Para a 2ª edição do Bate-papo MilkPoint, convidamos Rene Machado, Head of Milk Sourcing na Nestlé. A conversa, que ocorreu entre Rene e Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da AgriPoint, abordou temas interessantes para o setor lácteo no Brasil, como a possibilidade do mercado futuro para os lácteos, ameaças atuais, inovações e o que precisa melhorar no geral.
Confira abaixo o vídeo completo:
Highlights da entrevista:
“O setor leiteiro evoluiu demais no Brasil. Temos um problema por conta do tamanho do país com relação às médias, que distorcem qualquer análise mais cuidadosa dos fatos”
“Passamos por muitas transformações e vivemos um período que grandes fatos marcantes aconteceram. O fato do resfriamento do leite na fazenda por exemplo foi um deles, pois permitiu muitas mudanças. Também, tecnologias que a Embrapa e as universidades desenvolveram”
“O Brasil passou de um importador necessário para um importador de necessidade, lembrando que os aspectos cambiais têm grandes impactos. Hoje temos um país com condições muito próximas das nações consideradas modelo”
“Na fazenda, apesar dos grandes avanços, ainda temos uma média por propriedade baixa, fato que gera ineficiências na logística de transporte. Quando as fazendas são muito próximas, como no Sul e outras regiões, esse problema é amenizado”
“As top 5 maiores empresas em outros países têm mais de 65% do leite, no Brasil, talvez tenham 35%. Isso acaba dificultando a visão de longo prazo. Temos um setor industrial muito fragmentado versus o que é hoje o varejo. Isso coloca condições diferentes na negociação”
“Não acredito que seja um problema o preço ser alto ou baixo, mas sim, a sua alta volatilidade, o que não permite que o produtor faça um sistema de produção adequado para o nível de preço”
“Com relação ao consumidor final, as inovações no Brasil acabam ainda esbarrando em lei e questões regulatórias”
“O mercado futuro para os lácteos no Brasil é um caminho a ser explorado, mas ainda falta maturidade do setor para isso”
“Me envolvi na criação da Viva Lácteos porque acredito que quanto mais o setor trabalhar com uma visão parecida, mais fácil ficam as coisas. No Brasil, temos um histórico de associações: de queijos, UHT, entre outras, e por isso, creio que uma política institucional por categoria não faz sentido já que a matéria-prima é a mesma”
“A Viva Lácteos surgiu da ideia de trazer os diversos segmentos para a mesma mesa e falar sobre o todo. Ela vem desenvolvendo um ótimo papel, é muito ouvida, há um consenso e evita que o setor fique dividido”
“Hoje o consumidor está muito segmentado. Há aqueles que se alimentam pelo prazer pela comida, outros pensando na sustentabilidade e ainda, aqueles que visam os alimentos não oriundos de animais. Essa diversidade precisa ser estudada para trazer mais oportunidades para a empresa do que ameaças”
“A principal ameaça a meu ver é a empresa que não entender que o consumidor de hoje é diferente do consumidor de 15 anos atrás”
“A Nestlé tem mais de 100 anos, porém é altamente inovadora. Sempre reavalia o seu portfólio de produtos para atender os consumidores, estes, que estão em constante transformação. Não é uma empresa de nicho, mas tem produtos ‘nichados’ para atender os mais diversos públicos”
“Nunca diga nunca, mas acho muito difícil a Nestlé sair do mundo do leite, mas como o capital não é infinito, a empresa também priorizou a sua entrada em outros mercados, como o de café e água, alocando melhor o capital para outras áreas. É uma empresa que não fica parada e sempre busca novas oportunidades de negócios. Hoje não somos a maior compradora de leite do Brasil, mas ainda temos uma grande participação”
“Entre as grandes empresas de alimentos, nos últimos dois anos, a Nestlé é a quem mais fez aquisições de startups na área de inovação”
“Se olharmos a fotografia de 2019, o setor lácteo aparentava ser ruim, em 2020, uma atividade atrativa para se investir. Algumas empresas que chegam no Brasil olham a fotografia no momento errado, e outras que vêm, entendem essa sazonalidade”
“Na pandemia, o setor brasileiro foi surpreendido pelo efeito do ticket de ajuda que o governo concedeu, provocando uma adição de demanda muito rápida. As pessoas estando em casa, passaram a cozinhar mais, ter tempo para fazer sobremesas e vivenciar cafés da manhã mais longos”
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Equipe MilkPoint