Trump propõe retorno dos EUA à Parceria Transpacífico

O presidente Donald Trump, em uma reversão surpreendente, disse a um grupo de legisladores e governadores de estados agrícolas americanos, na manhã de quinta-feira, que havia instruído seus assessores a estudar como os Estados Unidos poderiam retornar ao pacto comercial multilateral conhecido como Parceria Transpacífico, que ele abandonou nos primeiros dias de seu mandato.

Retornar ao pacto entre 11 países seria uma reversão considerável na situação de muitos setores econômicos americanos que se beneficiariam dos termos favoráveis de comércio prescritos pelo acordo, e para os legisladores republicanos que o apoiavam. O acordo, negociado pelo governo Obama, era encarado principalmente como uma ferramenta para estimular a China a adotar o tipo de reforma econômica que os Estados Unidos e outros parceiros comerciais do país há muito desejam.

Tanto democratas quanto republicanos atacaram o tratado durante a campanha presidencial, mas muitos líderes empresariais se decepcionaram quando Trump retirou os Estados Unidos do pacto; eles argumentaram que os americanos terminariam obtendo termos menos favoráveis se tentassem negociar uma série de acordos bilaterais de comércio, e que abandonar o acordo beneficiaria a China.

Os republicanos do Congresso também encaram com ceticismo as tendências de Trump quanto ao comércio, e 25 senadores do partido enviaram uma carta ao presidente para instá-lo a retornar à Parceria Transpacífico, "para que o povo americano possa prosperar com as imensas oportunidades que esses parceiros comerciais oferecem". Trump sempre criticou severamente o tratado e disse que preferia negociar acordos comerciais bilaterais, uma tática que segundo ele dá aos Estados Unidos maior poder de negociação com seus parceiros.

Retornar à Parceria Transpacífico será uma tarefa complexa. Os outros 11 países membros passaram meses renegociando um pacto que passaria a não contar com acesso ao mercado dos Estados Unidos, e por fim chegaram a um acordo multinacional abrangente, este ano. Eswar Prasad, especialista em comércio internacional da Universidade Cornell, disse que era difícil imaginar que os Estados Unidos viessem a ser "recebidos de braços abertos" pelos atuais membros, ou que Washington pudesse exercer grande influência em uma renegociação do acordo.

A decisão de Trump de reconsiderar o tratado surge em um momento no qual a Casa Branca está procurando maneiras de proteger o setor de agricultura americano, que pode ser pesadamente prejudicado pela abordagem do presidente quanto ao comércio internacional. O governo Trump anunciou ter ordenado ao Departamento da Agricultura que crie um programa para ajudar os agricultores prejudicados pela política comercial.

As informações são do The New York Times, publicadas na Folha de São Paulo.