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Ações simples que podem reduzir a Contagem Bacteriana Total (CBT) e a Contagem de Células Somáticas (CCS)

POR LIBOVIS - UFRRJ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2023

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 14/08/2023

De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a produção de leite abrange 98% dos municípios brasileiros e emprega aproximadamente 4 milhões de pessoas. Segundo dados de 2022 da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos) o Brasil é o sexto maior produtor mundial, com uma produção de cerca de 34,8 milhões de toneladas de litros de leite. No entanto, apesar de números expressivos, o setor enfrenta desafios em termos de eficiência produtiva e qualidade do leite in natura, o que afeta sua competitividade.

De maneira geral, o leite cru costuma apresentar níveis elevados de microrganismos aeróbios mesófilos e coliformes, o que sugere deficiências nas práticas de higiene durante a produção. A contagem desses microrganismos aeróbios mesófilos, também conhecida como Contagem Bacteriana Total (CBT) é de extrema importância, pois serve como indicador de qualidade e fornece informações sobre a eficácia das práticas de higiene durante a coleta e manutenção do leite.

Além disso, a contagem de células somáticas (CCS) também se tornou um parâmetro de qualidade, pois as células somáticas são indicadoras de que as células de defesa migraram para as glândulas mamárias para combater agentes causadores da mastite.

Nos últimos anos surgiu o sistema de pagamento por indicadores de qualidade do leite, uma abordagem utilizada por muitas indústrias de laticínios para incentivar os produtores de leite a entregar um produto de melhor qualidade, garantindo preços mais altos pelo litro de leite entregue. Esse sistema considera que indicadores como CCS e CBT afetam diretamente a qualidade do produto final, sua vida útil, processamento e valor agregado.

Nesse sistema, as indústrias coletam amostras regularmente do leite fornecido por cada produtor e enviam para laboratórios especializados para mensurar CCS e CBT. Com base nos resultados das análises, são atribuídas pontuações aos produtores: quanto mais baixos os níveis de CCS e CBT, melhor a qualidade do leite. Os produtores que mantêm baixos níveis de CCS e CBT são recompensados financeiramente.

A qualidade inferior do leite cru, bem como dos leites pasteurizado, esterilizado e seus derivados, pode ser atribuída a uma série de fatores, incluindo deficiências no manejo e na higiene durante o processo de ordenha, altos índices de mastite, manutenção e desinfecção inadequadas dos equipamentos, falta de refrigeração eficiente ou inexistente e a presença de mão de obra desqualificada, dentre outros aspectos relevantes. Para que haja valorização do leite é essencial adotar ações adequadas desde antes da ordenha até o processamento do leite, a fim de reduzir a contaminação.

Ações que podem ser adotadas

Currais: são parte das instalações que podem acumular um grande número de micro-organismos, os pisos bem como os comedouros e bebedouros devem ser mantidos limpos. Destinar adequadamente os resíduos (diariamente deve haver remoção de fezes, urina e restos de alimentos) evita a contaminação do ambiente.

Se o sistema utilizado for o Compost Barn deve-se utilizar equipamentos adequados, como tratores e pás carregadoras, para a remoção eficaz dos resíduos. Deve-se manter uma cama de material adequado (como serragem, palha ou areia) que ofereça conforto e absorção de umidade com adição de material novo regularmente para manter a cama limpa e seca. É necessário que o Compost Barn tenha um sistema adequado de drenagem para evitar o acúmulo de água e lama, os canais de drenagem devem ser monitorados regularmente para garantir um fluxo adequado.

Sala de ordenha: a limpeza diária do local de ordenha e um bom sistema de escoamento de resíduos são essenciais para evitar a formação de lama e reduzir a sujidade no úbere das vacas, pois minimizar a presença de fezes e lama nas áreas frequentadas pelas vacas é essencial.  A área destinada a ordenha deve ser ventilada, sem poeira e com baixa umidade.

Higiene na rotina de ordenha: garantir que a higiene seja rigorosamente seguida durante todo o processo de ordenha melhora muito os índices que mensuram a contaminação. Lavar bem as mãos dos ordenhadores antes da ordenha deve fazer parte do processo. Em seguida devemos proceder com a limpeza dos tetos antes da ordenha, para isso, é necessário cobrir completamente a superfície dos tetos com uma solução pré dipping que se for uma solução clorada, é necessário deixar agir nos tetos por 30 segundos.

Caso os tetos estejam sujos, é recomendado lavá-los antes ou utilizar uma solução de ácido lático. A secagem dos tetos, sempre que necessária, deve ser feita com papel-toalha, considerando que deve ser um pedaço de papel para cada teto. Por fim, deve-se fazer o pós dipping dos tetos ao finalizar a ordenha, cobrindo pelo menos 2/3 do teto com a solução contendo iodo glicerinado. E ainda, realizar ordenha completa, garantindo que todo o leite seja retirado dos tetos.

Rotina de ordenha
Fonte: ideagri

Implementar um programa de monitoramento regular da saúde do úbere e do leite: para identificar e tratar imediatamente casos de mastite, seguindo as orientações veterinárias. Utilizar os testes de caneca de fundo telado em cada ordenha e o California Mastitis Test (CMT) uma vez por semana, no mínimo, para sempre ordenhar vacas mais saudáveis primeiro. Haverá um diagnóstico da saúde do rebanho no que diz respeito a mastite, e assim, identificando animais doentes, as vacas com mastite clínica e aquelas em tratamento com antibiótico ficam por último na ordenha, descartando o leite, para evitar contaminação de vacas sadias e evitar resíduos de medicamentos no leite.

Manutenção dos equipamentos de ordenha: é essencial realizar a limpeza e higienização do equipamento com detergentes específicos, seguindo o tempo  de ação e a temperatura corretos. É recomendado substituir as mangueiras de leite a cada 6 meses ou 2500 ordenhas e as mangueiras de vácuo a cada 12 meses ou 5000 ordenhas. Antes da ordenha, é importante garantir que os recipientes que recebem o leite (baldes ou tanque, incluindo todo o sistema de passagem) estejam limpos e higienizados adequadamente.

O manejo adequado dos animais também é essencial: evitar estresse excessivo nas vacas durante a ordenha além de garantir alimentação balanceada, conforto e bem-estar trazem benefícios e mais saúde ao rebanho. As mudanças bruscas no ambiente e manejo das vacas devem ser evitadas, os animais devem ter instalações adequadas para descanso e abrigo que proporcionem conforto. O estresse é conhecidamente o maior inimigo do sistema imunológico, vacas estressadas terão maior probabilidade de desenvolverem mastite. E ainda, considere também que uma dieta balanceada e nutricionalmente adequada é capaz de fortalecer o sistema imunológico das vacas reduzindo casos de mastite na propriedade.

Lembre-se de que a implementação dessas medidas requer um compromisso constante com a qualidade e o bem-estar animal. Um plano abrangente de controle de mastite, com base nas orientações técnicas corretas e boas práticas reconhecidas, é fundamental para o sucesso na redução da CBT e CCS em fazendas de gado leiteiro e consequentemente, melhor valorização no preço pago pelo leite.

 

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Autores
Fernanda Teixeira de Souza - Discente do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ, Membro LiBovis;

Louise Cristine Carneiro de Almeida - Discentes do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ, Membro LiBovis;

Ana Paula Lopes Marques - Orientadora, LiBovis-UFRRJ

 

Bibliografia recomendada:

 

DIAS, J. A.; BELOTI, V.; OLIVEIRA, A. M. de. Ordenha e boas práticas de produção. Pecuária leiteira na Amazônia. Brasília, DF. Embrapa, 2020. Cap. 6, p. 105-130. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1126174/1/cpafro-18460.pdf>

 

FAGNANI, R. Resumão das INs 76 e 77 de qualidade do leite. MilkPoint. 2019. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/rafael-fagnani/resumao-das-ins-76-e-77-elas-estao-chegando-212785/>

 

MENEGHATTI, M. R.et al. Impactos do sistema de pagamento por qualidade do leite em uma cooperativa da agricultura familiar. DRd-Desenvolvimento Regional em Debate, v. 10, p. 1203-1234, 2020. Disponível em: < https://www.periodicos.unc.br/index.php/drd/article/view/2963>

 

 

LIBOVIS - UFRRJ

A Liga de Bovinos, LiBovis, é um grupo de estudos constituído por alunos de graduação em Medicina Veterinária e áreas afins da UFRRJ. Tem como objetivos estudar, compreender e defender os interesses da bovinocultura contribuindo para sua valorização.

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ELIEZER FURTADO DE CARVALHO

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/02/2024

Essas informações são importantes para todos os produtores de leite.
LIBOVIS - UFRRJ

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2024

Sim, a redução nas CCS e CBT é um grande desafio em todas as propriedades, conhecer medidas capazes de atingir esse objetivo é essencial na produção leiteira.
ADEMIR PEDRO THOMAS

SANTA ROSA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/11/2023

Otimo conteudo...
Estou com Ccs Alta esta sendo um grande Desafio esses dias de Chuva
LIBOVIS - UFRRJ

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2024

Reduzir a CCS e CBT em propriedades leiteiras durante dias chuvosos pode ser desafiador devido ao aumento do potencial de contaminação ambiental e ao estresse adicional sobre as vacas. No entanto, algumas práticas podem ajudar a minimizar o impacto. Tentar manter as áreas de alimentação, descanso e ordenha limpas e secas é uma boa estratégia, é especialmente importante proteger a área de ordenha contra a entrada de água e lama. Verifique se os telhados estão em boas condições e se as áreas ao redor da sala de ordenha estão bem drenadas para evitar a contaminação do leite, também pode ser necessário reforçar os procedimentos de higiene durante a ordenha, incluindo a lavagem e desinfecção adequadas dos tetos antes da ordenha, a limpeza dos equipamentos de ordenha e a utilização de toalhas descartáveis para secar os tetos e certifique-se de que a equipe responsável pela ordenha esteja consciente da importância da maior higiene durante os dias chuvosos.
ELISANDRO GERVASONI

TENENTE PORTELA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/08/2023

Os laticínios só cobram por qualidade, mas são poucos que pagam por isso, no entanto o produtor não toma os devidos cuidados por não ser valorizado por tal manejo.
LIBOVIS - UFRRJ

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2024

Quando um laticínio decide pagar por qualidade do leite, isso significa que eles estão dispostos a pagar aos produtores de leite um preço diferenciado com base em certos parâmetros de qualidade. Isso é feito para incentivar os produtores a fornecer leite de melhor qualidade, o que beneficia tanto o laticínio quanto os produtores. Recompensas criam ciclos positivos, incentivando continuamente a melhoria.
ELISEU LUIZ RIZZATTI

BARRA DO RIO AZUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/08/2023

Muito bom assuntos do meu interesse
LIBOVIS - UFRRJ

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 18/08/2023

Olá Eliseu, se quiser pode nos deixar dicas de assuntos do seu interesse, teremos o maior prazer de lhe atender.
FRANCISCO PEIXOTO DOS SANTOS NETO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2023

Muito boa matéria. São medidas simples mas que na prática dão ótimos resultados. Eu entrego para a Italac e última análise a CBT ficou em 4 e a CCS ficou em 63
LIBOVIS - UFRRJ

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/08/2023

Olá Francisco, antes de tudo, agradecemos o retorno. Medidas simples de higiene que geram bons resultados, esse o segredo. Parabéns pelos seus índices... Abraços e boa produção sempre!

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