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Summit Agronegócio Brasil 2018 #4: Tecnologia no campo

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 05/12/2018

6 MIN DE LEITURA

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A falta de conectividade no meio rural é o principal desafio para o desenvolvimento da agricultura de precisão no Brasil, disse o diretor do Grupo de Soluções Inteligentes (GSI) da John Deere para a América Latina, Nick Block, que participou do Summit Agronegócio Brasil 2018.

Segundo Block, grande parte dos benefícios criados pela tecnologia é perdida pela falta de conectividade nas lavouras. Sem conectividade ficamos limitados mesmo com os avanços tecnológicos.

Dados apresentados por Guilherme Raucci, diretor de Sustentabilidade da Agrosmart, também presente ao evento, mostram que apenas 14% das lavouras brasileiras estão conectadas. No caso dos Estados Unidos, Block estima que cerca de 80% das fazendas tenham acesso à internet. “O problema da conectividade é enorme e gera, sim, dificuldades. Desde a rastreabilidade de máquinas até barreiras à inovação”, ressalta Marcio Albuquerque, presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão. “Uma startup que quer fazer algo baseado em celular tem de levar em conta, desde o início, que aquele aparelho pode não ter acesso à internet.”

No caso da John Deere, Block ressalta que a empresa precisou desenvolver soluções específicas para a realidade brasileira, como o armazenamento de dados pelas máquinas.

Embora os custos adicionais para o desenvolvimento dessas tecnologias sejam classificados como “moderados”, o executivo destaca que a falta de conectividade reduz a capacidade de resposta em tempo real do produtor a qualquer problema observado no trabalho em campo, levando a uma agricultura de precisão “incompleta” quando comparada à de outros países.

Processo lento

O mesmo problema é apontado pela Taranis Brasil, que desenvolve soluções de inteligência artificial para a identificação de pragas e doenças em lavouras. Segundo Georgia Palermo, gerente-geral da empresa, a transmissão de dados por mídias físicas pode levar de algumas horas a até dias em casos de fazendas mais isoladas, retardando a adoção de decisões estratégicas. “Se identificamos uma doença cuja orientação é a aplicação de algum defensivo, em dois dias pode haver uma mudança climática que prejudique ainda mais a situação do agricultor”, explica. Além disso, o custo de transmissão de dados por mídia física também é um fator que encarece a adoção da tecnologia.

Para Albuquerque, a solução para a falta de conectividade no país passa por três pilares: político, tecnológico e econômico. “Vemos articulações de vontade política e tecnológica começando a surgir, mas, do ponto de vista econômico, o problema não está equacionado”, diz o presidente da CBAP. Segundo ele, o menor volume de dados esperados para o meio rural torna a expansão da rede para o interior do País menos atrativa.

A saída encontrada pelas empresas tem sido trabalhar com os dados internos produzidos pela fazenda. “Conseguimos integrar informações de outras fontes, como máquinas, imagens feitas por drones ou por satélites, sem esquecer dos dados que os produtores podem fornecer”, aponta Raucci, da Agrosmart.

A empresa desenvolveu uma rede de comunicação própria por rádio que transmite os dados da lavoura até um ponto final conectado, mas ainda esbarra na falta de uma base de dados consolidada. “O Brasil sofre com um apagão de dados, principalmente temporal. Ainda não temos um histórico de dados para trabalhar com as ferramentas que temos hoje”, ressaltou Raucci.

Outro problema é o desestímulo à adoção de novas tecnologias por parte dos produtores rurais. “O produtor não vai adotar uma tecnologia só porque é nova, ele quer a solução no bolso”, lembra Daniel Trento, gerente de Inovação da Embrapa. Para ele, a conectividade é um problema de infraestrutura que se soma a outros gargalos do país, como portos e estradas.

'Unicórnio' no setor deve surgir nos próximos três anos

O agronegócio brasileiro deve passar pelo surgimento de suas primeiras startups com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão (unicórnios) nos próximos anos, avaliou Francisco Jardim, CEO e diretor executivo da SP Ventures, fundo de investimentos com operação em mais de 20 agritechs no país.

No painel do Summit Agronegócio 2018, Jardim ressaltou que algumas startups do setor financeiro atingiram esse status este ano, o que deve ocorrer com o agronegócio nos próximos três anos. “Até o fim de 2017, o Brasil nunca havia tido um ‘unicórnio’. Em 2018, empresas como 99, PagSeguro e Stone atingiram esse patamar. Essas companhias cresceram e foram desenvolvidas entre 2014 e 2018, num período em que nosso PIB encolheu”, explica Jardim.

Segundo ele, o primeiro investimento brasileiro em agritechs data de 2009, com maiores aportes em soluções digitais a partir de 2014. A maior demora para o primeiro bilhão de dólar em valor de mercado poderia ser explicada pelas especificidades do setor. “Uma agritech precisa lidar com fatores mais complexos e uma maior interdisciplinaridade de áreas, com biólogos, agrônomos e veterinários.”

Jardim avalia ainda que as startups brasileiras contam com a vantagem de desenvolverem soluções focadas nos problemas da agricultura tropical praticada no Brasil, o que lhes confere uma “vantagem competitiva brutal” diante das agritechs que surgiram nos últimos anos em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Israel. “Há uma maior maturidade atualmente no Brasil para experimentar e adotar novas tecnologias no campo, seja pela troca de comando nas fazendas, seja porque as tecnologias estão adquirindo um nível que as tornam mais baratas e mais fáceis de usar”, diz. A expectativa, diante do avanço das novas tecnologias no campo, é de gestão rural cada vez mais próxima do observado na indústria, onde há maior controle dos processos.

“Temos uma chance única na agricultura, a de fazer uma gestão similar ou quase idêntica à industrial. Nunca tivemos essa oportunidade na história”, ressalta Daniel Latorraca Ferreira, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Segundo ele, o desafio para o setor atualmente não é apenas levantar o custo de produção, mas entender o que de fato o influenciou.

Mais pessimista, contudo, o professor do Departamento de Genética da Esalq/USP, Mateus Mondin, ressalta que a falta de um projeto estruturado para o agronegócio brasileiro põe em risco o desenvolvimento esperado das agritechs. “A agricultura digital não é futuro, ela já é o presente. O que estamos vivendo hoje é o mesmo que ocorreu com a informática na década de 70, quando havia um milhão de novidades e no fim sobraram poucas”, aponta.

De opinião semelhante, o CEO da MSW Capital, Richard Zeiger, avalia ser preciso contribuir para o desenvolvimento dessas empresas para além do financiamento. “O grande desafio é fazer com que essas startups cresçam de forma saudável”, destaca.

Para o presidente do Conselho de Administração da Cocamar, Luiz Lourenço, os mais velhos têm dificuldade de aceitar novas tecnologias. “Há uma dificuldade quanto a isso no setor. Quanto mais velho o agricultor, mais distante da sua realidade". 

Produtor ainda resiste à agricultura de precisão no país

A agricultura de precisão ainda esbarra na baixa adoção por parte do produtor brasileiro, segundo apontou o presidente da CBAP, Marcio Albuquerque. Ele estima que cerca de 20% da agricultura adote sistemas de precisão, índice considerado expressivo, mas abaixo do ideal.

Entre os desafios, destaca a falta de conhecimento dos produtores e de incentivos de mercado. “Precisamos levar treinamento para mão de obra qualificada e criar acesso a linhas de crédito. Por que o produtor que adota todas as tecnologias possíveis tem o mesmo seguro rural do que o que não adota?”

Pecuária

Daniel Trento, gerente de Inovação da Embrapa, tem a mesma opinião. Para ele, a Embrapa tem buscado aproximar desenvolvedores de tecnologias e a pecuária para encontrar soluções para a atividade. “O produtor quer a solução que atenda à sua necessidade.

Marcio Albuquerque. 

Converso muito com startups, mas não adianta levar solução com a mesma mentalidade da cidade.” No caso da pecuária de corte, Trento ressalta que já existe movimentação de frigoríficos em busca de soluções para rastreabilidade e sanidade animal. Segundo ele, “a capacidade de responder a questões sanitárias será um dos eixos para soluções pecuárias no futuro”.

O presidente da Climatempo, Carlos Magno, alertou para a falta de estações meteorológicas no país – 500 aqui ante 25 mil nos EUA. “Temos um bom material nas universidades, mas sem investimento na conectividade com as estações das fazendas”, disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

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