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Persistência e coragem: confira essa bela homenagem a três pais produtores de leite

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 13/08/2018

7 MIN DE LEITURA

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Para homenagear o Dia dos Pais que ocorreu ontem (12/08) o MilkPoint lançou o ‘Especial Pais do Campo’. O intuito foi conhecer e homenagear os pais que contribuem com a pecuária leiteira liderando ou auxiliando tanto os trabalhos do campo como dando o suporte e a assistência necessários para o negócio. Com firmeza e paciência, eles também contribuem para a sucessão familiar, tema muito discutido nos últimos anos visto que a intenção dos jovens de ficar no campo vem diminuindo. 

Confira abaixo três depoimentos emocionantes:

Por Kellen Serber, para José Serber


José Serber

“A história que venho compartilhar, é um caso de superação diária e muita, mas muita força de vontade! A atividade leiteira é um ramo de altos e baixos, todos sabem. E tudo iniciou com muito custo, com a aquisição de algumas vacas mestiças, no ano de 1990. A primeira entrega ao laticínio da região onde meus pais residiam foi de 11 litros/dia, fato que emociona todos que o descobrem. O laticínio deu o ultimato: "ou aumenta a produção, ou para a captação". Em busca de condições para ampliar o negócio, as mudanças foram necessárias. Zona de conforto? Isso nem existia. Sair dela, então? Mudar de cidade, começar do zero, transportar animais, olhar chácaras daqui e dali, economizar para comprar maquinário... não aconteceram de uma vez só! As filhas chegaram no meio do caminho! Brincamos que nascemos embaixo das vacas, pois a atividade é árdua. Não é fácil. Os animais estão lá todos os dias. Faça chuva, faça sol! E crescemos vendo nossos pais, dia após dia, trabalhando com eles. Momentos difíceis surgiram. Contas e mais contas foram feitas. Pesos foram colocados na balança. Muitas vezes, a decisão de abandonar o negócio assombrou a mente de meu pai. Mas o ensinamento que nos fica é que a dedicação, o amor pelos animais e a esperança de que o leite é uma atividade promissora (além da insistência de minha mãe), jamais o deixaram concretizar tal decisão! Hoje o negócio leiteiro da família está no patamar dos 8 mil litros diários. Genética selecionada. Ambiente automatizado. E o ritmo não para. Os sonhos são muitos, as metas são colocadas na mesa todos os meses e o empenho do homem que eu mais admiro nesse mundo me ensinou que, sem arregaçar as mangas e colocar a mão na massa, os sonhos não se realizam! O suor na testa dele ao final do dia, a caneta e o papel na mão, a busca por tecnologias e as muitas estratégias de negociação dele são a maior prova de que os sonhos podem ser realizados. Feliz dia dos Pais, ao homem que me ensinou que caráter, força de vontade e dedicação fazem tudo acontecer”.

Por Marina e Marcela Peres, para Antônio Jésus Soares 


Antônio e as filhas Marina e Marcela


Antônio e a neta Maria Lucia

“É um privilégio e uma grande oportunidade ter a honra de falar sobre o meu pai. Embora eu e minha irmã não tenhamos seguido o mesmo caminho profissional, isso não significa que ele não seja um exemplo para nós e para a nossa microrregião enquanto homem, trabalhador e produtor rural. O produtor de leite, a cada ano, vem sofrendo boicotes de todas e das mais variadas formas: seja da legislação (incluindo fiscalização), seja das políticas econômicas, seja dos grandes laticínios. Mesmo assim, meu pai, há mais de 40 anos, luta de sol a sol, de domingo a domingo, sem férias, sem descanso semanal, sem esperar o relógio, diariamente, despertar às 04h da manhã, e sem saber o que o futuro reserva para o pequeno e o médio produtor de leite. Nesta data, muito mais do que homenageá-lo, gostaria de lhe dar a palavra. Sendo assim, seguem algumas das infinitas reflexões geradas ao longo de sua vida profissional: em 1994 eram necessários 325 litros de leite para pagar o salário de um retireiro, hoje, são necessários não menos que 1.100 litros; toda produção leiteira é paga com um prazo de 60 dias, além disso, não há informação prévia sobre o valor a ser recebido por essa produção. E se não bastassem essas duas características ímpares e surreais do mercado, ainda há uma lei repugnante (Lei de Falências e Recuperação de Empresa - Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005) que beneficia o laticínio (mas não só) em casos de Recuperação Judicial, já que não o obriga a quitar sua dívida com os produtores rurais de imediato. Por fim, com quase 70 anos de vida, ele foi obrigado a descartar toda a produção de leite de uma semana devido a última greve dos caminhoneiros, hipótese jamais imaginada nem nos piores dos seus pesadelos. Meu avô, com 8 filhos, teve condições de formar, dignamente, seis deles no ensino superior (inclusive um médico e um dentista, cursos sabidamente caros), com uma produção leiteira muito menor que a do meu pai, que hoje, não teria condição de formar nem uma de nós médica, por exemplo. Cabe aqui ressaltar que os dois outros filhos (um deles, meu pai) não fizeram faculdade por opção. Todavia, mesmo com tantos percalços, papai não perde a fé e tampouco a hombridade. Tem na família seu maior refúgio e alicerce. E jamais deixou de proporcionar uma vida digna para nós. E mesmo vendo o negócio piorar ano a ano, trabalhar no vermelho (desde 2013!), e ter menos qualidade de vida (muito embora, com a chegada do envelhecimento, espera-se que seja justamente o contrário), é comum encontrar sempre à beira do curral algum vizinho, algum produtor, ou funcionário de loja agropecuária ou de órgãos públicos correlatos (IMA, por exemplo), ou veterinário, ou mesmo um principiante no negócio trocando ideia e fazendo com que ele distribua um pouco do seu conhecimento e vivência de um ramo tão sacrificado e preterido. Atualmente, segundo suas palavras: "é escravo do que possui e luta diariamente para conseguir apenas manter o que adquiriu durante uma vida inteira”.

Por Deivid Fernando Schröer e Vanessa da Motta Botton, para Neri Schröer


Neri Schröer


Vanessa, Deivid, Neri e a sua esposa Neusa

“Gostaria de homenagear meu pai nesse dia pois sei da sua bela história de vida na produção de leite e de toda a sua humildade. Com o seu perfil trabalhador, foi ele quem contribuiu para eu me tornar hoje quem eu sou. Ele é meu parceiro de trabalho, todos os dias, meu amigo e conselheiro. Ele é o Neri Schröer, ou o ‘Neri das vacas’ como muitos da região o conhecem. Meu pai trabalha desde muito novo, com muitos sonhos na cabeça e no coração, com ousadia e - ao mesmo tempo – com muita cautela. Ele foi o primeiro da nossa redondeza a confinar as vacas e temos um free stall desde meados dos anos 2000. Nós não temos um grande número de vacas em lactação (são 60), mas posso afirmar que tudo o que está ao nosso alcance, oferecemos a elas. Meu pai me ensinou uma coisa muito importante que levo para mim e uso em tudo que faço: fazer o melhor com o que tenho e nas condições que tenho. Nós não temos tudo de mais moderno, mas o que temos sempre é muito bem cuidado e suado. Meu pai me preparou para essa vida me mostrando como se trabalha e me dando a vez para praticar, por isso hoje estou à frente de muitas funções de nossa propriedade. Como todo produtor de leite, digo e repito: o Neri sempre foi um pouco mecânico, soldador, veterinário, eletricista, encanador, pensador e sonhador. Começou a produzir leite tirando-o manualmente até comprar sua primeira ordenha, foi evoluindo até sua primeira estrebaria em linha e chegou na sala de ordenha espinha de peixe com seis conjuntos. Produziu silagem com vizinhos, esvaziou carretão a garfo e hoje, em dia de silagem, ele se diverte na cabine do trator ouvindo músicas e cortando o milho para encher os basculantes. Já viajou o mundo, conheceu propriedades de leite nos Estados Unidos e tudo o que pudemos otimizar na nossa propriedade fizemos até aqui, mas as mudanças e planos nunca param. Posso dizer que meu pai só viajou e conheceu muitos lugares do mundo por meio de seu trabalho, com recursos poupados ao longo de toda sua vida e com o dinheiro do leite. Conheceu a Europa em mais de uma viagem e graças ao seu esforço, teve recompensas. Quer saber como é meu pai? Imagine uma criança em um corpo de 'cinquentão'. Alegre, simples e brincalhão. Em alguns dias, ele está emburrado e preocupado, mas isso passa bem rápido. Ele é faceiro e otimista por natureza, além de ser um cara simples e apaixonado pela agricultura”.

Não deu tempo de enviar o depoimento para o seu pai? Não tem problema! Conte a sua história no box abaixo!  wink

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JOSÉ GERALDO ALVES

CURITIBA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/08/2018

Belíssimo texto em homenagem ao produtor de leite. Não bastasse as dificuldades de mercado, clima a atividade depende de insumos sobre os quais não tem controle. Parabéns aos abnegados produtores de leite do Brasil.

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