precipitação acumulada nos últimos 90 dias e a previsão de armazenamento de água no solo, de acordo com o INMET, que ilustram justamente esse desafio climático enfrentado pela região Nordeste.

Imagem 1. Precipitação acumulada nos últimos 90 dias

Precipitação acumulada nos últimos 90 dias
Fonte: INMET – retirado no dia 13/12/2023

Imagem 2. Previsão de armazenamento de água no solo (%) para dezembro de 2023, considerando capacidade de água disponível (CAD) de 100 mm

 Previsão de armazenamento de água no solo (%) para dezembro de 2023, considerando capacidade de água disponível (CAD) de 100 mm
Fonte: INMET – retirado no dia 13/12/2023

Em conclusão, as regiões Sul e Sudeste deverão continuar sendo os principais expoentes da produção de leite no Brasil. Entretanto, à medida que os desafios citados (como: informalidade da produção, logística, renda e clima) forem superados, o leite nordestino poderá crescer ainda mais e abrir novas oportunidades para o setor.

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TABAJARA MARCONDES

FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 18/12/2023

Infelizmente, a PPM não é uma boa referencia para conclusões acerca da produção leiteira brasileira. Para esta conclusão, basta comparar os dados da PPM de 2017 com os dados do Censo Agropecuário 2017 (poder ser feito o mesmo com a PPM 2006 e Censo 2006). Em alguns municípios/estados as diferenças entre os dados das duas fontes são descomunais. Fora do aceitável para argumentos relacionados a metodologias, período dos dados (os dois últimos censos não fecham com ano civil), entre outros. A partir dessa comparação, fica evidente que a produção leiteria nacional está superestimada e distribuída inadequadamente entre estados/municípios/regiões. Em relação às comparações entre a produção total e o leite formal, é importante lembrar que os dados do leite formal são no destino e não na origem. O que explica, por exemplo, o fato de a produção total de leite de SP ser muito menor do que o leite formal. Não quero dizer com isso, que a atividade leiteria no Nordeste não esteja em pleno crescimento e possa crescer ainda muito mais.
MATHEUS NAPOLITANO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

EM 18/12/2023

Olá, Tabajara!

Muito obrigado pela participação e pelos pontos levantamentos.

De fato, os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) deixam a desejar em alguns aspectos. Entretanto, a pesquisa acaba sendo a nossa principal fonte de informação da produção municipal de leite no país - principalmente, tendo em vista a defasagem de publicação do censo.

Em relação à captação vs produção total, esse também é um ponto importante. SP e RJ, por exemplo, acabam "importando" leite de produzido em outros estados, que fazem com que a captação seja maior que a produção. De todas as formas, em uma análise por macrorregião, acreditamos que essas proporções devem ser mantidas, com o Nordeste tendo a maior participação de leite informal.

Obrigado pela contribuição e forte abraço!
LEONARDO DO AMARAL

BATALHA - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/12/2023

O potencial do Nordeste é enorme !! O Clima apesar de seco é muito propício pra criação de animais especializados em leite !! Muitos tem vocação pra atividade além de disponibilidade de mão de obra que possuem muita vivência no campo !! O Nordeste apesar de muito arcaico os sistemas produtivos , possuindo junto com a Região Norte as piores remunerações em preços do leite , mostra que estão crescendo e ainda irá crescer mais !!
MATHEUS NAPOLITANO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

EM 18/12/2023

Olá, Leonardo!

De fato, também vemos que o Nordeste tem estrutura e gente boa para crescer ainda mais nos próximos anos.

Obrigado pela participação e estamos à disposição.

Abraços!
JOSÉ GIACOMO BACCARIN

JABOTICABAL - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 18/12/2023

muito boa análise. o gráfico 2 precisa ser corrigido. no gráfico 7 uma explicação para o pequeno dinamismo da produção leiteira do Nordeste, entre 2012 e 2017, foi a ocorrência da maior seca registrada (em número de anos) que atingiu o Semiárido.
MATHEUS NAPOLITANO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

EM 18/12/2023

Olá, José!

Muito obrigado por acompanhar nosso conteúdo, por ter gostado material e pelo apontamento do gráfico (foi ajustado).

Interessante também o aspecto do efeito da seca entre 2012 e 2017. Obrigado pela contribuição.

Abraços!

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