Você sabia que a padronização do leite é vital para a lucratividade de qualquer laticínio? É por isso que upgrades de alta tecnologia são extremamente bem-vindos nessa etapa do processamento. Hoje, laticínios de ponta, com sensores de infravermelho inteligentes e em real time já são realidade. Se você se amarra em inovação, confira agora como a indústria 4.0 revolucionou a padronização do leite.
Em um laticínio, a matéria prima representa metade dos custos industriais de todo o beneficiamento. Ou seja, muita coisa! Não é à toa que uma boa estratégia nesse ponto impacta profundamente a redução dos custos e maximiza o rendimento industrial. Aqui, a padronização representa o coração da lucratividade e cada gota de creme é extremamente valiosa.
Vamos colocar tudo isso em termos práticos? Imagine um pequeno desajuste na padronizadora de leite de uma indústria que processa 500 mil litros ao dia. Esse leve problema resulta no acréscimo de 0,1% de creme no leite fluído. Não parece muita coisa, não é mesmo? Mas ao longo de um ano, o prejuízo será de 7 milhões de reais! Sim, o creme de leite é valorizadíssimo pelas indústrias (mas não pelos consumidores...falaremos disso em uma próxima oportunidade).
Assim fica claro perceber que a padronização do leite contribui e muito para a lucratividade de toda a indústria. Mas você sabe como funciona a padronização do creme? Essa etapa do processamento consiste na retirada e subsequente ajuste do teor de gordura do leite. Isso é feito por desnatadeiras centrífugas e garante que o leite padronizado tenha uma composição adequada aos requisitos técnicos de produção. Para saber mais acesse meu curso de Tecnologia de Leite aqui.
O processo tradicional
Apesar da tecnologia envolver equipamentos computadorizados, o processo de análises é todo manual. Primeiro deve-se coletar uma amostra do leite do tanque de entrada e em seguida analisá-la para o teor de creme no laboratório. Depois do processo de separação, coletam-se mais duas amostras: uma do tanque de creme e outra do tanque do leite desnatado. Novamente são submetidas às análises laboratoriais. De posse desses resultados, ajusta-se a padronizadora para a composição de creme requerida do leite final. Ao final do processo, mais uma amostra é coletada para garantir que e confirmar a porcentagem de creme no produto padronizado...ufa!
Mas como é a padronização do leite em uma Smart Dairy Plant?
Smart plants são laticínios que possuem a tecnologia da indústria 4.0, um conceito que integra tecnologias digitais avançadas, como internet das coisas, inteligência artificial, e automação para otimizar processos industriais. No caso da padronização a tecnologia envolve a mensuração da gordura em tempo real, sem necessidades de coletas de amostras. Os resultados automaticamente são disponibilizados em tablets e geram registros auditáveis. Assim, padronizadoras com a tecnologia 4.0 apenas precisam ser informadas qual a porcentagem de creme desejada no produto final.
Isso é possível graças à sensores de infravermelho de Fourier (FTIR) de altíssimo desempenho, os quais são acoplados na própria linha do leite. As medições são feitas a cada 10 segundos com resultados robustos e à prova de umidade, vibração e calor. As amostras são automaticamente colhidas pelo sistema, sem necessidade de preparação prévia e limpeza posterior. Tudo é automatizado.
A tecnologia FTIR usa a absorção de luz vermelha para analisar a composição do leite e também pode ser aplicada em diversas outras matrizes na indústria alimentícia. As calibrações são simples e realizadas a partir de “pacotes analíticos”, um grande conjunto de dados de referência analisadas por uma rede neural artificial (ANN), que é ideal para lidar com big datas. Caso seja necessária qualquer atualização devido a mudanças nas características da matéria-prima, ajustar as calibrações é fácil e rápido, exigindo apenas alguns cliques.
Essa mesma tecnologia já é realidade no Brasil, e na cadeia produtiva do leite é usada em laboratórios credenciados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para análise de composição centesimal e pesquisa de adulterantes. Essa última disponível apenas nos laboratórios mais avançados. Só lembrando que a regulamentação atual já exige essas análises em leite cru individual de produtores que fornecem leite para laticínios inspecionados.
A interface de comunicação e compartilhamento de dados é protegida por cibersegurança avançada, seja via padrão de comunicações de plataforma aberta (OPC) ou em nuvem, de forma a garantir o sigilo de informações.
O resultado prático de toda essa tecnologia é a robustez de resultados. O sistema resulta em uma significativa redução de variabilidade na porcentagem de creme do produto padronizado. A precisão do sistema fica entre 0,02% e 0,03%, podendo alcançar 0,05% em casos extremos. Em termos simples e em comparação ao processo tradicional, ele erra menos e é mais preciso.
Todas essas vantagens proporcionadas pela tecnologia 4.0 garantem uma produção mais consistente e confiável, reduzindo significativamente a variabilidade na composição do produto final. Para implantar a tecnologia o custo pode ser aparentemente elevado, mas o payback é certo, vindo relativamente rápido em laticínios com média capacidade de processamento. E você? Já viu essa tecnologia em funcionamento? Compartilhe sua experiência aí nos comentários.
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