O fundo hedge ativista Third Point, de Daniel Loeb, mantém a pressão sobre a Nestlé, após seu CEO, Mark Schneider, completar seu primeiro ano na empresa. O fundo defende novas mudanças, entre as quais vender mais negócios, definir melhor a estratégia da empresa e recomprar mais ações.
O maior grupo de alimentos do mundo
deveria agir "com maior urgência" para vender "divisões inadequadas", focando, ao mesmo tempo, em categorias em crescimento como café, produtos para animais de estimação, água e nutrição, diz o Third Point, em carta encaminhada a investidores.
"Embora reconheçamos que a Nestlé tem determinadas limitações culturais e estruturais peculiares, esperamos, agora que o Dr. Schneider completou seu primeiro ano e que há sangue novo no conselho de administração, que a empresa consiga agir com maior agilidade", disse o ativista.
O fundo, que diz continuar a apoiar Schneider, também exortou a empresa a alinhar melhor sua oferta de produtos com seu lema "nutrição, saúde e bem-estar", abandonando produtos como pizza congelada e sorvete.
O Third Point revelou em junho ter investido US$ 3,5 bilhões para ter 1,25% do capital da empresa suíça, e defendeu que a Nestlé, fabricante do chocolate KitKat e do café Nespresso, se desvencilhe de seus "velhos hábitos". Esta é a maior posição ativista já assumida pelo fundo de Loeb.
Desde que recebeu a participação, a Nestlé fixou, pela primeira vez, a meta de aumentar as margens de lucro, e disse que vai acelerar o programa de recompra de ações de US$ 20,8 bilhões. A empresa visa obter margens de lucro operacional de vendas entre 17,5% e 18,5% até 2020, em relação aos 16%, em 2016.
A Nestlé disse que o conselho de administração e a direção da empresa "recebem com prazer a contribuição regular de todos os acionistas". Acrescentou: "Mantemos diálogo aberto com todos os nossos acionistas e continuamos comprometidos com a execução de nossa estratégia acelerada de criação de valor".
O Third Point também conclamou a Nestlé a reavaliar sua participação de 23% no grupo francês de cosméticos L'Oréal.
"Hoje, está simplesmente obscuro por que deter uma participação minoritária em uma empresa de beleza torna a Nestlé uma empresa mais forte em 'nutrição, saúde e bem-estar", disse a Third Point. "Continuamos a considerar que esse investimento financeiro deveria ser monetizado e que há usos melhores para esse capital."
Schneider disse em 2017 que a empresa não tinha planos imediatos de aumentar ou vender sua fatia de 23% na L'Oréal e que "nossa atitude atualmente não mudou".
A Nestlé disse na semana passada que nomeará três novos diretores independentes. Dois comandam empresas de produtos de consumo - Pablo Isla, CEO da Inditex, dona da Zara; e Kasper Rorsted, CEO da Adidas. O terceiro, Kimberly Ross, é ex-diretor financeiro da Avon. Os três serão alvo de eleição na assembleia anual de acionistas da Nestlé marcada para abril, quando três diretores atuais deverão deixar seus cargos.
O Third Point informou que em 2017 seu principal fundo teve uma valorização de 18,1%, com as ações respondendo por 93% de seu retorno total.
As informações são do Valor Econômico.