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Ruminação: importância e monitoramento em bovinos

EDUCAPOINT

EM 13/11/2019

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 23/03/2022

O que é ruminação?

A ruminação é o ato de regurgitar o bolo alimentar à boca, remastigando-o demoradamente, de modo a propiciar maior fragmentação das partículas, o que favorece a ação dos microrganismos para o melhor aproveitamento do alimento no rúmen e propicia a passagem das partículas não digeridas para adiante no trato digestivo.

A ruminação exerce, portanto, um grande efeito sobre a capacidade de ingestão. Ao mesmo tempo, pelos movimentos mandibulares dessa remastigação intensa, as glândulas salivares são estimuladas a secretar saliva.

Este comportamento é inato a todos os ruminantes, seguindo-se aos períodos de alimentação, ou seja, distribuindo-se ao longo do dia em ciclos cuja duração dependerá, principalmente, do tamanho de cada refeição e da composição da dieta.

Por exemplo, vacas leiteiras podem necessitar de 25 a 80 minutos de ruminação por kg de matéria seca de alimento fibroso consumido. Normalmente, o animal destina 1/3 do ciclo diário (em torno de 8 horas – 450 a 500 minutos) à ruminação, o que a vaca leiteira procura realizar deitada confortavelmente, priorizando o período noturno.

Desta forma, o ruminante tem uma necessidade natural em ruminar, e se esta exigência não for satisfeita, irão surgir alterações comportamentais.



O efeito da dieta na ruminação

Uma dieta bem balanceada, com um teor adequado de fibra suficientemente estruturada, deverá resultar numa ruminação prolongada e intensa de modo a estimular a secreção de um volume de saliva, que poderá chegar até os 250 litros/dia. A saliva, com seu elevado poder tampão (rica em bicarbonato) é fundamental para a neutralização da acidez produzida pela fermentação dos alimentos no rúmen.

Quando a ruminação e a decorrente secreção salivar não são suficientes, faz-se uso de aditivos tamponantes na dieta, como o bicarbonato de sódio e/ou óxido de magnésio, de modo a diminuir o risco de acidose no rúmen que provoca a diminuição do consumo, redução do teor de gordura do leite consequentes problemas podais.

Desta forma é possível ressaltar o importante efeito do manejo alimentar (composição da dieta, tamanho de partícula, número e frequência de refeições, manejo dos restos na manjedoura) sobre a ruminação, consumo de alimento e resposta produtiva.



O efeito do bem-estar na ruminação

O tempo dedicado à ruminação é “sagrado”, mas poderá ser voluntariamente reduzido em situações de desconforto e estresse (falta de bem-estar ambiental, doença, sensação de dor, ansiedade materna pós-parto) ou de atividade excessiva durante o cio, proximidade ao parto, necessidade de longas caminhadas ou reordenamento da hierarquia, ou quando existe a alteração dos lotes de alimentação.

O deficiente manejo ambiental, com o animal fora da sua “zona de conforto”, ou seja, num ambiente com temperatura e umidade relativa do ar geralmente excessivas, superlotação, dificuldade de acesso aos bebedouros, maus tratos, lotes de free stall mal dimensionados e com camas inadequadas, ou mesmo, pastoreio sem disponibilidade de sombra e água fresca etc., terão efeitos negativos sobre o tempo de ruminação.

Por ser uma atividade fisiológica vital, a diminuição da ruminação deve ser considerada como um sinal evidente que a vaca emite em qualquer situação de anormalidade.

Assim, o monitoramento dos períodos de ruminação permite a constatação das condições de bem-estar e saúde do animal, principalmente nas primeiras semanas do pós-parto, quando a vaca leiteira está submetida a um estresse considerável e sujeita a distúrbios digestivos, metabólicos e reprodutivos, com consequente maior propensão às mastites. A duração do período ideal de ruminação deverá voltar ao normal ao fim da primeira semana pós-parto e ser mantida ao longo da lactação.

Passados uns três a quatro dias após verificação de uma queda na duração da ruminação, geralmente poderá ser observada diminuição na produção de leite. Assim, o monitoramento da ruminação permite a tomada de medidas preventivas relativamente aos possíveis agentes causadores da falta de bem-estar.



A automação no monitoramento da ruminação

Devemos ter em mente que a observação permanente da atividade de ruminação de uma vaca deve ser considerada como uma ferramenta importantíssima no manejo diário, mas que, face à limitação de tempo e ao crescente custo de uma mão de obra cada vez mais especializada, não é fácil de implementar.

Existe já um dispositivo desenvolvido na Suíça, que monitoriza a atividade mastigatória da vaca por meio de uma espécie de buçal e que pode detectar alterações na ruminação (RumiWatch).

Recentemente, foram publicadas investigações realizadas na Itália, com o emprego de um sistema automático de registo do tempo individual de ruminação, e que permite a compilação dos resultados em intervalos de duas horas. Num dos ensaios, conduzido no verão em free stall, ficou demonstrado que o estresse climático elevado está associado à diminuição do tempo de ruminação, alterando o padrão diário da atividade em favor de uma ruminação noturna.

Em outro trabalho da mesma equipe, com a mesma metodologia, as observações foram realizadas durante o período de transição das vacas. O monitoramento dos tempos de ruminação demonstrou que as vacas com mastite clínica apresentaram diminuição do tempo de ruminação, já alguns dias antes do tratamento da doença.

Os autores concluem que o monitoramento automático do tempo de ruminação auxilia na predição da hora do parto e na rápida obtenção de informações sobre as condições de saúde, especialmente durante um período crítico como é a transição da vaca leiteira.

Nos Estados Unidos tem sido cada vez mais comum a utilização de monitores de ruminação e atividade em vacas no período de transição. Esse monitoramento é feito com o uso de colar, que, através de microfone, permite que se anote os minutos que a vaca passa mastigando e regurgitando a cada duas horas.

Figura 1: Sistema de monitoramento da ruminação utilizado nos EUA
monitoramento de ruminação

Pesquisas mostram a alta acurácia desse sistema com relação à observação visual, ou seja, os dados obtidos através desse sistema são mais precisos.

Dentro de um período de duas horas, a ruminação está inversamente relacionada à ingestão de matéria seca. Apesar disso, a variabilidade de ingestão de matéria seca está associada com a variabilidade de ruminação, de maneira geral.



É possível utilizar esses dados para prever doenças no pós-parto?

Para responder a essa pergunta, pesquisadores da Universidade da Flórida desenvolveram um modelo estatístico que utilizou as seguintes informações que estão relacionadas ao aumento do risco de doenças uterinas, como sexo do bezerro, problemas de parto, escore de condição corporal (ECC) pré-parto, mudança de ECC, claudicação, haptoglobina pré-parto, ácidos graxos livres, ou não esterificados (AGNA) pré-parto e tempo de descanso.

Também foi incluído nesse modelo a ruminação no pré-parto, principalmente a média (minutos por dia) e a variabilidade, ou seja, o quanto a ruminação variou nos sete últimos dias antes do parto em relação aos sete dias anteriores (14 a 7 dias antes do parto). A suposição era de que, conforme a vaca se aproxima do parto, aumenta a variação na ruminação, alterando a ingestão de matéria seca, e deixando-a predisposta as doenças.

A pesquisa descobriu que os fatores que predizem doença uterina são:

  • Problemas de parto;
  • Claudicação;
  • AGNE;
  • Variabilidade na ruminação.


Assim, quanto maior a variabilidade na ruminação no pré-parto, maior o risco de doenças uterinas após.

Outro fator investigado pelos pesquisadores foram os dados de ruminação do grupo, ao invés dos dados individuais. Assim, eles agruparam vacas de acordo com a data do parto e avaliaram a variabilidade de ruminação desses animais nos últimos 17 dias antes, determinando, então, a prevalência de doença nos grupos.

O gráfico abaixo mostra que o aumento da variabilidade de ruminação dentro do grupo aumentou a probabilidade de cetose e hipocalcemia subclínica:

Gráfico 1: Associação entre variabilidade na ruminação e prevalência de doenças em vacas em transição
associação de ruminação cetose e hipocalcemia

O mesmo ocorreu com a probabilidade de natimortos. Já a produção de leite nos primeiros 90 dias foi menor quanto maior a variabilidade de ruminação do grupo:

Gráfico 2: Associação entre a variabilidade na ruminação e a prevalência de natimortos
associação ruminação natomorto e produção de leite

Por esses motivos, é recomendado que se faça a mensuração do consumo de matéria seca no curral de pré-parto, pois a variabilidade nesse consumo está correlacionada com o aumento de doenças e, conforme mostram esses dados, a variabilidade da ruminação também está relacionada com problemas metabólicos.

É importante ressaltar que todos esses dados são dependentes de fatores animais e ambientais, de forma que não é possível extrapolar dados de minutos de ruminação de uma fazenda para outra. Apesar disso, esse tipo de monitoramento possibilitará uma atuação mais rápida e eficaz, prevenindo doenças no pós-parto.

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