Embora com menor ritmo de crescimento nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite cru na Argentina aumentou 1,1% em relação aos 12 meses anteriores.
Os produtores de leite da província de Entre Ríos lideram o crescimento percentual, com uma melhora de 39%, seguidos por Córdoba, onde a produção cresceu 1,1%, e Santa Fé, onde o volume produzido melhorou pouco 0,5%. Na direção oposta, as produções caíram em Buenos Aires, com queda no período janeiro-fevereiro de 1,4%; em La Pampa, onde a queda foi de 2,2%, e Santiago del Estero, com queda de 2,3% ano-a-ano.
Além dessa desaceleração da produção, o dado de destaque –segundo relatório elaborado pelo economista , Nicolás Torre– é que os custos de produção foram maiores do que o preço recebido pelos produtores. “A alta dos preços nominais e reais ao produtor de leite durante os dois primeiros meses de 2022 superou a taxa de variação do índice de preços ao consumidor (IPC), mas não é suficiente para recompor a equação econômica da fazenda leiteira”, disse o relatório.
Segundo o estudo, em fevereiro de 22 o produtor de leite recebeu 37,69 pesos (US$ 0,34) por litro (média do país), o que lhe permitiu melhorar 2,7% em termos reais em relação ao mesmo mês de 2021. No entanto, os principais insumos da atividade tornaram-se mais caros a uma taxa mais elevada, de modo que o poder de compra do leite cru está diminuindo.
Por que a taxa de crescimento da produção de leite diminui?
Ao identificar as causas da desaceleração da produção de leite no início do ano na Argentina, Torre sustenta que se trata de uma atividade condicionada principalmente: pelo clima (determina a quantidade e qualidade da forragem disponível no futuro), e a equação econômica do campo.
Evolução da produção e custos nos dois primeiros meses do ano
“No que diz respeito ao clima, o ciclo 2021/22 foi um pouco menos favorável em algumas regiões do que o anterior, como consequência do ciclo climático global conhecido como fenômeno “El Niño” e “La Niña”). A maior prevalência de um evento 'quase-Niña' durante o último verão local gerou menos chuva do que o habitual, afetando a quantidade e qualidade da forragem diferida que estará disponível nos próximos 12 meses”, observa o relatório do economista.
Custos batem preços na equação econômica
No que diz respeito à equação econômica da exploração leiteira, o preço do leite cru mostra alguma recuperação durante o início de 2022, após um declínio sustentado (em termos reais) entre junho e dezembro de 2021, especifica o estudo.
Em fevereiro de 2022, o produtor de leite cobrou 37,69 (US$ 0,34) (média do país), o que lhe permitiu cobrar 2,7% a mais em termos reais do que no mesmo mês de 2021.
Os preços praticados em cada província diferem, devido a fatores como distância dos grandes centros de consumo (e pontos de exportação), tipos de produtos lácteos feitos com leite em cada província, entre outros fatores.
Em que província os produtores recebem os melhores preços
Entre os grandes produtores, em fevereiro a província de Buenos Aires apresenta o melhor preço por litro: 38,43 pesos (US$ 0,35) por litro, o que representou uma melhora de 4,8% em termos reais; em comparação com Santa Fe, onde o produtor cobrou 38,04 pesos (US$ (0,34 (1,5% a mais em relação ao ano anterior) e Córdoba, com 37,03 pesos (US$ 0,33) por litro, o que representa 2,5% a mais.
Enquanto isso, o produtor de Entre Ríos recebeu 36,99 pesos (US$ 0,33); em La Pampa, 36,12 pesos (US$ 0,33), e em Santiago del Estero, 35,23 pesos (US$ 0,32) por litro.
Quais insumos mais aumentaram
De acordo com os números divulgados por Torre, a equação da pecuária leiteira é muito agravada pela alta do milho e da soja nos últimos três meses.
Evolução da produção e custos nos dois primeiros meses do ano
“Embora os preços internacionais dos lácteos tenham melhorado, a transferência para os preços domésticos é lenta e gradual. Supondo que a indústria melhore o preço do leite para os produtores em até 40 pesos (US$ 0,36) por litro no pagamento de março (valor muito exigente para a atual equação de exportação do exportador de leite em pó), a relação leite/milho será de 1,20 litros por cada quilo de cereal, um dos mais baixos dos últimos 6 anos”, informa o relatório.
Já a relação leite/soja seria de 0,85, também uma das mais desfavoráveis dos últimos tempos.
“Em resumo, o crescimento da produção de leite só continuará sendo positivo se o preço recebido pelos produtores de leite recuperar espaço em relação aos principais insumos da atividade. A velocidade com que o fizer determinará se poderá ser sustentada, ou estaremos perante o início de uma fase de contração da produção primária”, alerta o estudo.
As informações são do La Voz, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.