Quando se despedir do comando da centenária Vigor Alimentos, em dezembro, o executivo Gilberto Xandó entregará para o sucessor Luis Gennari uma companhia mais lucrativa do que aquela que recebeu há oito anos.
Desde 2011, a receita líquida da Vigor triplicou, atingindo R$ 2,7 bilhões no ano passado. Nesse mesmo período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) quadruplicou, chegando a R$ 191 milhões.
Em 2011, quando Xandó foi contratado, a Vigor estava escondida no emaranhado de negócios da JBS. Era uma operação menor, herdada da Bertin, empresa que o grupo dos Batista adquiriu em 2009.
Sob Xandó, a Vigor se tornou um negócio independente da JBS já em 2012, quando a empresa de lácteos foi desmembrada, sendo listada no Novo Mercado da B3. Na bolsa, porém, a companhia nunca deslanchou, o que levou a J&F Investimentos, holding da família Batista, a fechar o capital da Vigor, em 2016.
Durante a gestão de Xandó, a Vigor intensificou os investimentos em marketing, desafiando marcas tradicionais no mercado de iogurtes como Danone e Nestlé. No ano passado, a Vigor foi a marca mais lembrada pelos consumidores nas categorias requeijão e iogurte grego, de acordo com pesquisa do Datafolha.
Estrategicamente, a principal tacada da gestão de Xandó foi a compra de 50% da mineira Itambé, em 2013, por R$ 410 milhões. Mas a mexicana Lala, atual controladora da Vigor, não recebeu esse legado.
Em 2017, os planos dos mexicanos de adquirir a Vigor e também a Itambé, por R$ 5,7 bilhões, foram frustrados. Na ocasião, a Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Ltda (CCPR) exerceu o direito de preferência e recomprou os 50% da Itambé, repassando a empresa no dia seguinte à francesa Lactalis. A reviravolta provocou uma disputa na Justiça entre mexicanos e franceses que só foi resolvida este ano.
As informações são do jornal Valor Econômico.