Wellington Costa, conhecido como 'Ton da Serra', o administrador da fazenda Alto da Serra, em Boa Esperança (MG), dedica-se integralmente à produção de leite há 25 anos. Ele diz ter herdado do pai, Antônio dos Reis Costa, a "paixão pelas vacas”. Uma paixão que ainda é forte, porque Ton não escondeu sua emoção ao saber que a Alto da Serra havia sido uma das ganhadoras, em 2021, do troféu Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), o "Oscar" do leite no Brasil, na categoria Perfil 2, com 8,72 pontos.
A Alto da Serra, com área total de 60 ha, possui hoje 64 vacas em lactação, com uma produção de 29,8 kg de média/dia, e um rebanho total de 153 animais. Resultados excepcionais, que foram construídos com muito trabalho desde que Ton deixou o ensino médio e decidiu dedicar-se integralmente ao negócio da família. "Mesmo sendo muito novo, meu pai, minha mãe e minhas irmãs apoiaram minha decisão, pois sabiam que na fazenda estava a minha felicidade", diz ele.
Desse tempo todo, Ton tirou uma lição: uma jornada bem-sucedida é feita de muitos passos, como o cuidado diário na gestão do rebanho, das pessoas e das finanças. “Um ponto forte da fazenda é a equipe, que é muito boa e dedicada", completa ele. Ele também destaca o uso da tecnologia para explicar a produtividade da Alto da Serra.
Um “divisor de águas”, segundo Ton, foi a inseminação artificial, utilizada desde 1995 e que ajudou a melhorar qualidade e a produtividade do rebanho que, antes, ele diz, era um “gado pé duro”. Depois vieram os acasalamentos dirigidos, com foco em produção e longevidade das matrizes. “Por volta de 2010 fiz um curso de Gestão de Fazendas do Rehagro e a produção foi aumentando”, relata ele. Com a adoção do software Ideagri, o registro de dados deram sólida sustentação às decisões de gestão. “Eu acompanho cada detalhe da fazenda”, diz ele.
Em 2012, a Alto da Serra participou do torneio leiteiro em Boa Esperança (MG) e a matriz escolhida, chamada Purina, foi estabulada e recebeu cuidados especiais. Passou de 19 para 49,97 kg de leite por dia, ganhando o torneio. “Isso disparou um alerta: manejados adequadamente, os animais podem facilmente aumentar sua produção”, afirma Ton. Desde então, o bem-estar, o conforto e o controle da nutrição dos animais viraram prioridade. "Nos empenhamos para manter a higiene do bezerreiro até a sala de ordenha”, diz ele. Em caso de doenças, o tratamento é feito prontamente e as recomendações são seguidas à risca.
As matrizes são inseminadas pelo próprio Ton e por um funcionário, e 100% das primeiras tentativas são protocoladas (IATF) e o cio de retorno é acompanhado. O tratador é treinado para não perder nenhuma manifestação das matrizes. Após o nascimento, os bezerros são mantidos 10 ou 15 dias em uma baia, para melhor acompanhamento. Em seguida, permanecem até os 60 dias em casinhas e, entre os 60 e 90 dias ficam em um bezerreiro argentino.
“Após o desmame, as fêmeas são levadas para os piquetes divididas em lotes homogêneos, sempre com sombra, comida e água limpa." descreve Ton. "O conforto dos animais é um fator de sucesso: o animal come bem, bebe água limpa, tem uma cama confortável, as instalações das vacas têm ventiladores e um pé-direito alto”, relata ele.
Desde 2016, a Alto da Serra opera com um “compost barn”, e o impacto foi notável: a média de produção pulou de 24 para 32 kg/dia. "Eu e meu pai rodamos muito para ver o que funcionava em outras propriedades." lembra Ton. Em 2020, as instalações foram ampliadas e passaram a comportar o pré-parto (no total, comporta hoje 74 animais).
Como era de se esperar, com todos esses cuidados, a qualidade de leite é outro destaque na fazenda Alto da Serra. Mesmo com uma sala de ordenha antiga e simples, mas muito bem cuidada, a fazenda foi bonificada como um dos rebanhos com melhor qualidade de leite pela Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança (CAPEBE), que realiza a assistência técnica e acompanhamento nutricional duas vezes por mês para a fazenda, como parte do programa projeto ‘Leite Fiel’.
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