A tendência de queda da remuneração proporcionada pelo milho tem levado agricultores de Mato Grosso, que lidera a produção do cereal no país, a repensarem o plantio da segunda safra, que já começa a ganhar força nos polos do Estado.
"Há dez anos, gastávamos R$ 1 mil por hectare, mas hoje o custo chega a R$ 2 mil. O risco dobrou, e a minha margem está mais apertada", diz Silvésio de Oliveira, paranaense que planta soja e milho no município de Tapurah, no norte matogrossense, desde a década de 1980
Nesta safra 2018/19, Silvésio cultivou 1,3 mil hectares de soja, mas nem toda essa área será ocupada pelo milho safrinha, como nos últimos ciclos, ainda que boa parte da futura colheita já esteja comercializada "Vou aumentar a pastagem. Estou cansado de trabalhar", brinca.
A tendência é que os preços do milho caiam nos próximos meses no exterior e no Brasil. A expectativa de ampliação do plantio nos EUA na safra 2019/20 e a apreciação do real ante o dólar nublam o horizonte para as exportações - a maior parte da safrinha de Mato Grosso é escoada para o mercado internacional.
O plantio desta safrinha dentro da janela climática ideal - de janeiro até meados de fevereiro no Estado - deverá contribuir para a colheita. Se a demanda decepcionar, a tendência de queda será aprofundada.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta a colheita da safrinha do Estado em 28,5 milhões de toneladas, 3,4% maior que em 2017/18. A consultoria Agroconsult, que organiza o Rally da Safra, expedição que todos os anos percorre lavouras de grãos de todo o país, estima que a produção brasileira de milho de inverno somará 68,6 milhões de toneladas. "Com o gado, o risco é mais baixo. Vou ter menos dor de cabeça", reforça Oliveira. O produtor tem 500 cabeças de gado, mas o número poderá dobrar a partir de uma expansão de 100 hectares de área de pasto.
As informações são do jornal Valor Econômico.