Os supermercados e hipermercados esperam uma Páscoa com vendas em linha com o observado no ano passado. A recuperação econômica ainda tímida não anima os empresários do setor, conforme mostra pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo o levantamento, 60,5% dos lojistas do país acreditam na estabilidade nas vendas em relação a 2018, enquanto 22,2% estão otimistas e estimam elevação da receita e 17,3% apostam em queda no faturamento.
Em sintonia com essas expectativas, os varejistas têm preferido ser mais cautelosos nos pedidos para período. Ao serem questionados sobre perfil das encomendas para a Páscoa, os acréscimos mais expressivos em relação a 2018 foram observados em produtos com menor valor agregado. Houve alta nas encomendas de bombons (3,9%), caixas de chocolate (3,7%) e barras (3,4%), em relação à Páscoa do ano passado. Em contrapartida, a categoria ovos de Páscoa teve projeção de queda média de 0,6% nos pedidos este ano - a redução chega a 1,8% nos ovos acima de 500 gramas.
Para o ano todo, a projeção da Abras é de um crescimento de 3% nas vendas do setor. A associação também divulgou ontem dados sobre o desempenho de 2018, quando seus associados faturaram R$ 355,7 bilhões, uma alta real de 0,7% ante 2017. A pesquisa, feita pela Nielsen, não considera o atacarejo. Se considerada esta categoria, que mescla varejo e atacado, o avanço em 2018 foi de 2,07%, segundo a Abras.
"Estávamos em lua de mel com a chegada do novo governo, mas já estamos no dia a dia do casamento, com desacelerações nos últimos meses. Ainda assim, mantemos a previsão de crescimento em 3% pela indicação de que a reforma da Previdência será aprovada ainda no primeiro semestre", disse João Sanzovo Neto, presidente da Abras. "Com a reforma, os investimentos virão com mais força na segunda metade do ano, gerando emprego e renda para o consumidor, que voltará a comprar mais, buscando os produtos 'prime' e as lojas de vizinhança".
Segundo a Nielsen, a alta de 0,7% no faturamento em 2018 está "abaixo das expectativas de recuperação previstas". Além do desemprego e da contração do poder aquisitivo, o presidente da Abras também atribui o desempenho à greve dos caminhoneiros em maio do ano passado. "Certos produtos que não foram vendidos não são procurados depois. É o caso dos hortifrutigranjeiros e perecíveis em geral. Foram vendas que se perderam totalmente", diz Sanzovo.
Segundo a Abras, o varejo alimentar fechou 2018 com 89,6 mil lojas no país, ante 89,3 mil em 2017. Com isso, foram criados 30,7 mil postos de trabalho no ano passado. A entidade informou, ainda, que o Grupo Carrefour Brasil teve o maior faturamento do setor em 2018, com R$ 56,3 bilhões, seguido pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA), que faturou R$ 53,6 bilhões - considerando as lojas de venda de alimentos.
Em terceiro lugar vem o Walmart, que não revelou o faturamento de 2018. A Abras optou por colocar a rede na terceira posição com base no faturamento de R$ 28,1 bilhões em 2017, receita muito superior à informada, em 2018, por Ceconsud Brasil (R$ 8,5 bilhões), Irmãos Mufato (R$ 6,9 bilhões) e SBD Comércio de Alimentos (R$ 6,2 bilhões), que completam o ranking. Em 2018, o Walmart vendeu 80% das operações no Brasil para a gestora Advent.
As informações são do jornal Valor Econômico.