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MARCELO PEREIRA DE CARVALHO
PIRACICABA - SÃO PAULO
EM 23/10/2018
Caro Marcello,
Obrigado pelas colocações, sem dúvida interessantes.
Se analisarmos os últimos 5 anos, o nosso preço em dólar foi US$ 0,40/litro, e nossas exportações, pífias. Isso quer dizer que, nas condições dos últimos 5 anos, esse preço não é suficiente para nos possibilitar uma inserção consistente no mercado externo - e olha que tivemos um período de recessão interna, em que sofremos com o consumo, sendo a exportação um caminho importante.
Concordo com você que muitos países não são competitivos a US$ 0,30/litro. Os países da Europa, como você mencionou, se incluem entre eles. Porém, Nova Zelândia, Uruguai, Argentina e talvez Estados Unidos (marginalmente) fazem parte do grupo dos países competitivos.
Claro que analisar valor em dólar é sempre complicado, porque há forte variação cambial. US$ 0,30 com dólar a R$ 4,00 é uma coisa; a R$ 3,00 é outra.
Mas o fato é que, se nosso objetivo é ser exportador estrutural, mas condições atuais de mercado, não tem muito como fugir de US$ 0,30-US$ 0,35/litro, pelo menos no leite em pó. Há, sim, possibilidade de desenvolvermos outros produtos, como queijos, em que seja possível atuar em nichos de mercado, mesmo a preços um pouco mais altos.
Em relação aos preços externos, a percepção que tenho é que foi subestimada a capacidade do mundo de produzir leite caso a relação de troca fique muito favorável. É um 8 ou 80: a partir de certo valor, muitos países fortes em produção ficam competitivos, e o resultado é a sobre-oferta que vimos em outros anos. Veja os estoques da Europa e EUA.
Por outro lado, preços muito mais altos afetam o consumo, já que os grandes importadores são países com restrição de renda.
Tudo somado, o fato é que não há muita margem para preços médios muito acima dos US$ 3.000-3.300/tonelada, pelo menos hoje.
Grande abraço,
Marcelo
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