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Mandioca, resíduos e subprodutos como alternativa na alimentação de bovinos leiteiros

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/04/2005

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 24/08/2022

Por Adriano Henrique do N. Rangel1; Marinaldo Divino Ribeiro2 e Anderson Jorge de Assis2

A necessidade de atender a uma demanda crescente de produtos de origem animal de qualidade, impõe um maior dinamismo ao setor pecuário. E dentro desse contexto, a redução dos custos dos sistemas produção de rebanhos leiteiros tem despertado interesse por estudos de fontes energéticas alternativas que substituam os concentrados energéticos tradicionais, conferindo maior competitividade e sustentabilidade ao setor.

Sob essa ótica, as pesquisas com mandioca (Manihot esculenta, Crantz) e seus subprodutos, pode ser uma boa alternativa, em função da facilidade de seu cultivo, expressiva produção, e seu papel na conjuntura sócio-econômica do país, além da possibilidade de utilização de seus resíduos culturais (folhas e caule), e de seus subprodutos industriais (principalmente a casca e farinha de varredura).

Conhecida pela rusticidade e pelo papel social que desempenha junto às populações de baixa renda, a cultura da mandioca tem grande adaptabilidade aos diferentes ecossistemas, possibilitando seu cultivo em praticamente todo o território nacional. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de mandioca, sendo a Nigéria o primeiro e a Tailândia o terceiro. Juntos, esses países são responsáveis por aproximadamente 42% dessa produção.

A colheita das raízes é efetuada próximo aos 18 meses pós-plantio. Algumas variedades podem ser inadequadas para o consumo animal, se fornecidas logo após a colheita (fresca), devido ao fato de que algumas (bravas) possuírem elevados teores de ácido cianídrico (HCN), que pode causar intoxicação e até mesmo a morte do animal. Este problema, quando existente, pode ser eliminado através da picagem ou trituração das raízes e posterior secagem. Para armazenamento, as raspas deverão ser secas ao sol para atingir teor de umidade abaixo de 15%, o que pode ser determinado, de forma prática, tomando-se um pedaço de raspa ou raiz e riscando um determinado piso; caso marque como um giz, é indicação que está com teor de umidade adequado.

A parte aérea da planta da mandioca também pode ser utilizada na alimentação de bovinos leiteiros, sendo, nesse caso, comum a prática de dois cortes entre o plantio e a colheita. Para a confecção de feno de elevado teor protéico, deve-se dar preferência ao terço superior da planta, fazendo-se os cortes 12 e 16 meses após o plantio. Picar esse material em partículas de aproximadamente 2 cm, sendo o mesmo colocado para o processo de secagem sobre lona ou área cimentada, revirando-o periodicamente até que alcance umidade próxima a 12%.

A composição nutricional das raspas e dos resíduos varia com a variedade de mandioca, com a idade da planta e época do ano, além do processo de fabricação de seus produtos. Observa-se na Tabela 1, uma compilação de dados da composição químico-bromatológica dos subprodutos e resíduos da mandioca.

Tabela 1. Composição químico-bromatológica da mandioca e seus subprodutos/ resíduos

 


A maior capacidade de expansão do amido da mandioca em relação ao amido dos cereais, em especial ao do milho, pode estar relacionada à menor quantidade de amilose. Também a constituição do amido da mandioca difere dos grãos por não apresentar pericarpo e endosperma, que são barreiras físicas ao processo de digestão. Estas características do amido da mandioca facilitam a digestibilidade quando comparada com o amido do milho e sorgo.

Alguns cuidados devem ser tomados quando se utiliza a farinha de varredura, pelo fato da ração ser muito pulverulenta, apresentar baixa palatabilidade e ser seca (somente 0,6% de extrato etéreo). Desse modo, quando em contato com a saliva dos animais, forma-se uma substância pastosa que, ao aderir à boca dificulta o consumo. A utilização de rações completas pode minimizar este problema e evitar a redução no consumo.

A utilização da mandioca e seus resíduos e subprodutos pode otimizar o ambiente ruminal aumentando a energia disponível e a eficiência e produção microbiana, podendo refletir em melhor desempenho produtivo. Entretanto, a utilização excessiva de fontes de amido de rápida degradação ruminal pode implicar em diminuição do pH ruminal afetando a digestibilidade da fibra e até mesmo produzir quadro de acidose.

A mandioca e seus subprodutos constituem importantes alternativas na composição das rações para a alimentação de ruminantes, sem que isso implique no comprometimento do desempenho animal. A literatura sobre a utilização desses alimentos ainda é escassa para bovinos leiteiros no Brasil, destacando-se o trabalho de Jorge et al. (2002), com bezerros desmamados com 80 dias de idade, onde utilizaram níveis de substituição do milho (0, 25, 50, 75 e 100%) pela farinha de varredura. Os resultados obtidos para ganho de peso médio diário decresceram linearmente, sendo de 1,0 kg para a dieta com 0% e 0,86 kg para 100% de substituição do milho pela farinha de varredura. Os autores concluíram que o milho pode ser substituído pela farinha de varredura para bezerros holandeses, proporcionando ganhos de peso satisfatórios.

Em pesquisa envolvendo vacas da raça Holandesa em lactação, Modesto et al., (2002) não encontraram diferença para a produção sem (média 25 kg de leite/dia) e com correção para 4% de gordura (média 24 kg de leite/dia), como também para a composição do leite quando substituíram a silagem de milho (0, 20, 40 e 60%) pela silagem do terço superior da rama da mandioca. A conclusão deste trabalho é que a silagem do terço final da rama de mandioca pode substituir a silagem de milho sem prejuízo para a produção e composição do leite.

A tomada de decisão quanto à utilização de mandioca e seus subprodutos está fundamentada na análise de preço e na disponibilidade do mercado local, sendo importante que a comparação seja efetuada com base matéria seca.

Referências bibliográficas

JORGE, J.R.V., ZEOULA, L.M., PRADO, I.N., GERON, L.J.V. Substituição do milho pela farinha de varredura (Manihot esculenta, Crantz) na ração de bezerros Holandeses. 1. Desempenho e parâmetros sanguíneos. Revista da Sociedade Brasileira Zootecnia, v.31, n.1, p.192-204, 2002.

MODESTO, E.C., SANTOS, G.T., FAUSTINO, J.O., et al. Substituição da silagem de milho pela silagem do terço superior da rama da mandioca na alimentação de vacas leiteiras: Produção e qualidade do leite. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40. Santa Maria, 2003. Anais... Santa Maria, RS, 2003, CD-ROM.

______________________________________________
1Engenheiro Agrônomo, M.Sc. em Zootecnia, Doutorando em Zootecnia/DZO/UFV.
2Zootecnista, M.Sc. em Zootecnia, Doutorando em Zootecnia/DZO/UFV.

 

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EVANDRO GALVAO SAMPAIO

EM 11/10/2017

O produtor tem que buscar alternativas para suprir as necessidades do seu rebanho, utilizando esses recursos que estão dentro da própria propriedade, e ver a sua viabilidade,

principalmente aqui no sul da Bahia.
ROGERIO SILVA DE LIMA

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/05/2005

Apesar da falta de um maior numeros de dados é interessante esse trabalho porque mostra uma alternativa na redução de custo para algumas situações. Vejo a maior disponibilidade do amido de forma benéfica, afinal, a vaca brasileira, de um modo geral, tem problemas de desnutrição e não de acidose.
MANOEL PEREIRA NETO

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/04/2005

Muito bom o artigo face ao grande uso da mandioca em ração animal no estado do Rio Grande do Norte. Nós técnicos sentimos falta de trabalhos com esta importante planta forrageira.

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