Embora tenha negado essa possibilidade várias vezes anos atrás, agora, a empresa neozelandesa Fonterra tomou uma decisão: colocará à venda suas duas empresas no Chile, Soprole e Prolesur.
O maior exportador de lácteos do mundo anunciou que buscará um novo dono para essas empresas, depois de mais de 30 anos vinculado a elas.
Como parte da entrega de resultados, a cooperativa relatou sua decisão de "refinar nosso portfólio de ativos" para se concentrar na Nova Zelândia. Segundo fontes familiarizadas com este processo, a decisão da Fonterra é recente e responde principalmente às diferenças de negócio que têm com a Soprole, que também se dedica à produção e comercialização de iogurtes, sobremesas, manteigas e probióticos.
Embora ainda não tenha sido designado um banco de investimento para essa operação, tudo indica que um potencial comprador pode ser um fundo nacional ou estrangeiro. Isso, considerando a baixa probabilidade de uma operadora local disputar as regras da livre concorrência.
A Soprole disse sobre esta operação que a Fonterra indicou que “o processo de exploração das partes interessadas pode demorar até dois anos”.
Chaves para a decisão
Em seu comunicado, a Fonterra disse acreditar que tem a oportunidade de diferenciar ainda mais o leite da Nova Zelândia no cenário mundial com o objetivo de obter mais valor. Por este motivo, indicou que decidiu rever a propriedade de seus outros dois grupos produtores de leite, ambos na Austrália e no Chile.
"A Soprole é uma marca líder de lácteos no Chile e a Prolesur é uma subsidiária da Soprole focada na obtenção de leite e fabricação de produtos no sul do Chile. As operações não requerem leite de origem neozelandesa ou expertise e, neste contexto, estamos iniciando o processo de alienação de nosso investimento integrado no Chile", anunciou o CEO da Fonterra, Miles Hurrell. Com isso, e apesar das versões da própria multinacional há alguns anos em que descartava a venda da Soprole devido à sua situação financeira, agora a Fonterra oficializou sua saída do mercado chileno.
Hugo Covarrubias, Presidente do Conselho de Administração da Soprole Inversiones, destacou que a partir deste anúncio, “sabemos que no futuro um novo acionista poderá entrar, porém, a Soprole continuará fortalecendo sua liderança no Chile, por isso a empresa continuará com sua atividades estratégicas, organizacionais e operacionais de forma a manter a posição que detém no mercado ”.
A Soprole também garantiu que, por se tratar de uma operação de nível acionário, a decisão da Fonterra não terá efeito sobre as atividades que desenvolve com base em seu plano estratégico de três anos.
No caso da Austrália, a Fonterra disse que o país "continua sendo um importante mercado de exportação para o nosso leite da Nova Zelândia, especialmente para produtos alimentícios e ingredientes avançados." Assim, estão considerando a estrutura acionária mais adequada para esse negócio, sendo uma opção uma oferta inicial de ações com a intenção de manter uma participação significativa.
"Vemos esses dois movimentos como críticos para permitir um foco maior em nosso leite da Nova Zelândia e, mais importante, nos permitir liberar capital, grande parte do qual está destinado a ser devolvido aos acionistas", disse Hurrell.
Os números do negócio
Em 1988, o New Zealand Dairy Board, uma das empresas predecessoras da Fonterra, adquiriu o controle da Soprole ao adquirir 52% de sua participação acionária, sendo este o primeiro investimento da empresa neozelandesa na América Latina.
A Soprole Inversiones S.A. é a controladora da Soprole e da Prolesur que reúne as propriedades das duas subsidiárias, que também produzem leite, iogurte, sobremesas e queijos frescos, entre outros produtos. No total, a empresa opera quatro fábricas localizadas em San Bernardo, Los Angeles, Los Lagos e Osorno.
Durante os últimos 20 anos, a fábrica de San Bernardo teve várias expansões à medida que novas linhas de negócios foram sendo adicionadas.
As receitas da Soprole durante o primeiro semestre de 2021 foram de 275,501 bilhões de pesos (US$ 349,89 milhões), o que representa um aumento de 17,7% em relação ao mesmo período de 2020, que foi de 234,049 bilhões de pesos (US$ 297,24 milhões). Da mesma forma, os ganhos em junho totalizaram 13,820 bilhões de pesos (US$ 17,55 milhões), comparados aos 9,610 bilhões de pesos (US$ 12,20 milhões) do mesmo período anterior.
As informações são do Diário Financiero, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.