Investimentos com resultado no leite por meio da visão de alguém que veio de fora do setor. Ficou curioso? Essa é a história de Edson Tadano Jr., produtor de leite em São Carlos/SP desde 2012, sendo proprietário de duas unidades de produção, e de um projeto de leite convencional em Casa Branca/SP. Ele é médico veterinário e possui curso pelo MDA da Clínica do Leite. Trabalhou com gado de corte no Mato Grosso entre 2002 e 2012 e possui vasta experiência no mercado financeiro. Confira abaixo a entrevista completa feita com Edson, que será um dos palestrantes do Interleite Brasil 2019, evento que ocorrerá nos dias 07 e 08 de agosto em Uberlândia/MG.
Edson passou 12 anos no Mato Grosso e por conta de questões pessoais, em 2012 vendeu a propriedade e veio para o Estado de São Paulo. “Fiquei um tempo ocioso e comecei a procurar alguma atividade. Como as terras paulistas são pequenas e escassas, optamos pelo leite por demandar menos área que o corte, trabalhando mais intensivamente. Desde o início fornecemos leite para a Nestlé, que nos convidou inclusive para converter a nossa produção em orgânica. Assim, em fevereiro de 2018 fiz a conversão da propriedade, ação que finalizou em fevereiro de 2019. Inclusive, em 1º de setembro deste ano, recebo o certificado de produtor de leite orgânico. Hoje cada vaca orgânica produz em média de 25 a 26 litros por dia, disse.
Produção de leite orgânico de Edson Tadano - os animais recebem a suplementação alimentar no estábulo e passam o resto do dia soltos nos piquetes, demanda inclusive da produção orgânica
Tadano destaca que todas as suas áreas são arrendadas e ele não tem nenhuma terra própria. “Sempre tratei a atividade como um empreendimento financeiro e rentável. Arrendamos porque encontramos nessa experiência o melhor retorno sobre o capital investido. Assim, fomos expandindo e precisamos mudar de propriedade, já que a primeira área possuía apenas 6 hectares, agora, nossa área é de 18 alqueires. Praticamente todos os alimentos do rebanho são comprados de fora e usufruímos de várias tecnologias. Eu particularmente sempre me dediquei a gestão, e deixei a parte técnica para quem entende do assunto, no nosso caso a Equipe da Foco Agronegócios”, explicou.
Animais de alimentando na produção orgânica em São Carlos/SP
Alçando novos voos
Com o crescimento do negócio, no final de 2018, o irmão de Edson (que trabalha no mercado financeiro) notou o aumento da rentabilidade e questionou se era possível crescer. “Expliquei a ele os detalhes e frisei que o mais importante no leite é ter escala. Foi combinado então que eu iria desenhar um projeto com bom custo-benefício para ser analisado e que gerasse um interesse para investimentos. Ele foi apresentado em outubro, aprovado e a partir daí, surgiu o projeto de Casa Branca/SP. Eu já estava procurando área para expansão e andei em várias regiões tradicionais no leite, inclusive no Paraná, mas acabei optando por Casa Branca”.
Projeto de Casa Branca sendo estruturado - a previsão é produzir 100 mil litros de leite por dia em 2020
As construções iniciaram em janeiro deste ano e no total, são 4 investidores e o pessoal da Foco Agronegócios, empresa localizada em Tambaú/SP, que desde 2015 presta assistência técnica a Edson, foi convidado para ser sócio também. A previsão é que a ordenha seja iniciada no mês que vem ou julho.
“Em São Carlos são duas unidades de produção, uma prestes a chegar a 10 mil litros/dia e a outra, a 3.500 litros/dia. Eles recebem a suplementação alimentar no estábulo e passam o resto do dia soltos nos piquetes, demanda inclusive da produção orgânica. Já em Casa Branca, que é um esquema convencional, optamos por um sistema de free stall e cross ventilation. Para o projeto ser abastecido, há propriedades no entorno da cidade que já estão com o rebanho jovem em formação, sendo inseminadas e recebendo embriões para atender a demanda do projeto. A ideia é chegarmos este ano a uma produção de leite de 45 mil litros/dia e até o final de 2020, na faixa de 100 mil litros/dia, com 2500 vacas em lactação”.
Confira o vídeo do projeto sendo construído em Casa Branca:
Para ele, uma das dificuldades dos orgânicos é que não existem muitos estudos para ajudar na rotina e muitas ações são implementadas na base de tentativa e erro. No esquema convencional, a quantidade de informações minimiza os erros que vão sendo expostos ao longo do caminho. “Modelos que optam por free stall, cross, gado Holandês, silagem de milho e ordenha rotatória, são difíceis de dar errado, pois muitas pesquisas já foram concluídas. Confesso que na conversão dos orgânicos, apanhamos um pouco já que precisamos desenvolver técnicas para substituir o uso de aditivos, antibióticos e protocolos hormonais, entre outros, uma vez que são proibidos no sistema de produção orgânico. Sempre estamos buscando ferramentas para minimizar os impactos, pois é uma mudança de filosofia, mais do que uma mudança de rotina”.
Rentabilidade
Edson disse no bate-papo com a Equipe MilkPoint que se não estivessem tendo rentabilidade, não estariam construindo um projeto com dimensões tão grandes, afinal, os números consolidados de 2018 mostraram 31,2% de retorno sobre o capital investido e 33,3% de aumento de patrimônio. Segundo ele, quem entra em um negócio pensando em planejamento e gestão, planeja e executa, que é o perfil deles. Mas, há aquelas que erroneamente executam e depois ficam tentando corrigir os erros.
“O meu maior desafio é sempre lembrar que gerencio dois projetos que são bastante distintos. Por exemplo, os acasalamentos nos orgânicos priorizam a saúde dos animais, enquanto no convencional, a preocupação com produção merece destaque.
As operações são distintas, cada um com a sua especificidade, e assim, precisamos nos moldar a elas. Quero me tornar especialista na gestão do core business, deixando as atividades acessórias, a cargo de técnicos e parceiros”, finalizou.
Há 25 anos crescendo junto com o setor leiteiro, o Interleite Brasil é o evento que reúne toda a cadeia produtiva para falar de mercado, gestão, inovação e futuro. Neste ano, novamente em Uberlândia/MG, nosso compromisso é fazer um evento imperdível, daqueles que você não se arrepende jamais de ter participado! Neste ano, o Interleite Brasil contará com várias inovações. Uma delas é um painel de debate junto aos laticínios focado no relacionamento com o produtor e a coordenação da cadeia láctea. Algo totalmente novo e que também pretende movimentar o público e agregar no setor são os casos de sucesso oriundos de outros países. Resumindo? Você não pode perder! Confira a programação completa e até agosto! Nos vemos em Uberlândia/MG!
REALIZAÇÃO
PATROCINADOR MASTER
PATROCINADOR OURO
PATROCINADOR PRATA
PATROCINADOR BRONZE