GDT pressionado com oferta da NZ em crescimento e exportações mais fracas

O leilão GDT realizado na última terça-feira (21.08.18) trouxe resultados negativos ao mercado internacional de lácteos. Neste leilão, a queda de 2,9% em relação ao leilão anterior trouxe o preço médio a US$ 3.044/tonelada, enquanto o índice de preços (considerando a participação de cada produto na “cesta”, e sua respectiva variação no preço médio final) caiu 3,6%. Observe no gráfico 1 a evolução do preço médio, bem como do índice de preços.

Gráfico 1. Preços médios e variação no índice de preços em relação ao leilão anterior. Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados da Global Dairy Trade. 

Neste leilão, foram negociadas 32.041 toneladas de lácteos, em torno de 2 mil a menos do que no leilão anterior, e volume praticamente estável em relação ao leilão na mesma época do ano passado. A perspectiva de entrada da safra na Nova Zelândia (até agora não entrou) já começa a influenciar o mercado (o volume acumulado negociado em agosto é 27,2% maior do que o foi negociado em julho).

A entrada da safra na Nova Zelândia foi um dos principais responsáveis pelo direcionamento de preços deste leilão. Em julho, os 254,4 milhões de litros produzidos representam aumento 5,6% em relação a julho de 2017 (em junho/2018, a produção já havia sido 11% maior na comparação anual). Mesmo ainda sendo início de safra, esses são indicativos interessantes de qual pode ser o movimento da produção.

Enquanto a oferta sobe, a demanda preocupa. As exportações da Nova Zelândia vêm desacelerando, e nos dois últimos meses fecharam em níveis bem abaixo na comparação anual. Considerando que o país exporta praticamente toda sua produção, há de se considerar que os níveis de estoque neozelandeses começam a subir, trazendo pressão ao mercado. No gráfico 2 é possível observar os movimentos de produção e exportação no país.

Gráfico 2. Variação da produção e das exportações em relação ao mesmo mês do ano anterior (em equivalente leite).  Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados da USDEC e DCANZ. *Dados de julho/2018 ainda indisponíveis. 

Dessa forma, com exceção da caseína, todos os produtos negociados neste leilão apresentaram queda de preços.

• Leites em pó: com queda de 1,1% o desnatado fechou em US$ 1.951/tonelada, enquanto o integral ficou em US$ 2.883/tonelada com queda de 2,5%. Seus índices de preços caíram 1,3% e 2,1% respectivamente;
• Gorduras: o AMF fechou em US$ 5.321/tonelada com queda de 6,8% no preço médio e de 6,9% no índice de preços. Já na manteiga a queda foi ainda mais brusca, fechando em US$ 4.392/tonelada, -8,5% no preço médio e também no índice de preços;
• Queijos: preço médio fechou em US$ 3.484/tonelada. Enquanto o índice de preços caiu 4,7%, a variação do preço médio foi de 4,9%.

Mesmo com esse cenário de quedas, a Bolsa de Futuros da Nova Zelândia ainda mostra que pode haver espaços para valorizações. Conforme aponta o gráfico 3, em todos os contratos negociados para 2018 os preços estão mais fortalecidos do que no GDT, podendo indicar uma melhora nos preços em um futuro próximo.

Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral – GDT vs. NZX.