Basicamente no sistema neozelandês de produção leiteira os animais se alimentam de pastagem e permanecem nos piquetes durante todos os dias do ano. A variável clima se torna extramente importante, definindo o nível de produção e a saúde dos cascos dos animais.
O médico veterinário @ristowgui e colunista do MilkPoint trabalha em uma fazenda na Nova Zelândia que possui 250 hectares de pastagens, sendo essa área dividida em 5 blocos. "Alguns piquetes demandam dos animais uma hora de caminhada para chegar ate o galpão de ordenha, ou seja, se o manejo de ordenha for de duas vezes ao dia, as vacas chegam a caminhar até quatro horas diariamente, exigindo - e muito - dos membros locomotores", contou ele, por meio do Instagram do MilkPoint.
Segundo Guilherme, nos meses de dezembro e janeiro o Estado de Canterbury, onde a fazenda se situa, passou por dias de extrema chuva e umidade, todas as pistas e piquetes da fazenda ficaram molhados, a grama não crescia por excesso de chuva, os animais estavam estressados por terem que andar longas horas para serem ordenhados, resumindo, 40% dos animais desenvolveram problemas de cascos (a maioria dos problemas foram úlceras, hemorragias e doença da linha branca).
"Antes do problema se instalar, quando o manejo 'rodava perfeito', os 800 animais da fazenda estavam divididos em dois rebanhos, 400 cada, separados de acordo com o escore de condição corporal, fato que contribuía para que buscássemos a adequação do nível de produção e o ganho de peso. Após identificarmos que estávamos lidando com um sério problema, no caso, as doenças dos cascos, tivemos que tomar diversas medidas que colocassem a saúde dos animais em primeiro lugar".
Então, a primeira medida tomada foi a divisão do rebanho de acordo com a condição de caminhada: 300 vacas que mancavam foram imediatamente colocadas para serem ordenhadas apenas uma vez ao dia e a equipe da fazenda passou a selecionar apenas piquetes próximos do galpão de ordenha para os animais se alimentarem, evitando as longas caminhadas. Outra medida tomada foi o casqueamento imediato de todos os animais que apresentassem o primeiro sinal de dificuldade de locomoção, procurando tratar o problema antes de se tornar crônico.
A técnica de casqueamento utilizada foi a holandesa, que preza pelo balanceamento individual de cada casco, na parte interna e externa, procurando posteriormente pelo problema específico que está causando a manqueira.
"Por se tratar de um grande número de animais, o tronco hidráulico é geralmente usado pelos prestadores de serviço por aqui para facilitar o manejo, dando mais conforto ao animais e garantindo a segurança do casqueador. Esse exemplo ilustra que não apenas animais confinados estão sujeitos a desenvolverem problemas de casco, mas sim, o sistema leiteiro em geral, devendo o produtor estar preparado para identificar e tratar os animais mancos, buscar a raiz do problema e eliminá-la o mais rápido possível, garantindo assim o bem-estar dos animais e o sucesso da produção leiteira".
Confira o vídeo abaixo do casqueamento sendo realizado na fazenda onde Guilherme atua, em Canterbury, NZ:
E você? Vem trabalhando com alguma ação na fazenda na qual os resultados estão impactando na produção de leite? Se sim, compartilhe conosco por meio do e-mail contato@milkpoint.com.br ou envie suas fotos e vídeos pelo Direct do Instagram. A nossa equipe agradece desde já essa importante troca!
Vale a pena escutar > [PointCast #13], Guilherme Ristow: a produção de leite na NZ de 'fio a pavio'