Israel é um país localizado na bacia oriental do Mar Mediterrâneo e apresenta um clima subtropical. O verão vai de junho a outubro e é caracterizado, na maioria das regiões do país, por altas temperaturas e umidade em todas as horas do dia, mas sem chuva alguma.
A indústria de lácteos israelense tem cerca de 120.000 vacas que produzem por volta de 1,5 bilhão de litros por ano. A produção anual de leite por vaca é a mais alta do mundo e ficou em mais de 12.000 litros em 2021.
Os fundadores da indústria de lácteos israelense começaram há quase cem anos a criar uma vaca adaptada às condições locais, usando um sistema de criação local. Além disso, eles entenderam que, por razões climáticas, as vacas devem ficar completamente confinadas, sem pastar, e desenvolveram métodos de alimentação que substituem as forragens de alta qualidade que faltam no país por subprodutos da agroindústria e da indústria de alimentação humana.
Ao longo dos anos e do progresso genético na produção de leite, os produtores de leite em Israel tiveram que desenvolver e implementar métodos avançados para lidar com a carga de calor, por meio do resfriamento intensivo das vacas. Isso possibilita alcançar altas produções de leite, mesmo dentro das limitações climáticas e ambientais existentes no país.
A indústria de lácteos israelense é uma das líderes mundiais no que diz respeito à produção sustentável de leite, devido a alguns motivos:
- A falta de água e a necessidade de irrigação para o cultivo de forragem levaram os produtores israelenses a purificar grandes volumes de águas residuais municipais (Israel é líder mundial neste assunto), bem como a desenvolver métodos de irrigação que economizam água, como irrigação por gotejamento (método desenvolvido em Israel).
- A escassez e o alto custo de volumosos de alta qualidade em Israel levaram os produtores de leite a substituir parte desse ingrediente por sobras e subprodutos da indústria agrícola e alimentícia, ganhando duas vezes. Por um lado, ganham por economizar e substituir o uso de parte dos alimentos convencionais e, por outro lado, por economizar nos custos de transporte de resíduos para aterros nas áreas desérticas do sul de Israel.
- O alto custo da mão de obra em Israel levou ao desenvolvimento de tecnologias avançadas de gestão e controle, que possibilitam economia no investimento de tempo de trabalho por litro de leite produzido. Israel é líder mundial no desenvolvimento de sistemas de ordenha computadorizados que incluem a detecção precoce de problemas de manejo e saúde e seu tratamento em tempo real. Essa é mais uma forma de possibilitar a obtenção de altas produções de leite por vaca.
- O uso de medidas intensivas para resfriar as vacas no verão, desenvolvidas nos últimos 40 anos em Israel, permite uma redução significativa na queda da produção de leite nesta estação, como ocorre na maioria dos países quentes e, recentemente, também na Europa e no norte dos EUA.
A implementação desses meios de resfriamento trazem benefícios em diferentes aspectos como:
- Do ponto de vista ambiental, quanto maior a produção de leite, mais a indústria pode satisfazer as demandas de leite do país com menos vacas e, portanto, as emissões de metano de efeito estufa para a atmosfera por litro de leite são menores.
- Em termos de saúde das vacas, evitar que as vacas fiquem em "estresse térmico" fortalece seu sistema imunológico e reduz a morbidade, principalmente no período crítico próximo ao parto, além de reduzir o número de vacas que sofrem de mastite. Além da vantagem econômica que isso tem, pode-se esperar a redução no uso de medicamentos, o que é mais um aspecto positivo, tanto do ponto de vista econômico como ambiental.
- Do ponto de vista econômico, como o rendimento das vacas é maior e menos vacas são necessárias para a produção, a alimentação necessária para a manutenção dessas vacas é menor, de forma que a necessidade de alimentos por litro de leite produzido também é menor, reduzindo, assim, os custos de produção.
Em conclusão, a indústria de lácteos israelense é pequena, mas sofisticada e muito eficiente ambiental e economicamente.
O conhecimento e a experiência adquiridos durante a produção de leite em Israel são aprendidos atualmente por produtores de leite de todo o mundo, especialmente aqueles que vêm de "países em desenvolvimento", que tentam estabelecer fazendas leiteiras em condições difíceis, semelhantes às existentes em Israel.
Aproveitar o conhecimento acumulado das 120 mil vacas em Israel aplicando-o às 270 milhões de vacas leiteiras existentes hoje no mundo, e aumentar a produção de leite de cada "vaca mundial" em apenas 10% com relação à produção atual, permitirá que a produção global de leite se mantenha com cerca de 30 milhões de vacas a menos, devido a todos os benefícios econômicos e ambientais advindos desse conhecimento que foram apresentados neste artigo.