O Grupo Pão de Açúcar (GPA) vai se desfazer da Via Varejo, formada pelas redes Casas Bahia e Ponto Frio, em 2019. Na sexta-feira a empresa informou que se não achar comprador, venderá sua posição na empresa no mercado até o fim do próximo ano. Além disso, anunciou a quarta mudança na presidência da Via Varejo em cinco anos e meio.
Peter Estermann, atual CEO do GPA, também será CEO da Via Varejo. Sai Flavio Dias, há dez meses no cargo. E entra Estermann, que comandou a Via Varejo até março. Estermann vai liderar um negócio de mais de R$ 70 bilhões em vendas e quase 2 mil lojas.
O GPA procura comprador para a Via Varejo há dois anos. Além da busca de um investidor estratégico pelas 43,3% de ações da varejista, o outro caminho é se desfazer dos papéis em operações no mercado no ano que vem. O processo de saída começa nesta quinta-feira, quando serão vendidas em bolsa 50 milhões de ações da Via Varejo, equivalentes a 3,86% do capital. A informação consta em ata de assembleia do conselho de administração realizada na sexta-feira e publicada à noite. Por meses, quando questionada sobre a hipótese de venda dos papéis ao mercado, a empresa negou uma operação por meio de uma nova emissão de ações ("follow on"). Também negava um "block trade", ou venda de grande bloco de ações de forma privada, em leilão na B3.
Jean Charles Naouri, presidente do Casino, controlador do GPA, disse há dois meses, em entrevista à imprensa francesa que a Via Varejo tinha investidores interessados. Os recursos com a venda poderiam ajudar o Casino a reduzir o endividamento. O GPA teria que convencer auditores do grupo, no começo do ano que vem, de que há "os maiores esforços" para a venda da rede para conseguir manter a operação da Via Varejo como negócio em descontinuidade no balanço do GPA. Sobre a operação em bolsa desta quinta-feira, um contrato será firmado "com instituição financeira de primeira linha, tendo como objeto a contratação de uma operação de Total Return Swap (TRS), autorizando, desde já, a alienação de 50.000.000 de ações ordinárias detidas pela Companhia da Via Varejo, correspondentes à 3,86%." O TRS é um contrato de swap e, na operação de recompra, o banco que fecha a transação se compromete a passar à empresa o fluxo financeiro gerado com a oscilação das ações em troca de uma taxa de juros.
No mesmo dia em que anunciou que pode vender as ações da Via Varejo no mercado, a varejista de eletrônicos informou que mudou, novamente, o seu comando. Estermann, atual CEO do GPA, maior acionista da rede, também será CEO da Via Varejo. E deverá permanecer membro do conselho de administração da Via Varejo. Estermann representa a quinta troca de CEO na Via Varejo desde meados de 2013. Desde então, já comandaram a Via Varejo Francisco Valim, Líbano Barroso, Estermann, Flavio Dias e, novamente, Estermann.
A Via Varejo passou por momento difíceis. Em 2014, o Casino definiu que a operação digital da Via Varejo, batizada de Cnova, seria um negócio separado. Dois anos depois, em 2016, mudou os planos e decidiu unir todos os negócios. Trimestralmente, os resultados pioraram na Via Varejo em 2016, voltaram a melhorar em 2017 (com Estermann na empresa), mas em parte de 2018 tiveram nova piora. A Via Varejo informou que mudou o comando para concluir um "turnaround" - uma transformação relevante. A companhia "está em acelerado processo de finalização das medidas que permitiram a integração de todas as operações comerciais off-line e on-line".
As informações são do jornal Valor Econômico.